João Guilherme Vargas Netto*
Escrevo na véspera do dia 28 de abril, mas é como se escrevesse depois de amanhã.
No fim da jornada do 28, milhões de brasileiros poderão dizer, como o poeta Manuel Bandeira:
“O meu dia foi bom, pode a noite descer.
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar."
É o dia da vitória do esforço unitário e da mobilização sobre o desmanche social e o retrocesso.
As coisas ficam mais simples quando uma palavra de ordem as sintetiza: nenhum direito a menos! Foi o que se ouviu na voz sonora das ruas e no silêncio das fábricas.
Haverá uma forte combinação de greves e manifestações demonstrando ao Brasil – um Brasil que se encontrava bestializado – a necessidade da resistência e de outro rumo.
Com a persistência unitária das centrais sindicais e das confederações, federações e sindicatos dos trabalhadores, o Brasil que não está satisfeito se manifestou contra as “deformas”, abrangendo todos os setores sociais, religiosos, jurídicos e da intelectualidade defensores da justiça social.
Ainda não é hora de se pensar o dia seguinte porque ainda é hora de ampliar o protesto e garantir o êxito da jornada de lutas, verificando cada pormenor relevante para o sucesso.
Mas, com a vitória anunciada, nada continuará como antes, e novas perspectivas vão aparecer.
O que parecia sólido, determinado e agressivo será desmanchado no ar, e a sadia vigilância popular será exercida sobre os partidos, sobre os deputados e senadores, sobre os políticos e sobre os empresários interesseiros, hipócritas, corruptos e desmoralizados.
A jornada do dia 28 merece uma citação bíblica incontornável: Seja o seu sim, sim; seja o seu não, não. Todo o resto vem do maligno.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical