Na seção Plenária 4 do EcoSP, dedicada ao projeto Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento, o foco foi a regulamentação da mineração e o Sistema Aquífero da Grande Amazônia (Saga). A atividade ocorreu na manhã de sexta-feira (28/4), no auditório do SEESP.
Foto: Beatriz Arruda/SEESP
Na mesa, da esquerda para a direita: Ricardo Deguti, o diretor do SEESP Edilson Reis (que também integrou a mesa), Carlos Alberto Garcêz e Francisco de Assis Matos de Abreu.
Durante a abertura, o vice-presidente do SEESP, idealizador e coordenador do evento, Carlos Alberto Guimarães Garcez, lembrou e agradeceu a participação, em outras edições do EcoSP, do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), representado pelo engenheiro de mineração Ricardo Deguti de Barros Silva, que falou sobre a atividade no segmento, que requer experiência e especialização, do ponto de vista da engenharia, lembrando que é uma atividade necessária no cenário atual das grandes cidades já que gera riqueza.
Um dos pontos destacados em sua apresentação é o impacto ambiental gerado por sua atividade. “O acidente em Mariana quebrou-se um paradigma da atividade de mineração, uma vez que antes eram considerados os impactos locais e, agora, precisamos pensar esses impactos em nível regional”, observou.
Ao final, Deguti lembrou que áreas que serviram durante algum tempo para a extração estão sendo reaproveitadas como uma antiga pedreira em Curitiba que virou um parque. Alguns locais em São Paulo estão sendo estudados para a construção de escolas e áreas de lazer.
Amazônia e seu aquífero
O professor Francisco de Assis Matos de Abreu, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi o segundo palestrante do período da manhã. Ele expôs o estudo sobre o Saga, resultado de um trabalho interdisciplinar realizado por um grupo de pesquisadores da UFPA em conjunto com pesquisadores de outras instituições.
Ele lembrou que mais de 18,4% das águas do mundo estão localizadas na região amazônica e mais de 80% do volume contido no ciclo das águas da Amazônia está submerso, representando um montante de 162 mil quilômetros cúbicos de água o que equivale a mais de 150 quatrilhões de litros de água. Antes, o maior aquífero já descoberto era o Guarani, com 39 mil quilômetros cúbicos. “Esses 162 milhões de quilômetros cúbicos estão localizado em uma profundidade máxima de 350 a 400 metros, não mais do que isso”, detalhou.
Francisco de Assis de Abreu explicou que o sistema Aquífero da Grande Amazônia é um conjunto de camadas geológicas que vem se formando desde o período cretáceo superior, terciário, que tem uma quantidade expressiva subterrânea. Essas camadas vem desde os Andes até chegar na Foz do amazonas, na altura de Macapá e Belém, estando dividida em várias bacias, como a do Acre, do Solimões, do Amazonas.
Durante sua exposição, o pesquisador elencou o que chamou de os sete pecados capitais na Amazônia: fogo (queimadas e desmatamento), pastagem (expansão da agropecuária), garimpo, criação de estradas (oficiais e muitas clandestinas), burocracia, corrupção e saneamento básico.
"A Grande Belém possui 2,5 milhões de habitantes, mas somente 7% da cidade tem rede de esgoto. Ananindeu, localizada na Grande Belém, possui zero de esgotamento sanitário. Esse é um problema muito série que compromete as águas superficiais da Amazônia”, relatou Abreu.
Outra situação observada pelos pesquisadores é a quantidade de navios para o escoamento da safra de soja: “Eles [os navios] descarregam água de lastro e com ela chegam faunas exóticas. Tem um caramujo exótico que não tem nenhum tipo de predador e está se alastrando pela Amazônia, se tornando uma verdadeira praga”.
Ao final, os participantes puderam fazer perguntas aos palestrantes no microfone, promovendo um debate sobre problemas e soluções para questões locais na região Norte e em demais regiões do País.
Deborah Moreira
Comunicação SEESP