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17/07/2017

Opinião – A serviço da humanidade

Fátima Có*

Nossas profissões – a engenharia e a agronomia – estão presentes em praticamente todas as coisas e atividades do cotidiano. Da água que bebemos à lâmpada que acendemos, do carro que nos transporta à comida que chega à mesa, tudo tem, inerente, a técnica e o talento de agrônomos e engenheiros de todas as modalidades.

Muitas vezes, contudo, a importância do nosso trabalho não é percebida. Todos estão tão acostumados com as facilidades do dia a dia que deixam de reconhecer a ciência e o trabalho que há por trás delas. Nesse “alheamento”, perde o profissional da área tecnológica, que também deixa de ser reconhecido e, consequentemente, valorizado.

No Brasil não é raro a engenharia ser lembrada apenas na falta de alguma dessas facilidades, ou, pior, apenas em situações de acidentes e catástrofes – quando a ponte cai, a barragem rompe, o edifício desaba ou o frigorífico é interditado.

Dado esse contexto, se desejamos a tão procurada valorização profissional, é necessário que, ao invés de aguardarmos passivamente o momento dos próximos problemas e escândalos – e eles infelizmente ainda acontecem –, busquemos todos a ampla e contínua divulgação do valor e do orgulho que temos de nossas profissões.

Seja nos pequenos espaços de convivência ou por meio de grandes campanhas, precisamos nos posicionar e mostrar ao mundo o que fazemos e os bons resultados de nosso trabalho. Precisamos lembrar às pessoas que a engenharia é o oxigênio da inovação e está no centro do desenvolvimento de qualquer país.

A Lei 5.194/66, que regula o nosso exercício profissional, traz explícito logo no seu primeiríssimo artigo que as profissões dos engenheiros e agrônomos são caracterizadas pelas “realizações de interesse social e humano”. Isso pode parecer uma obviedade, mas é ponto importante a destacar. O que acontece é que, às vezes, foca-se demais na técnica e nas formalidades e esquece-se do mais importante: pensar nos impactos do nosso trabalho para a sociedade.

A técnica e o senso de servir às pessoas não podem andar dissociados. Por isso a importância de humanizar ao máximo nossas ações. Pensar não só na sustentabilidade econômica de nossos negócios, obras, produtos, serviços, mas, principalmente, nas sustentabilidades social e ambiental. Já dizia Gilberto Freyre que “sem um fim social, o saber será a maior das futilidades”. Quando nossas profissões são exercidas sob bases humanistas, pelo bem comum e o desenvolvimento sustentável, os resultados são muito mais relevantes e positivos para todos.

E é aliando essa consciência – interna – sobre nossa responsabilidade e missão no mundo com a divulgação – externa – da importância e imprescindibilidade de nosso trabalho que pavimentamos a estrada para o reconhecimento de nosso valor.

Fato é que a valorização de nossas profissões não veio e não virá por decreto. Quando a sociedade entender que estamos a serviço do seu bem-estar, não precisaremos “impor” nossa presença. Reconhecidos como necessários, seremos naturalmente “convidados” a participar e a ocupar o lugar que merecemos: no centro das decisões que dizem respeito ao desenvolvimento das nações e à melhoria da qualidade de vida no planeta.

 


Fátima Có é engenheira civil, ex-presidente do Crea-DF e diretora de Assuntos do Exercício Profissional da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE)

 

 

 

 

 

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