logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

×

Atenção

JUser: :_load: Não foi possível carregar usuário com ID: 69

09/08/2017

Não existe agronegócio sem logística

A última mesa do seminário “Inovação, segurança alimentar e logística” promovido pela FNE, na sede do Seesp, na capital paulista, no dia 4 de agosto, debateu os desafios da engenharia de alimentos e da logística do País, com os especialistas Luís Fernando Ceribelli Madi, diretor técnico de Departamento do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), e Thiago Guilherme Péra, coordenador do grupo de pesquisas e extensão agroindustrial de logística da escola superior de agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).


Foto: Beatriz Arruda
Da esq. para a dir.: Orlando Melode Castro,Luís Fernando Ceribelli Madi e Thiago Guilherme Péra.


O coordenador da mesa, Orlando Melode Castro, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) abriu as falas valorizando a importância do seminário. “É um tema que nos prepara para o futuro”, disse, e ressaltou que o crescimento do poder aquisitivo da população mundial traz desafios ao setor da alimentação. “Vamos produzir mais no mesmo ambiente, e como fazer isso? É preciso tecnologia e harmonia com o meio ambiente; não é uma equação fácil”, questionou.

Madi, em sua exposição, endossou a preocupação com dados mundiais: “Em 2050, a expectativa é de que 70% da população do globo estejam em áreas urbanas.” Hoje no Brasil, apresentou, 84% da população já estão nas cidades e, em 2020, o índice será de 90%. Segundo o diretor do Ital, ao mesmo tempo em que se tem um desafio, a indústria de alimentos tem oportunidades. “É uma área que movimenta 1,7 milhões de empregos no País. Somos o segundo exportador mundial de alimentos processados em volume e detemos 45% da participação no mercado global de açúcar.”

Diversificação de modais e armazenagem
Para tanta produção e exportação, a logística se faz absolutamente necessária. “Não existe agronegócio sem logística”, observou Thiago Guilherme Péra, da Esalq/USP. Ele relacionou alguns dos obstáculos que a logística nacional enfrenta para atender à indústria de alimentos: baixo valor agregado, grandes volumes e longas distâncias, sazonalidade dos produtos, mercados concorrenciais e a perecibilidade. Todavia, salientou Péra, a falta de infraestrutura é o que mais causa danos aos dois setores.

A disponibilidade de transporte do agronegócio brasileiro hoje se dá em 211 mil quilômetros em rodovia pavimentada, equivalente a 60% de uso em relação a outros modais como o ferroviário (30 mil quilômetros) e o hidroviário (22 mil). Para Péra, é aí que reside o problema: “A manutenção da infraestrutura rodoviária não acompanha o crescimento da produção.”

Tomando como exemplo a produção de grãos no País, ele informou que, em 2016, com base em dados levantados pela Esalq/USP, o custo da exportação de soja para a China era de US$92,12 por tonelada. Desse valor, o Brasil gastou US$75,49 dentro do próprio território, na movimentação do Mato Grosso, por estrada, até o Porto de Santos, em São Paulo. “Quase US$17 por tonelada apenas foi o custo para transportação do complexo portuário paulista até o porto de Xangai”, afirmou. Em 2006, a participação das ferrovias no transporte de granéis agrícolas era de apenas 18%; em 2015, subiu para 21%. “Precisamos diversificar mais a nossa matriz de transporte para que o País ganhe em competitividade”, alertou Péra, lembrando que grandes países em extensão territorial como China, Estados Unidos e Canadá utilizam o sistema ferroviário como principal meio de escoamento dos seus produtos.

Outro ponto negativo destacado pelo especialista é o do armazenamento, fundamental para o agronegócio. Segundo Péra, o Brasil tem capacidade de estocagem de 70% a 80% da produção de grãos, em média, mas o ideal é ter 120%. “Assim o produtor diminui riscos e pode trabalhar também com o produto em épocas de não safra. É possível guardar a produção e trabalhar no período entressafra, onde o preço pode estar mais vantajoso do que na safra, e os custos logísticos inferiores do que em uma época de colheita”, explicou. De 2007 a 2015, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capacidade de armazenagem no País cresceu em 4,41% e produção de grãos, 5,81%.

Apesar dos grandes desafios, o coordenador vê expectativas positivas para o setor com regulamentações do modal rodoviário, expansão dos demais meios de transporte e a tecnologia. “A utilização da internet das coisas na logística é uma tendência mundial, cada vez mais vemos o desenvolvimento de sensores e ferramentas que auxiliam ainda mais a diminuir as perdas de alimentos”, salientou.

O meio ambiente também é beneficiado com a boa armazenagem e a diversificação dos meios de transportes. “Reduzir custos com combustíveis também é reduzir a emissão de gases poluentes”, defendeu Péra.

>> Leia as demais matérias do seminário
O protagonismo do campo na economia brasileira
Agricultura com ciência, inovação e sustentabilidade

 

Jéssica Silva
Comunicação SEESP

 

 

 

 

 

 

Lido 4706 vezes
Gostou deste conteúdo? Compartilhe e comente:
Comentários  
# Logística, um problema sérioUriel Villas Boas 10-08-2017 14:58
A agricultura no Brasil é muito diversa. E espalhada por esse verdadeiro continente que é o nosso País. Dai surge um questionamento, ou seja, como os agricultores conseguem fazer suas produções chegarem aos locais mais adequados? Bem, recentemente foram divulgadas reclamações de produtores de uma região de como eram difíceis fazer as mercadorias chegarem ao porto de Paranaguá, E desse porto para a China o tempo era bem menor. Cabe então a indagação de quais medidas estão sendo tomadas para solucionar o problema da logística? No caso, teríamos uma gama muito grande de segmentos que poderia estar sendo envolvidos com um amplo projeto de construção de ferrovias. Seria então estimulada a produção do aço, as pesquisas e projetos tanto para as ferrovias como também para a produção de material ferroviário. E em todas as situações seriam abertas vagas no mercado de trabalho. E que não ficaria limitado a transporte de mercadorias, mas também para passageiros. Por certo este é um grande desafio a ser enfrentado e que pode começar pelo movimento sindical de trabalhadores nas suas vastas categorias..Por sinal é um dos temas abordados pelo denominado movimento Fórum Cresce Baixada, no litoral paulista.
Responder
Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda