Começou nesta quinta-feira (10/8) a instalação do cabo submarino de fibra óptica do Sistema de Cabo do Atlântico Sul (SACS, na sigla em inglês para South Atlantic Cable Sytem), a partir da costa de Angola, em Sangano, município da Quissama. Trata-se do primeiro cabo desse porte a ser instalado abaixo da linha do Equador, que conectará a cidade de Fortaleza, no Ceará, a Luanda, em Angola, África, pelo Atlântico Sul.
Foto: Divulgação Angola Cables
Ao todo, o processo de instalação do cabo até sua chegada à costa cearense deverá levar cerca de quatro a cinco meses. Para marcar a data, foi realizada uma cerimônia de lançamento do cabo em alto mar em que diversas autoridades locais participaram, como o ministro de Telecomunicações e Tecnologia de Informação de Angola, José Carvalho da Rocha, além de uma comitiva brasileira do governo do estado do Ceará, incluindo o governador Camilo Santana.
A extensão total do cabo será de 6 mil quilómetros e terá capacidade de pelo menos 40 Tbps, o que equivale dizer que com a velocidade que passará pelo novo cabeamento do Atlântico Sul será possível baixar um filme de um 1 gigabyte em menos de 0,03 milissegundo. Ou seja, está se falando em velocidade luz, já que a troca de informações entre os dois continentes será feita em até 63 milissegundos, mais rápida que um piscar de olhos.
Segundo António Nunes, CEO Global da Angola Cables, responsável pela iniciativa, a etapa atual de instalação do cabo em águas rasas é uma das mais importantes do empreendimento, por exigir a participação de diversos especialistas: “A instalação do SACS em alto mar irá envolver a participação de engenheiros, profissionais de TI e mergulhadores profissionais para que o cabo realmente seja fixado com segurança em solo marítimo”, conta Nunes.
Ainda de acordo com o executivo, o SACS traduz a capacidade da companhia de encontrar soluções para problemas ainda inexistentes, uma vez que o cabo foi projetado e desenvolvido para atender a demanda de dados das próximas gerações.
“Durante dois meses fizemos o mapeamento completo do terreno onde o cabo será instalado no Atlântico Sul. Dessa forma, definimos o melhor caminho a ser percorrido, evitando possíveis rupturas que ele possa sofrer devido às movimentações rochosas do solo”, afirma.
O que chama a atenção é que a mesma empresa (privada) é responsável por outros empreendimentos grandiosos no setor: o cabo Monet, que ligará Miami, nos Estados Unidos a Santos, passando também por Fortaleza - com as participações do Google, Algar Telecom e Antel (Uruguai) - ; e a construção de um data center internacional, em Fortaleza, que servirá para reunir cabos submarinos de fibra óptica. Em construção, ele iniciará suas operações no primeiro semestre de 2018. Os dois empreendimentos totalizam US$ 300 milhões em investimentos.
Em março de 2012, a Telebras firmou um contrato com a empresa angolana em cerimônia no gabinete do então ministro das Comunicações Paulo Bernardo. No entanto, alegando problemas de orçamento, a companhia brasileira deixou o empreendimento para a multinacional.
Com informações da Angola Cables e agências
(publicado por Deborah Moreira)