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14/09/2017

Ciência leva produção de vinhos para o agreste pernambucano

Embrapa*

O município de Garanhuns (PE) recebeu a degustação dos primeiros vinhos elaborados a partir de uvas colhidas em área experimental do agreste pernambucano. O evento é parte do projeto realizado por pesquisadores e professores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Semiárido, do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), com o objetivo de avaliar o comportamento agronômico, a qualidade da uva e implementar o processamento de vinhos em regiões que o tipo de produção não é tradicional.

A atividade reuniu cerca de 70 pessoas na Chácara Vale das Colinas, para degustação inicial. As garrafas que iam sendo esvaziadas eram, na expressão do bioquímico Milson Maurício de Macedo, um anúncio de “harmonizar” Garanhuns e uma nova possibilidade de desenvolvimento econômico e social.

Foram testadas dez variedades de uvas europeias, e, em pouco mais de três anos de pesquisa no campo, foi possível identificar as que melhor se adaptam às condições de solo e clima do local. Entre elas estão três brancas: Muscat Petit Grain, Sauvignon Blanc e Viognier; e três tintas: Malbec, Cabernet Sauvignon e Syrah.

As uvas das variedades selecionadas foram cultivadas e colhidas no Campo Experimental do IPA, em Brejão, na microrregião de Garanhuns. Depois, foram levadas para vinificação no Laboratório de Enologia da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), utilizando o método tradicional para vinhos jovens e em escala experimental.

De acordo com a pesquisadora responsável pela vinificação, Aline Telles Biasoto Marques, os resultados mostraram que os vinhos elaborados a partir das uvas da região possuem potencial para a produção em escala comercial. “Eles se enquadraram dentro dos limites da legislação brasileira para vinho fino seco em todos os parâmetros avaliados: teor alcóolico, teor de açúcares, acidez total e volátil e dióxido de enxofre total”, afirma.

Também foram realizadas análises sensoriais pela equipe da Escola do Vinho, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE). Somadas à opinião das pessoas que participaram da degustação, elas mostraram que os vinhos de Garanhuns são bastante promissores.

“Os tintos se mostraram fiéis às características varietais e exaltaram a personalidade de vinhos tintos jovens”, avalia a enóloga e professora Ana Paula André Barros, do IF Sertão (PE). “Os brancos, por sua vez, são marcantes como varietais e apresentaram sensações visuais, olfativas e gustativas que podem indicar uma tipicidade do terroir do local”. Terroir, como ela explica, seria a expressão da harmonia entre a cultivar (uva), o solo, o clima e a ação do homem (manejo).

Para a Embrapa, a boa qualidade da bebida apresentada serve como indicador do potencial da região para a produção de vinhos finos, vocação que está sendo desenvolvida com o auxílio do trabalho científico.


Foto: Embrapa

Vinho Pernambuco
Pesquisa e ciência possibilitou o cultivo de uva no agreste pernambucano.

 

 

 

 

 

*Informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

 

 

 

 

 

 

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