Do Jornal da USP
No dia 5 de abril, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) realizará, em São Paulo, o primeiro Colóquio Internacional de Engenharia da Complexidade. O evento faz parte de uma série de iniciativas desenvolvidas pela Poli visando à criação de um novo curso de engenharia, focado no tema da Complexidade. Esse projeto tem sido trabalhado há alguns anos em conjunto com o Groupe des Écoles Centrales da França.
“Trata-se de um desafio significativo para que, cada vez mais, possamos fazer frente aos desafios da sociedade e do seu desenvolvimento, no que diz respeito aos mais variados aspectos das relações sociais, do desenvolvimento tecnológico e da produção, do trabalho e o desenvolvimento das pessoas, do meio ambiente e da economia”, explica o coordenador do grupo de projeto do curso e professor da Poli, Laerte Idal Sznelwar.
O principal objetivo do evento é iniciar uma série de apresentações e discussões com a comunidade científica e com a sociedade, de um modo mais amplo, a respeito da importância de difundir a Engenharia da Complexidade. Também será a primeira oportunidade de apresentar as ideias e o programa do curso a ser criado na Escola Politécnica.
“No âmbito da Engenharia, a ruptura com paradigmas mais positivistas que a influenciaram de modo contundente nos últimos 150 anos e a introdução de propostas que advêm do mundo da complexidade é um fato. O grande desafio, para nós, é saber como incorporar a complexidade no âmbito do ensino e da pesquisa, a partir desses paradigmas, que basicamente procuram integrar diferentes aspectos da arte de se fazer Engenharia”, aponta Sznelwar.
Os organizadores pretendem reunir pesquisadores de grupos que tratam do tema, em diferentes áreas do conhecimento. “Está em foco a necessidade de se tratar questões da engenharia de modo integrado, considerando aspectos que são, no mais das vezes, isolados e tratados por uma área do conhecimento. Este é o propósito fundamental de uma abordagem da engenharia baseada na complexidade”, afirma Sznelwar.
O evento é organizado pelos professores que compõem o grupo responsável por projetar o curso da Engenharia da Complexidade: Laerte Idal Sznelwar, Mauro Zilbovicius, Bernardo Andrade, além do ex-diretor da Poli, professor José Roberto Castilho Piqueira..
Engenharia da Complexidade
A complexidade será tratada a partir de uma abordagem da engenharia, ressaltando sua importância para o desenvolvimento da integração de diferentes pontos de vista em projetos que permitam melhores diagnósticos sobre os problemas do desenvolvimento tecnológico, social e do trabalho, e a construção de caminhos de solução que levam em conta os desafios atuais e futuros em uma sociedade cada vez mais complexa.
As apresentações abordarão diferentes aspectos no âmbito de outras áreas ligadas às Ciências Exatas, Humanas, Sociais e Biológicas, cujos conhecimentos também são vitais para os projetos da engenharia.
Entre os temas que já fazem parte do cenário atual de questões a serem tratadas, há aspectos ligados à vida urbana e ao ambiente, à informação e aos dados, à produção e distribuição de alimentos, à recuperação de áreas degradadas, à mobilidade, à energia, a novos materiais, à biomedicina, aos serviços, ao mar e ao uso das tecnologias, como a questão da inteligência artificial”, diz Sznelwar
“Em todos esses casos, assim com em outros, os desafios passam pela integração de diferentes tipos de conhecimento que dizem respeito à produção propriamente dita e ao trabalho que será necessário para efetivá-la”, completa.
A capacitação dos futuros “engenheiros da Complexidade” visa a torná-los competentes para atuarem frente a desafios que se situam nas fronteiras do conhecimento, fato que também induz a processos constantes de inovação. “Esse desafio passa por mudanças significativas no papel e na maneira de agir dos professores e pesquisadores. A incorporação de paradigmas da complexidade e de diferentes conhecimentos oriundos de campos da ciência, os mais diversos nos processos de aprendizagem e as mudanças nos processos pedagógicos serão abordados”, destaca Sznelwar.
Para tanto, a discussões serão embasadas em experiências já existentes na Escola Politécnica; em outras unidades da USP, como na Física, na Matemática, na Química, na Biologia, na Pedagogia, etc; em outras universidades e escolas brasileiras; e de parceiros internacionais, como o Groupe des Écoles Centrales, da França.
O evento será das 9h às 18h, no Auditório Professor Francisco Romeu Landi – Edifício Mário Covas Júnior – Escola Politécnica da USP, Avenida Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº 380, Cidade Universitária, São Paulo-SP. Inscrições pelo link goo.gl/gh3h7x. Haverá a confirmação da inscrição por e-mail.