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05/06/2018

Neste Dia do Engenheiro Mecânico, recém-formado conta como e por que escolheu a profissão


Deborah Moreira
Comunicação SEESP

Neste 5 de Junho, Dia do Engenheiro Mecânico, o SEESP comemora com uma entrevista realizada com o engenheiro mecânico Willie Nelson Chiquini, 27 anos. Formado desde o início de 2016, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua na área há uma ano e sete meses. Nos últimos seis meses se tornou vendedor técnico da VM Brasil, distribuidora da Alfa Laval, fabricante sueca de equipamentos, que comercializa trocadores de calor, bombas, centrífugas e sistemas industriais. Antes disso, trabalhou na própria Alfa Laval durante 1 ano e um mês e foi estagiário, no departamento de aquisição de suprimentos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Willie Nelson, que ganhou esse nome do pai, que também se chama Nelson e é fã do cantor e compositor de música country, nos Estados Unidos, concedeu a seguinte entrevista por ocasião da data.

 


Foto: Arquivo pessoal

willie nelson eng mecanico 2Willie Nelson Chiquini em seu local de trabalho: "paixão" pelo que faz.

 


O engenheiro mecânico tem diversas possibilidades de atuação, é isso? Porque você escolheu esse segmento da engenharia?   
Eu escolhi justamente por isso. Se você pega a Civil, por exemplo, você atua em determinado segmento. O engenheiro mecânico consegue atuar desde equipamentos, manutenção, refrigeração. Ou seja, você pode trabalhar em todas as áreas desde ir para troca térmica, industrial que seria fluidos, tubulações, também tem a área estrutural onde você estuda mais a resistência dos materiais e dos próprios equipamentos e também vai para a área de materiais.


Para quê serve um trocador de calor?
Você usa em praticamente todas as áreas de produção. Desde alimentos, como no processo de pasteurização do leite em que você precisa submeter o produto a uma temperatura mais elevada para higienizá-lo, que consiste em desativar enzimas e eliminar microorganismos. No processo de pasteurização do leite, usa-se geralmente água quente em seu aquecimento.

Como foi a escolha profissional? Alguém da família já era engenheiro?
Olha, meus pais são oficiais de justiça. Totalmente outra área. Mas, tenho um tio que chegou a cursar Engenharia Elétrica e não concluiu. Até hoje, ele é aquela pessoa que fuça em tudo. Ele monta os equipamentos, como máquina de solda, tem até um espécie de oficina em casa. Também tem meu pai que, mesmo não tendo formação técnica para isso, sempre foi curioso e abriu os aparelhos em casa, como vídeo cassete e computador. E aí sempre vi tudo isso com bastante interesse. Mas, minha primeira opção na faculdade foi o curso de Desenvolvimento de Sistemas, mais voltado para a computação, que cheguei a cursas seis meses na Universidade Federal de São Paulo. A instituição passou por algumas dificuldades financeiras que causou muita falta de professor. Não sei se por isso, mas o fato é que o curso não me empolgou. Repensei as opções e acabei optando pela Engenharia Mecânica. E aí foi paixão mesmo. Acabei gostando muito e continuo cada vez mais interessado.

E o que representa ser engenheiro?
O engenheiro é um profissional muito qualificado. Para mim engenharia é trazer ideais e soluções. O engenheiro tem que buscar a elevação da qualidade de vida para a sociedade. Por isso ainda vejo que há muito potencial na carreira.


Quais os pontos mais positivos e os negativos da profissão?

A Engenharia, e não só a mecânica, está diretamente ligada ao desenvolvimento do País e à economia. Então, se esses dois pontos não andarem bem afetam diretamente a produção e a engenharia, que acaba sofrendo com cortes do empregador. E isso tanto pode ser bom, quanto ruim. Como neste momento que vivemos essa crise a engenharia também não vai bem.

A crise tem afetado bastante a engenharia?

Desde 2014, com toda essa crise política a situação vem piorando. E o engenheiro custa mais caro para a empresa. Infelizmente, neste período de crise, vemos colegas trabalhando com engenharia, mas com uma nomenclatura diferente de cargo, que é justamente o que o empregador faz para pagar menos. E também acontece o contrário: atribuições que são de engenheiros acabam sendo feitas por outros profissionais com remuneração mais baixa.

E sobre a fuga de profissionais para outros países pela falta de oportunidade por aqui, o que você pensa sobre isso?

A matéria-prima da engenharia é a tecnologia. No Brasil não tem investimento. Se tem é muito pouco, praticamente nenhum em Ciência e Tecnologia. Já em outros países a tecnologia está expandindo e criando mercados e tem muitas empresas surgindo, enquanto que no Brasil as empresas de engenharia atualmente são as multinacionais. Por isso, essa ida ao exterior se torna um movimento natural. Eu mesmo se tiver oportunidade eu vou sim. O que é uma pena porque o País investe na formação aqui, uma mão de obra qualificada que vai servir outras nações.

Qual o seu palpite para mudar essa situação?

Tem que investir em tecnologia, em desenvolvimento e em infraestrutura.  Essa greve recente dos caminhoneiros, por exemplo, parou o País e mostrou o quanto somos dependentes deles. Em países como o Japão, que tem ferrovia de um canto ao outro, isso jamais aconteceria. É um transporte mais rápido, mais barato e um país muito menor que o Brasil, que tem dimensões continentais, característica que requer o barateamento dos custos com transporte, que afeta o preço de tudo. E a construção dessas ferrovias geraria emprego.

E hidrovias...
Sim. Também poderia se investir nisso. Seria mais obras, mais investimento em infraestrutura. Aqui em São Paulo os rios Tietê e Pinheiros poderiam ser navegáveis.  Infelizmente, tudo está submetido aos interesses de alguns grupos que não deixam projetos como o carro elétrico ou até o carro movido a água, desenvolvido até por um brasileiro, que você usava célula de combustível, você tirava hidrogênio da água, fazendo hidrólise, e queima hidrogênio no motor. Agora, o carro elétrico está surgindo, mas muito caro.



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