Deborah Moreira
Comunicação SEESP
O Engenheiro de Minas é uma das profissões com origem mais remota. A intensa exploração dos minérios acompanha a história das civilizações. Por meio da atividade de mineração, o homem confeccionou ferramentas como armamentos, utensílios de caça e para a casa. No Brasil, o dia 10 de Julho foi escolhido para homenagear esse profissional por causa do pioneiro Pedro Demosthenes Rache, que nasceu nessa data, em 1879, e foi quem idealizou o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), tornando-se o primeiro presidente da entidade.
Fotos: Arquivo pessoal
O engenheiro Antonio Carlos Caetano
O engenheiro que atua nesse setor se dedica à pesquisa mineral, prospecção de minérios, exploração (lavra) e aproveitamento dos recursos minerais (beneficiamento). Também é possível gerenciar empreendimentos, entre outras funções.
“Comecei trabalhando como geotécnico na construção de uma barragem para uma hidrelétrica. Esse é outro segmento que dá para atuar, bem como abertura de vias subterrâneas, túneis, colocação de explosivos. É uma profissão que num primeiro momento não demonstra a diversidade de atuação que tem, mas tem muito campo de atuação”, contou o empresário Antonio Carlos Caetano, 53 anos, que, em 2018, completa 30 anos de formado em Engenharia de Minas, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Ele lembra, ainda, que todo o trabalho realizado atualmente desde a pesquisa mineral, que visa localizar e quantificar o minério, até a lavra (extração e beneficiamento), está calcado numa estrutura altamente informatizada, com tecnologia de ponta, além de haver o incremento do geoprocessamento dos dados.
“As pessoas me procuram para regularizar uma jazida, até para fazer licenciamentos ambientais e na Agência Nacional de Mineração (ANM), que exige um rito legal para liberar a exploração do solo, que pertence à União que, por sua vez, concede pelo principio da prioridade, quem pedir primeiro tem direito a fazer a pesquisa mineral”, continua Caetano, que desde pequeno demonstrava interesse em trabalhar com a terra.
“Eu tenho verdadeira paixão nisso desde criança. Fui criado em uma casa com quintal bem grande, onde meu passatempo preferido era cavar buraco, fazer túnel na terra e quando ganhava dinheiro dos meus tios, de aniversário, que faço na época de festa junina, eu gastava todo ele comprando fogos de artifícios”, lembrou o engenheiro que desde 1992 acumula experiência em desmonte de rocha por explosivo, e desde 1996 em obras de construção pesada.
Atualmente, Caetano tem uma empresa especializada em grandes obras, além de atuar como consultor. Ele lembra que a opção pela Engenharia de Minas veio com o fluxo das escolhas, bem como a entrada para o mercado de trabalho: “Fui fazer o curso de engenharia sem saber da existência desse segmento (de Minas). Fiz o primeiro ano que era mais geral e no segundo ano, quando soube da especialidade, acabei optando. E quando comecei a atuar como estagiário fui me integrando com muita facilidade ao mercado”.
Mercado de Trabalho
Antonio Caetano diz que o contato com profissionais altamente graduados no início da carreira foi fundamental para se manter no curso e se manter no setor. “Depois do primeiro estágio, entrei numa pequena empresa de projetos que estava em expansão e fui crescendo junto com ela. No início eram seis funcionários. Quando sai para montar a minha própria empresa éramos 40 empregados", recordou.
Na sua avaliação, “o mercado de trabalho é ótimo", desde que o profissional tenha o conhecimento técnico exigido. "O profissional não fica parado". Contudo, o engenheiro observou que a profissão não seduz muito os jovens "por terem uma ideia de que os locais de trabalho são longínquos, sem glamour, no meio do mato". "Mas hoje em dia tem bastante informatização”, enfatizou.
Ao ser questionado se é uma área com vagas atrativas, o engenheiro respondeu sem titubear: “Sim. Eu recomendo para qualquer jovem que está começando agora na engenharia ou que ainda não tem certeza com o que quer trabalhar, mas tem algum interesse no solo”.
Um dos pontos baixos do setor apontando por ele é o fato de o País não investir em mapeamento geológico mais detalhado, apesar de ter um solo bastante rico.
Meio ambiente
Por se tratar de uma atividade que lida diretamente com o meio ambiente, a preservação precisa fazer parte do objetivo desse profissional. Antonio Carlos Caetano integrou diversos conselhos como o Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Cades), o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), além de ter sido conselheiro do CREA-SP por 12 anos e consultor internacional da Organização das Nações Unidas (ONU), pelo programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).