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12/07/2018

Engenheiro florestal para garantir manejo sustentável

 

Soraya Misleh

 

Neste 12 de julho é celebrado o Dia do Engenheiro Florestal. No Brasil são 14.179 profissionais da modalidade registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Da produção comercial de florestas à regeneração de áreas degradadas, o profissional tem reservado lugar especial na busca pelo desenvolvimento sustentável nacional.

É o que demonstra Tatiana de Carvalho Andrade Dobner nesta entrevista ao SEESP. Engenheira florestal formada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) em 2002, com licenciatura em Ciências  Agrárias, cursos de atualização na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e FSC Certificação Florestal, ela é hoje consultora nas áreas de conservação e restauração de meio ambiente, laudos e caracterização de vegetação nativa, licenciamento ambiental, certificação florestal e educação ambiental.

Atuou por dez anos no Departamento de Meio Ambiente da empresa de reflorestamento Caxuana, no Triângulo Mineiro, e há três anos fundou a GTD Florestal, em sociedade com seu colega de profissão e cônjuge Gustavo Dobner dos Santos, na cidade de Itapeva, interior de São Paulo. Além de prestar serviços de licenciamento ambiental para a Cetesb, tem como principais clientes pequenos produtores, aos quais orienta e desenvolve projetos voltados ao manejo florestal sustentável. Sobre a atuação do engenheiro dessa área, Dobner resume: “A principal veia ainda é produção comercial de florestas, mas a restauração, conservação, regeneração de áreas degradadas e licenciamento ambiental andam juntos.”

 

Engenheira florestal Tatiana Dobner. Foto: Arquivo pessoal

 

Por que você optou pela Engenharia Florestal?

Sempre tive afinidade com meio ambiente e achei interessante a questão da engenharia. Depois que entrei, fiquei mais feliz ainda.

 

O que faz exatamente o engenheiro florestal?

Quando foi formado o curso, acredito que há mais ou menos 50 anos, a área de atuação era silvicultura, produção comercial de florestas. Essa ainda é a principal veia, mas, conforme o tempo, a profissão foi se desenvolvendo também na parte de conservação, estudos de florestas nativas, restauração, regeneração de áreas degradadas, licenciamento ambiental, tão importantes quanto. O engenheiro florestal é bem capacitado também para adequar a propriedade à legislação ambiental, ao Código Florestal. Na monocultura, ao invés de plantar soja, planta-se floresta. As madeiras que atendem as empresas, eucalipto, pinus, são plantadas em larga escala dentro de um manejo. Uma empresa pode manejar uma área da Amazônia desde que tenha um plano sustentável e tem todo um trabalho de pesquisa, é uma engenharia. A floresta nativa tem toda uma composição, uma dinâmica, e existe o manejo correto, o manejo legal. O engenheiro florestal é capacitado para esse trabalho. O leque é bem amplo, vai desde produção de mudas, melhoramento genético até mercado de carbono.

 

O engenheiro florestal tem atuação de campo e administrativa?

Sim. Ele não planta a muda, mas orienta, faz análise de solo, composição de adubo, nutrição da planta. Todo esse planejamento de atividade, tempo, custo é o engenheiro que faz, com base nas informações reais do campo.

 

Como está o mercado diante da crise?

Sente um pouco a crise, mas como boa parte da celulose é exportada, segurou bem a onda. Agora essa parte de serraria, biomassa, que é mais para consumo interno, sentiu. Porém nada parou, porque na floresta se diminui o volume de comercialização, mas não perde o seu produto.

 

Quais as áreas de atuação?

A profissão é bem voltada para o manejo florestal, com atuação em empresas de papel e celulose. Mas tem a parte de meio ambiente, por exemplo junto ao Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), à SOS Mata Atlântica, WWF, Greenpeace. Essa linha de pesquisa também tem um mercado bem interessante ao engenheiro florestal, tem ONGs de recuperação, conservação. Além da carreira acadêmica, por exemplo no melhoramento genético. Você pode atuar também na parte de economia, mercado de carbono.

 

Como é a participação feminina no curso?

Tem bastante mulher na área. Minha turma na faculdade era quase meio a meio. E nunca sofri discriminação.

 

A Engenharia Florestal é indissociável da proposta de desenvolvimento sustentável?

Claro. Você produz a madeira e conserva as matas.

 

Qual a recomendação a um jovem interessado na profissão?

A Engenharia Florestal é mais do que parece ser. Você pode seguir muitos caminhos. Tem que ter certa conexão com a natureza, algum gosto por exemplo por fazer trilhas, cachoeiras, por fazendas, sítios. Se você não puser a mão na terra será como o médico não fazer uma análise clínica para estudar a teoria.

 

 

 

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