logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

23/11/2018

Da automação à geração de energia, um profissional imprescindível

 

Soraya Misleh/Comunicação SEESP

 

 

Desde a construção de redes de energia até o desenho de um computador ou celular, o engenheiro eletricista tem vasto campo de trabalho. E diante da carência nacional de infraestrutura e das novas tecnologias, a profissão tem muito a percorrer. Essa é a visão de Claudia de Moya Partiti Ferraz. Associada ao SEESP e formada na área pela Faculdade de Engenharia Mauá em 1987, ela compõe o universo de 514.469 engenheiros eletricistas registrados no Brasil, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

Com especialização em eletrônica, desenho de chips e computadores, ela atua na área há 31 anos. Atualmente diretora de tecnologia em uma grande empresa, Claudia conta nesta entrevista por ocasião do Dia do Engenheiro Eletricista – celebrado hoje (23 de novembro) – um pouco de sua larga trajetória, fala sobre mercado e perspectivas.

 

 

 Claudia de Moya Partiti Ferraz: profissão necessária à construção do País. (Foto: Arquivo pessoal)

 

Por que você escolheu Engenharia Elétrica?

Computador, robótica era uma coisa de ficção e eu desde pequenininha era louca por isso. Meu sonho era construir aquele robô que era empregada doméstica dos desenhos animados e falei que eu ia fazer engenharia para fazer isso. Pensei em cursar Engenharia Cibernética, mas depois eu descobri que ainda não existia. Especializei-me em desenho de chips e computadores. À época, no Brasil, ninguém fazia isso. Formei-me em 1987, ainda tinha muita reserva de mercado. Trabalhei numa fábrica de computadores, mas fazia basicamente cópia de computadores, e não era isso que eu queria. Fui trabalhar numa consultoria, com inteligência artificial, com desenvolvimento de sistemas, automação de processos e permaneci nessa área por toda a minha trajetória.

 

Essa é uma das possibilidades para o engenheiro eletricista?

Sim. Hoje existe também Engenharia de Computação, na minha época não havia. Sempre gostei muito de programação, de lógica, mas tem toda a parte de construção de hardware, da parte toda de elétrica, de telecomunicações que faz parte da tecnologia da informação.

 

Quais as outras possíveis áreas de atuação?

Se o profissional se especializar em Eletrotécnica, pode ir para a área de geração de energia, de conversores. Uma pessoa que se especializa em Eletrônica pode ir para construção de massas eletrônicas. Meu trabalho de formatura era a construção de um PABX. Então construção de celulares, computadores, aplicativos de automação, hoje tem toda a parte de internet das coisas (IoT), segurança da informação, de redes, hardwares de segurança. Todas as máquinas hoje têm parte eletrônica, nada funciona sem isso. Em toda essa gama, na área de indústria de automação, robótica, o engenheiro eletricista pode atuar. Também em uma usina elétrica, equipamentos para geração de energia. Por exemplo, vamos imaginar que eu tenha um poço de petróleo no meio do mar, eu vou precisar gerar energia de algum jeito para sugar o petróleo, então o engenheiro eletricista pode ajudar. Possibilidades de energia eólica, solar, todas essas fontes alternativas renováveis que existem hoje, tem que ter geradores. Hoje fala-se em carros elétricos, toda essa construção da rede de energia para abastecê-los ou até as casas são trabalho do engenheiro eletricista.

 

Desde o projeto até a execução?

Exatamente.

 

Como está o mercado para o engenheiro eletricista?
O engenheiro eletricista, com todas essas novas tecnologias de geração de energia, pode diversificar. Muitos estão focando em geração por etanol. Ainda existe muita coisa. O Brasil está numa crise grande, a gente espera que comece agora a sair dela e que melhore. Em compensação, existe uma grande tendência de que o mercado dê uma guinada grande com as novas tecnologias digitais que devem resultar em novas profissões. Acho que o eletricista, o eletrônico principalmente, pode passar a atuar no segmento dessas novas tecnologias, novos aplicativos, novas automações, toda essa parte de robótica, muitos robôs devem vir a ocupar alguns lugares, e a engenharia pode ajudar a construí-los. Dentro de um computador, um telefone, um celular, quem desenha tudo isso é o eletricista.

Você sentiu discriminação por ser mulher ao longo de sua carreira?

Na minha formatura havia 350 pessoas, cerca de 10% eram mulheres. E no começo, principalmente, senti muita discriminação. Lembro-me que estava no quarto ano da faculdade. Liguei para uma empresa que estava anunciando estágio. Atendeu uma mulher e perguntei se tinha vaga para engenharia. Ela respondeu: “Na verdade, a gente não emprega mulher em vaga nenhuma.” Eu ouvi isso muito. Fui a uma empresa multinacional de equipamentos eletrônicos na qual meu pai conhecia o presidente e marcou uma entrevista com ele, que disse para mim, assim que me viu: “Eu tinha entendido que era o filho, não a filha dele.” A vida inteira você ouve isso.

 

Essa situação continua? Houve uma evolução dentro da engenharia elétrica?

Acho que houve uma evolução grande. A mulher está ocupando cargos cada vez maiores, eu mesma sou diretora e ocupei esse posto em multinacional por muito tempo. Mas há preconceito ainda, bem menor, mas existe. Ainda se ouvem brincadeiras que magoam.

 

Qual a dica para um jovem que pensa em escolher essa área?

O engenheiro é uma pessoa que gosta de resolver problemas, enxerga-os como um desafio e busca a melhor solução possível. Isso está no DNA desse profissional, seja qual for a área. Se é um jovem que gosta de resolver problemas, percorrendo os melhores caminhos, ou  é dinâmico, detalhista, gosta de Exatas, a engenharia é uma boa profissão para ele.

 

Quais as perspectivas? Engenharia Elétrica continua sendo uma boa escolha e uma profissão necessária ao País?

Com certeza, porque nosso país é muito carente de infraestrutura, principalmente na geração de energia. Temos uma área gigante para eólica, solar, muita possibilidade de geração nova. Trabalhei em uma multinacional e cheguei a ver uma bateria solar movida a sal que tinham desenvolvido fora. Ela podia operar anos, movia um trem a sal, isso há tempos, para se ter uma ideia do enorme campo a desenvolver. Tem muito a se trabalhar aqui, por exemplo automação agrícola para gerar mais alimentos. O engenheiro ainda tem muito a fazer para o País chegar ao nível dos mais desenvolvidos.

 

 

 

 

Lido 5107 vezes
Gostou deste conteúdo? Compartilhe e comente:
Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda