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29/07/2019

Artigo – Esteio imprescindível

João Guilherme Vargas Netto*

 

Uma vitória tem muitos donos. Na derrota, em geral, procura-se o culpado.

 

Aparentemente é isto que anda acontecendo nos partidos de oposição após a votação em primeiro turno da deforma previdenciária.

 

Enquanto alguns adversários enfatizam o sectário isolamento oposicionista e negam até mesmo seu papel na desfiguração do projeto original de Guedes e Cia. em algumas direções e lideranças da oposição aparecem, aqui e ali, críticas à passividade e à frouxidão do movimento sindical e dos movimentos populares como explicação para o resultado acachapante da votação.

 

Nestas análises a correlação de forças real na Câmara dos Deputados é deixada de lado e a própria resistência das bancadas oposicionistas perde seu valor, sobrando para alguns partidos a interminável novela das dissidências.

 

Uma pergunta não quer calar. O movimento sindical foi passivo e frouxo na resistência à deforma?

 

A resposta, honesta e verdadeira, é um rotundo não.

 

As dificuldades e insuficiências no esclarecimento das bases e em sua mobilização foram evidentes (basta citar a dificuldade de se obter assinaturas de trabalhadores nos locais de trabalho no abaixo-assinado de repúdio à deforma).

 

Mas, levando-se em consideração a difícil conjuntura política, a recessão renitente e grave, o desemprego desorganizador, a limitação dos recursos financeiros, o ataque generalizado aos direitos e conquistas dos trabalhadores e a forte campanha midiática em favor da deforma não só o movimento não foi passivo, nem frouxo, como, pelo contrário, agiu com persistência, com unidade e com heroísmo.

 

Inúmeras manifestações sindicais, milhares de assembleias de trabalhadores, a luta pelo abaixo-assinado, a greve geral que foi marcante, as alianças com outros setores em luta e as reuniões com parlamentares marcaram todo o primeiro semestre, mas não foram suficientes para mudar a correlação congressual de forças.

 

Na impossibilidade financeira da organização de grandes marchas à Brasília nem mesmo a ausência de ativistas no Congresso durante as discussões e votações pode ser atribuída ao desleixo das direções porque houve a proibição pura e simples de acesso à Câmara e às galerias.

 

Depois de uma batalha deve-se analisar os pontos fortes e os pontos fracos que produziram o resultado. Mas é um erro apontar o movimento sindical como culpado pela derrota; ele não o é e continua a ser um esteio imprescindível para as lutas futuras.

 

 

 

 

Joao boneco atual 

 *Consultor sindical. 

 

 

 

 

 

 

 

 

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