Comunicação SEESP
Em 21 de setembro de 1934 nascia o SEESP. Os primeiros passos dessa rica trajetória em defesa dos engenheiros e do desenvolvimento são o tema deste segundo texto da série em homenagem aos 85 anos da entidade.
A história do sindicato se confunde com a de São Paulo e do País. Suas raízes estão no desenvolvimento do próprio Estado, quando a profissão começa a ser demandada. Assim, surge a primeira Escola de Engenharia de São Paulo, a Politécnica, criada pelas leis estaduais nº 26 e nº 64, em 1893, cujas atividades são integradas à Universidade de São Paulo (USP) em 1934, oferecendo inicialmente aulas nas modalidades industrial, agrícola, civil, além do Curso Anexo de Artes Mecânicas.
Os anos entre 1896 e a década de 1930 ficaram marcados por diversas inovações em São Paulo, movidas pelo poder financeiro do café. Uma das obras de maior destaque no Estado foi o Edifício Sampaio Moreira, empreendimento que resiste até os dias de hoje, no centro da cidade de São Paulo, e é considerado o primeiro arranha-céu da metrópole, inaugurado em 1924. Cinco anos depois, em 1929, outro colosso e cartão-postal passou a compor a paisagem do município: o Martinelli, construído pelo imigrante italiano Giuseppe Martinelli, que não só era o proprietário da obra, mas também trabalhou como pedreiro em algumas fases da construção.
Salto com industrialização
Mas é a partir dos anos 1930 que a profissão ganha destaque, com a industrialização em ritmo acelerado. Os engenheiros, que eram poucos até então, passaram a se tornar referência na sociedade e, portanto, a se organizar.
Registro sindical do SEESP.
Nesse contexto, surge o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo com a denominação de “Syndicato Profissional dos Engenheiros Civis e Architectos de São Paulo”. A intenção inaugural era garantir um representante classista no Congresso – o engenheiro Ranulpho Pinheiro Lima –, em atendimento à Constituição de 1934 que, no seu segundo capítulo, parágrafo terceiro, determinava:
Os deputados das profissões serão eleitos na forma da lei ordinária por sufrágio indireto das associações profissionais compreendidas para esse efeito, e com os grupos afins respectivos, nas quatro divisões seguintes: lavoura e pecuária, indústria; comércio e transportes; profissionais liberais e funcionários públicos.
Primeiros presidentes
Com o SEESP fundado, foi preciso definir uma linha de atuação e eleger a primeira diretoria da entidade. O primeiro presidente foi Francisco Teixeira da Silva Telles, profissional formado pelo Instituto de Engenharia em 1909 e importante nome na engenharia nacional, que trabalhou em obras como a Biblioteca Mário de Andrade, construção do túnel na Avenida 9 de Julho e em várias outras intervenções importantes. Ele permaneceu à frente do SEESP até 1952, tendo como sucessor Mario Freire (1952-1954), na era Vargas.
Da esquerda para a direita, Francisco Teixeira, Mario Freire, Christiano Carneiro Ribeiro da Luz Jr. e Cyro Peixoto Santos. Ao lado, Luiz Lins de Vasconcellos Neto:
primeiros presidentes do sindicato.
Em seguida assumem Christiano Carneiro Ribeiro da Luz Jr. (1954-1956), Luiz Lins de Vasconcellos Neto (1956-1960) e Cyro Peixoto Santos (1960-1980), cuja gestão enfrentou o desafio de atuar em meio à ditadura militar, a partir do golpe de 1964. Em junho daquele ano, o governo chegou a intervir em 270 organizações de trabalhadores.
Relação de primeiros associados à entidade.
Não obstante, no ano de 1977, importante conquista foi alcançada: a consolidação do primeiro dissídio coletivo, junto ao Sindicato dos Bancos. Em 1980 ocorre um momento de transformação no SEESP a partir do “Movimento de Renovação e Oposição”, que será a base para sua característica como sindicato-cidadão, avanço e consolidação. Assuntos abordados amanhã (18), no terceiro texto desta série.
Fotos: Acervo SEESP