Com Agência Pública
O governo de Minas Gerais e a Fundação Renova - organização criada em 2015, pela Vale, Samarco e BHP Billiton do Brasil, para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão - sabem desde maio e março, respectivamente, que a poeira das casas dos municípios de Mariana e Barra Longa está contaminada com metais pesados, assim como o solo superficial dessas localidades. Até então, a população local não foi informada oficialmente sobre os riscos à saúde que os rejeitos de minério, que ficaram impregnados na terra e poluíram as águas do Rio Doce, podem causar a curto, médio e longo prazo.
Foto: José Cruz/Agência Brasil-Arquivo Fotos Públicas
Casa atingidia por lama tóxica em Paracatu de Baixo, distrito de Mariana (MG)
A contaminação foi detectada pelo Estudo de Avaliação de Risco à Saúde Humana (ARSH), a que a Agência Pública teve acesso. Ele foi realizado pela empresa Ambios Engenharia e Processos ao longo de 2018 em oito distritos pertencentes a Mariana — Bento Rodrigues, Camargos, Ponte do Gama, Paracatu de Baixo, Paracatu de Cima, Pedras, Borba e Campinas; e em quatro distritos de Barra Longa, além do centro da cidade — Barretos, Mandioca, Gesteira, Volta da Capela. A pesquisa foi concluída em 22 de março deste ano, quando foi enviada à Renova. A entidade encaminhou o estudo à Secretaria de Estado de Saúde de Minas em 17 de maio.
Os resultados indicam que essas cidades estão classificadas como “Local de Perigo Categoria A: Perigo urgente para a Saúde Pública”. Isso significa, de acordo com o relatório, “que existe um perigo para a saúde das populações expostas aos contaminantes definidos através da ingestão, inalação ou absorção dérmica das partículas de solo superficial e/ou da poeira domiciliar contaminadas”.
Na poeira coletada nas residências foram encontradas concentrações de cádmio, níquel, zinco e cobre acima dos limites de segurança vigentes na legislação brasileira. Também em amostras de sedimento e solo superficial foram encontradas concentrações de cádmio, destacado como um metal cancerígeno, até 17 vezes superiores aos valores de referência utilizados na pesquisa com base em padrões nacionais existentes, às quais a população está exposta desde a ocorrência do desastre, há quase quatro anos. Esse foi o primeiro levantamento realizado após o rompimento da barragem do Fundão.
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