Maisa da Guia Rosa Malta se formou engenheira mecânica pela FEI em 2016, enfrentando muitos desafios pessoais. Mas está conseguindo se firmar na profissão.
Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia
Ela nunca “desmontou” carrinhos quando era criança para indicar que sua escolha profissional seria engenharia. Maisa da Guia Rosa Malta sempre teve “paixão” por aprender e por desafios, o que acabou levando-a para a área técnica. “Acredito que o que mais me inspirou a seguir essa carreira foi isso”, afirma, aos 29 anos e já no cargo de supervisora de Processos de Manutenção da Atlas Schindler – elevadores, escadas e esteiras rolantes –, empresa em que está há três anos.
Seus estudos e carreira vieram junto com grandes transformações na sua vida pessoal. “Fui mãe cedo e perdi meus pais também muito jovem”, por isso, prossegue, “tive de assumir a responsabilidade financeira da casa, tanto de minha filha quanto de minha irmã caçula enquanto cursava engenharia”. Foram anos muito difíceis, mas que, faz questão de frisar, consolidaram sua formação. Assim, com muita força de vontade, Rosa Malta se formou engenheira mecânica pelo Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI) em 2016.
Tendo que arregaçar as mangas muito cedo e se posicionar diante das dificuldades, Rosa Malta diz que mantém um olhar atento a situações que podem significar algum tipo de preconceito relacionado ao gênero. “Sinto-me na obrigação, quando necessário, de me posicionar dentro e fora do ambiente de trabalho”, avisa. Nesse sentido, ela destaca o comitê de diversidade da empresa que aborda, dentre outros temas, a questão da equidade de gênero. E pondera: “Estamos no começo, mas sinto que esse é o caminho.”
Apaixonada pela profissão, Rosa Malta a define: “É um desafio constante, mas que traz uma enorme satisfação pessoal para aqueles que vivem a profissão de maneira genuína. Essa foi a carreira que escolhi para deixar minha marca no mundo.” Para as mulheres, diz: “Acreditem em si mesmas, não se deixem abater pelas pedras no caminho e sigam acreditando em seus sonhos!” Confira a entrevista com essa engenheira.
Como se deu a escolha da profissão de engenheira mecânica?
Interessante que nunca tive essa resposta pronta. Nunca “desmontei carrinhos” quando era criança, mas sempre tive uma paixão muito grande por aprender, pelo conhecimento em si, por descobrir como as coisas funcionam. Para mim, ser engenheira é ter a habilidade de enxergar além, resolver problemas, encontrar soluções, melhorar continuamente, seja um mecanismo, um processo ou até mesmo a vida das pessoas. Acredito que o que mais me inspirou a seguir a carreira foi o fato de acreditar que, nessa profissão, nunca paramos de aprender, pois os desafios são constantes.
Como se deu o início da sua carreira profissional e quais os desafios enfrentados?
Apesar de ter feito alguns estágios durante a graduação, o início efetivo de minha vida profissional se consolidou na Atlas Schindler. Entrei aqui um mês depois de minha formatura, como engenheira de processos jr. de instalações existentes. Acredito que o maior desafio foi compreender meu real papel e responsabilidade ao assumir uma posição de engenheira, uma vez que apenas o diploma não nos dá essa consciência. Os primeiros meses foram bem intensos, tive que aprender muito rápido como funcionavam a dinâmica da operação de campo, os processos internos, as características técnicas de equipamentos e principalmente a lidar com diversos níveis hierárquicos, desde técnicos de campo até diretores. E foi ali que eu soube que, com o meu esforço, teria muitas oportunidades.
Como é trabalhar numa profissão ainda majoritariamente masculina num local também com a mesma predominância?
Esse fato ainda é um dos desafios da profissão, mas nunca sofri nenhum tipo de preconceito. Por ter interesse pessoal pelo tema diversidade, mantenho meu olhar atento a situações que podem estar sob influência de aspectos de gênero. Se precisar, sinto-me na obrigação de me posicionar a respeito, dentro e fora do ambiente de trabalho. Apesar dos desafios constantes, fico feliz em dizer que temos na empresa um Comitê de Diversidade que aborda, dentre outros temas, a questão da equidade de gênero. Estamos no começo, mas sinto que esse é o caminho.
Como tem sido o seu aperfeiçoamento profissional?
Acho de extrema importância o aprendizado contínuo na carreira de engenharia, seja em temas técnicos ou de gestão. Concluí a graduação há três anos e meio e ainda não realizei nenhum curso de pós-graduação. Estou à procura de um curso de MBA que possa enriquecer a compreensão do gerenciamento empresarial e que aborde a gestão de pessoas de maneira aplicável e genuína. Nesse período, entretanto, realizei diversos cursos de curta duração pela empresa, voltados a assuntos operacionais internos, além de estar me aperfeiçoando em um terceiro idioma, o espanhol.
Poderia nos contar sobre as suas atividades à frente desse cargo?
Lidero uma equipe bem diversificada com dez pessoas, que incluem desde o jovem aprendiz, no início da vida profissional, até experientes engenheiros(as) com décadas de empresa. O escopo de atuação da área abrange desde o desenho de procedimentos dos serviços de manutenção de elevadores e escadas/esteiras rolantes até o acompanhamento e gestão dos indicadores operacionais da linha de negócio da companhia chamada de "Instalações existentes".
O que fez antes de ser promovida a supervisora na empresa?
De engenheira de processos jr., em 2016, passei pela posição de engenheira especialista de operações, em 2018, e assumi a gestão de um projeto nacional em 2019. Foram muitos desafios, percalços, altos e baixos, mas também muitas oportunidades e aprendizados. Hoje só tenho gratidão.
A relação entre vida pessoal, familiar e profissional é tranquila?
Minha trajetória pessoal exigiu que eu tomasse algumas decisões com foco maior na carreira por um tempo. Fui mãe cedo e perdi meus pais também muito jovem, por isso, tive de assumir a responsabilidade financeira da casa, tanto de minha filha quanto de minha irmã caçula ainda enquanto cursava engenharia. Foram anos muito difíceis, mas que consolidaram meu caráter e me engrandeceram, pessoal e profissionalmente. E essa jornada dinâmica me trouxe muitos aprendizados, sendo um deles a consciência de que os “pilares de sustentação” da vida (família, social, trabalho, saúde) são complementares e um não se sustenta por muito tempo sozinho se os outros também não forem reforçados. Hoje me alegra dizer que tenho um equilíbrio muito maior entre esses pilares, que minha família e vida pessoal estão em harmonia mesmo mantendo uma intensa jornada de trabalho.
O que falaria para as mulheres?
Falaria, com brilho nos olhos, que a carreira na engenharia é uma grande aventura! Ser engenheira é um desafio constante, mas que traz uma enorme satisfação pessoal para aqueles que vivem a profissão de maneira genuína. Essa foi a carreira que escolhi para deixar minha marca no mundo. Se assim desejarem, acreditem em si mesmas, não se deixem abater pelas pedras no caminho e sigam acreditando em seus sonhos!