Comunicação SEESP / Foto: Agência Brasil
Estudos e pesquisas aplicadas em fármacos e equipamentos hospitalares que vêm sendo feitas por instituições brasileiras foram apresentadas nesta quinta-feira (25/3) pelo secretário nacional de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Denizar Vianna. A informação à sociedade foi dada durante entrevista coletiva dada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta - o qual alinhou seu discurso ao do presidente Jair Bolsonaro no que se refere à quarentena, afirmando que "saúde só funciona quando gera riquezas" e sugerindo que governos estaduais tomaram "medidas assimétricas".
Vianna, por sua vez, centrou sua fala em apresentação técnica sobre os possíveis avanços em C&T ao tratamento da Covid-19. Segundo ele, entre as pesquisas aplicadas em curso para "dar respostas à população", a relativa à "possibilidade de usar um mesmo respirador [pulmonar] para ventilar mais de um paciente ao mesmo tempo". Também o desenvolvimento de peças em impressoras 3D para suprir com agilidade componentes de ventiladores que se desgastam "rapidamente".
Cloroquina não deve ser usada em casa, para tratar formas
leves da Covid-19 ou para prevenção, alerta secretário.
No que se refere a fármacos, o secretário afirmou que há "vários estudos, inclusive, com a OMS (Organização Mundial da Saúde) para testar diferentes compostos com ação antiviral". Entre eles, destacou um "medicamento muito promissor em que o Brasil detém uma experiência muito grande de mais de décadas: a cloroquina, que já teria provado sua eficácia ao interferir no "ciclo de replicação do vírus [nos testes] in vitro e cujos estudos clínicos estão em curso". Anualmente é usada por mais de 200 mil pacientes, em especial no tratamento de malária, mas também de lúpus e artrite reumatoide.
"Hoje o que estamos estudando é a hidroxicloroquina, que é o mesmo medicamento, mas na utilização crônica dá menos eventos adversos [efeitos colaterais, como prejuízo à visão]." Conforme Vianna, a proposta é oferecer dentro dos hospitais essa alternativa terapêutica com "um protocolo específico de curto prazo - cinco dias de tratamento - somente para pacientes graves com Covid-19, já que nos CTIs [Centros de Tratamento Intensivo] a mortalidade é de 49%, ou seja, de cada dois pacientes, um vem a falecer". E salientou: "O Brasil tem competência e capacidade de produzir esse medicamento. Estamos distribuindo 3,4 milhões de unidades aos estados como condição complementar ao tratamento, sob máximo controle. Vamos monitorar passo o passo o uso junto aos pacientes do SUS [Sistema Único de Saúde]."
Ele frisou que "não é seguro o uso de cloroquina fora do ambiente hospitalar" - a qual "não é indicada para formas leves ou prevenção [da Covid-19]". Portanto, a população não deve fazer uso do medicamento em casa.
Após chegar ao público a possibilidade de a cloroquina ou hidroxicloroquina ser eficaz contra a Covid-19, houve uma corrida às farmácias no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou, a partir de 20 de março, a enquadrar as substâncias como de controle especial. Ou seja, não podem mais ser vendidas sem prescrição médica e retenção da receita. Pacientes que já utilizavam o medicamento e ainda têm receita simples, podem utilizá-la por até 30 dias [ou seja, até 20 de abril].
Confira entrevista coletiva na íntegra aqui.