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10/04/2020

Engenheiro fala de sua paixão pelo universo metalúrgico

Metalurgia está no dia a dia da sociedade, do setor automobilístico aos ambientes hospitalares e equipamentos médicos


Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

Em meio a esta desafiadora etapa de lidar com a Covid-19 no mundo do trabalho e pessoal, optamos por, além de continuar a responsabilidade de informar sobre o vírus, formas de prevenção e novas notícias, celebrar também nosso compromisso com os engenheiros que contribuem dia a dia com o desenvolvimento da sociedade.

600 Jefferson UsiminasJefferson Lisboa Lelis no escritório dos engenheiros, técnicos e assistentes do laminador de tiras a quente (LTQ), na Usiminas, unidade de Cubatão.

 

Por isso, em 10 de abril, quando se comemora o Dia do Engenheiro Metalurgista, queremos parabenizar e destacar a importância dessa profissão e desse setor industrial para o mundo. Muito lembrado na indústria automobilística, o aço está muito mais presente no nosso dia a dia do que imaginamos – além do carro, está nas construções, no navio, na geladeira ou fogão, em painéis solares, equipamentos agrícolas, máquinas industriais, torres eólicas ou até mesmo numa plataforma de petróleo. E ainda mais: também está presente no ambiente hospitalar, seja em algumas partes da infraestrutura da construção do prédio ou nos equipamentos, como a maca.

Isso é possível porque a engenharia metalúrgica é o conjunto de conhecimentos empregados na transformação de minérios em metais e ligas metálicas e em sua aplicação na indústria. Para falar sobre essa profissão tão fundamental à sociedade, entrevistamos o orgulhoso engenheiro metalurgista Jefferson Lisboa Lelis, da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), na unidade de Cubatão (SP) – a matriz fica em Ipatinga (MG). Inicialmente ressalta: “O aço tem uma aplicabilidade gigante, desde motores elétricos, equipamentos de pesquisas, a indústrias maiores de automóveis, civil etc..”

Lelis tem 30 anos. É natural do Rio de Janeiro. Ele faz questão de dizer que é oriundo de uma família simples: “Meus pais não tiveram oportunidade de fazer um curso superior.” Agora vamos conhecer um pouco mais essa trajetória profissional que começou ainda na adolescência.

Curso técnico de metalurgia
Seu encontro com a profissão se deu cedo, aos 14 anos, no curso técnico de metalurgia [na Escola técnica Silva Freire – Flumitrens] e trabalhando na empresa de trens da capital fluminense, a Supervia, na área de manutenção. Paralelamente, Lelis cursou o ensino médio no Colégio Federal Pedro II, “que me deu uma base muito grande para ter sucesso no vestibular da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde decidi pela Engenharia Metalúrgica, motivado pela paixão que desenvolvi pela soldagem nesse início de carreira”. Segundo ele, isso causou estranheza à família, “pois não tem nenhum engenheiro e não sabiam nem que existia essa ramificação tão linda”, lembra.

600 Jefferson Curso técnicoJefferson, aos 14 anos, no curso técnico de metalurgia na Escola técnica Silva Freire – Flumitrens.

 

Nosso engenheiro ainda fez um esforço maior durante o curso, que era na cidade de Volta Redonda, de olho no piso salarial da categoria. “Como era amante da minha cidade natal e estava longe de casa, fazia as contas com o valor do piso salarial do engenheiro, quanto eu teria de potencial se me formasse antes. Assim, me dediquei para terminar o mais breve possível. Consegui fazer matérias mais avançadas do que o período que estava e consegui me formar com um ano de antecedência, em 2012, com 23 anos de idade.” Também num período de férias de final de ano, Lelis fez intercâmbio para estudar inglês no Canadá.

Ele faz questão de ressaltar que seu início de carreira conseguiu “juntar meu amor platônico, a solda, e meu novo amigo que será de longa data, o aço”. E explica como foi esse encontro: “Fiz MBA na área de gestão na UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] e achei que poderia chegar a uma empresa de grande porte para evoluir na minha carreira profissional. Assim foi meu encontro com a Usiminas.”

Sem pensar duas vezes, como ele mesmo diz, deixou a cidade do Rio de Janeiro para trás e veio para São Paulo, “atrás dos meus sonhos profissionais em um programa de trainee com quase 20 mil inscritos, em sua primeira edição; consegui ser um dos 70 felizardos aprovados”.

 

Há seis anos na Usiminas, fala do seu desenvolvimento na carreira: “Passei para engenheiro júnior, depois pleno e atualmente estou sendo promovido para sênior, e venho me dedicando a aprender cada dia mais e mais, pois aqui você está imerso no universo metalúrgico. Tem muita coisa a se estudar e avançar na metalurgia.”

Lelis continua a conciliar trabalho com qualificação profissional. “Dentro da própria siderúrgica, consegui desenvolver minha dissertação de pós-graduação, na USP [Universidade de São Paulo], na área de engenharia de soldagem.”

A partir de 2017, como destaca, ingressou no grupo seleto de engenheiros da Usiminas com uma certificação global valiosa ao passar na prova da American Society for Quality (ASQ), em tradução livre em português, Sociedade Americana de Qualidade. Segundo Lelis, a Usiminas é a empresa brasileira com maior número de engenheiros com essa certificação global. “Ela que paga o custo todo do curso e da prova.”

Atualmente alocado na gerência técnica de laminações e junto com uma equipe de 23 técnicos e engenheiros, “buscamos a competitividade e a melhoria de performance dos nossos produtos”, orgulha-se. E acrescenta que sua relação interpessoal “é muito saudável dentro da empresa, não só com a nossa equipe, como com diversas outras no convívio diário”.

 

Lelis acredita que, para ser um bom engenheiro, ao longo da carreira é necessário não só ter um bom conhecimento de gestão de pessoas e empresarial, mas também estar “muito antenado nas ferramentas tecnológicas de recursos para gestão de mudanças e um viés de inovação muito forte”. Nessa direção, sua sugestão aos profissionais que estejam ingressando na engenharia é que “retirem alguns paradigmas que foram criados para a nossa indústria metalúrgica e estejam dispostos a inovar, pois o prazer do resultado é muito alto devido à proporção de larga escala de produção que é um mundo siderúrgico”.

Construção em estrutura metálica
O engenheiro metalurgista faz observações importantes quando é necessário uma velocidade maior nas construções: “Um recurso muito interessante é a construção em estrutura metálica.” Segundo ele, essa alternativa é vista como cara inicialmente, “mas os benefícios com relação à construção convencional são inúmeros”. Lelis informa que a prática já é utilizada em países mais desenvolvidos e destaca, referindo-se ao momento de combate ao novo coronavírus: “Hospitais, prédios, galpões e infraestrutura para combater uma crise desse porte e acelerar o retorno da atividade econômica após a retração que teremos pode ser uma vantagem competitiva da indústria metalúrgica.”

600 Jefferson Usiminas 2Jefferson com a esposa Renata Siqueira, em foto de 2018, em frente ao equipamento Laminação de Tiras a Quente 2 (LTQ2), na Usiminas.

 

Por fim, o engenheiro metalurgista da Usiminas diz que concilia tudo isso “com uma família linda que Deus me deu em Santos, minha esposa e meu filho de um ano, que me enchem de força para os próximos anos que vêm pela frente de desafios, conquistas e aprendizados”.

Siderurgia nacional e profissionais
A indústria do aço no Brasil é representada por 14 empresas privadas, controladas por 11 grupos e operando 29 usinas distribuídas por dez estados brasileiros, levando o País a ocupar a nona posição no ranking da produção mundial.

A Usiminas é uma dessas empresas privadas, líder na produção e comercialização de aços planos laminados a frio e a quente, bobinas, placas e revestidos, destinados principalmente aos setores de bens de capital e de bens de consumo da linha branca, além da indústria automotiva.

O número de engenheiros metalurgistas ativos cadastrados junto ao Sistema Confea/Crea é de 4.789 em todo o território nacional, sendo 4.311 homens e 478 mulheres.

 

 

 

 

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