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25/05/2020

Especialista dá dicas sobre processos seletivos em tempos de pandemia

Executivo da Companhia de Estágios, em live, fala sobre o reposicionamento de processos seletivos e empresas a partir da pandemia da Covid-19.

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

Como os processos seletivos seguem daqui para a frente com o cenário de crise criado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) foi o tema discutido, em 13 de maio último, com o CEO da Companhia de Estágios, Tiago Mavichian. Ele foi o convidado de live realizada pelo SEESP no perfil oportunidades_na_engenharia, no Instagram. O assunto atraiu jovens e profissionais que queriam saber sobre competências comportamentais (soft skills), recrutamento 100% digital, gamificação e como se preparar para entrevistas e apresentações em vídeo. Mavichian deixou, entre tantas, uma dica de ouro: “O mercado vai querer saber o que você fez durante a pandemia. Você ficou assistindo televisão? Ou se mexeu, buscou conteúdos, fez networking?”

 

Live 13MAI2020 8Alexandra Justo coordena live com o CEO da Cia de Estágios, Tiago Mavichian.

 

O debate foi coordenado pela gestora da área de Oportunidades na Engenharia do SEESP, Alexandra Justo. À abertura, a gestora destacou a frutífera parceria entre a entidade e a Cia de Estágios na divulgação de vagas de estágios específicas para estudantes de engenharia. Ela parabenizou a recrutadora por apoiar a causa #nãodemita e pelo recebimento do selo do Great Place to Work  2020 (GPTW), neste ano, sendo considerada uma das melhores empresas para se trabalhar. A GPTW, como salientou Justo, é uma autoridade global no mundo do trabalho e muito reconhecida pela área de recursos humanos e de gestão.

 

Ao longo do debate, ela trouxe assuntos que estão na cabeça de todos os profissionais e estudantes, em tempos de pandemia: o que é um processo 100% digital, como se preparar para as entrevistas online e criar um vídeo de apresentação. Como ressaltou, os processos seletivos tinham etapas muito tradicionais, como a entrega de currículos, entrevistas presenciais e em alguns processos testes e algumas dinâmicas em grupo. Hoje esse modelo foi extremamente ampliado considerando os fenômenos como a inteligência artificial, bastante pautado nas palavras-chave, o machine learning, os jogos virtuais, busca de competências comportamentais etc..

 

Em quase uma hora de debate, o CEO discorreu sobre esses temas que interessam ao estudante que procura estágio e ao profissional que busca uma colocação ou recolocação no mercado. A seguir, a transcrição de alguns trechos da fala de Tiago Mavichian na live.

 

#JuntoseConectados e #nãodemita
A Companhia de Estágios, desde o começo da crise, adotou uma postura positiva e propositiva de trabalho. Criamos uma página, a #juntoseconectados, que reúne ações contra a crise, desde notas técnicas, vídeos, cases e outros conteúdos. Apoiamos também o movimento #nãodemita, lançado por grandes empresas. Elas se comprometem a não demitir neste momento de crise, até porque essa situação vai passar.

 

Processos virtuais
Digital Rawpixel FreepikRawpixel
Os processos estão cada vez mais virtuais e digitais, com gamificação e outras ações. Com a pandemia, apesar de algumas empresas terem suspendido as contratações, tivemos outras que não pararam. E foi necessário criar solução com mecanismos 100% digitais.

 

Para o candidato, dificilmente as coisas serão como antes também. Os processos tendem a ser mais tecnológicos. Por isso, é importante se cadastrar em sites e plataformas sérios que anunciem vagas. O cadastro deve ser feito da melhor maneira possível, com atenção e cuidado, preenchendo todos os campos do formulário. Isso porque as ferramentas que utilizam a inteligência artificial e outros filtros vão usar e cruzar todas as informações para fazer a leitura e a identificação dos candidatos mais aderentes à vaga. Então, quanto mais completo o cadastro mais chances de ser “enxergado” nessa parte digital.

 

Para o estudante, vale a dica de não subestimar nenhuma experiência de vida na hora de fazer o cadastro. Orientamos que coloque o que se fez em termos de trabalho voluntário, iniciação científica na faculdade, participação em diretório acadêmico, atividade extracurricular, intercâmbio. Até a experiência de mudar de cidade para estudar vale.

 

Palavras-chave e match
Palavra chave Roserodionova FreepikRoserodionova
Existem dois modelos básicos que a área de recursos humanos (RH) usa na hora dos processos seletivos: um é a busca por filtro e o outro, por palavras-chave.  A primeira é quando o RH define o nome do curso, experiências específicas (ter AutoCAD, por exemplo). Essa é uma linha de atuação.

 

A outra é usar ferramentas da inteligência artificial que proporcionarão uma leitura mais completa do perfil do candidato, com base, inclusive, em decisões anteriores, para fazer um match mais assertivo entre o candidato e o que a empresa está procurando. A ideia é avaliar mais valores, comportamentos e competências, primeiro; e depois filtros técnicos.

 

Portanto, o processo tradicional de cadastro de currículo, testes online – que, basicamente, levantavam a parte de conhecimentos gerais, lógica e idioma –, algumas dinâmicas presenciais de grupo estão ficando para trás. Com a ciência de dados, as pessoas são identificadas individualmente pelo comportamento e decisões. E como isso funciona? Por exemplo, na Cia de Estágios, além de teste comportamental, temos dois tipos de games, em que mapeamos o comportamento do candidato durante o jogo para identificar algumas das suas características com base em suas decisões. Não avaliamos se ele é bom ou não, mas se tem determinada característica e qual o nível dela. Não existe candidato bom ou ruim, existe o perfil da vaga e o que seria o melhor para aquela posição.

 

Importante, aqui, falar um pouco sobre o que acontece antes da vaga definida e anunciada. O analista ou psicólogo vai falar com o gestor para entender como é a área, o que já funcionou ou não, desafios, características que ele entende sejam boas, quais as características e competências que quer identificar nos candidatos. O sistema vai identificar também filtros técnicos, por exemplo, se é uma vaga em Recife não posso ter uma pessoa que está estudando em São Paulo e não pode mudar; se é idioma de inglês, é requisito. Faço um parênteses: a gente tem brigado bastante com as empresas para não exigirem inglês se realmente não for imprescindível, porque pode causar frustração no candidato, fazendo-o sair da empresa. E aí as empresas não sabem porque não conseguem reter talentos.

 

O nosso desafio é entender quais são realmente as características e competências necessárias para aquela ocupação para ter uma vaga factível e possível.

 

Inteligência artificial
JPG IA Gordon Johnson por PixabayGordon Johnson | Pixabay
Ainda é importante o candidato estudar a empresa, a área, ver quem é o gestor. Essa "lição de casa" ainda conta ponto, claro. Com a gamificação, o que se quer é se aproximar mais e melhor de quem é aquela pessoa, porque no jogo não dá para ensaiar ou desempenhar um papel como se fosse um teatro. O jogo mostra como o candidato tomaria as decisões em determinadas situações.

 

A IA vai buscar as competências com base nos testes do jogo e outros tipos. Com base nisso, será convidado para uma etapa virtual, por vídeo, em que vai falar com o pessoal da consultoria, do RH e, ao final, com o gestor ou executivo da empresa.

 

Avaliação mútua
O candidato a uma vaga não precisa ficar triste ou frustrado se não passou num  processo seletivo. Sabe por que? Porque quando você entra na empresa, precisa e quer dar certo. Então, a ideia é acertar para os dois lados. Mostrar quem você é num processo vai ajudar a tomar a decisão correta, porque o candidato também avalia a empresa.

Nesse sentido, destaco uma pesquisa que fizemos em que os candidatos apontaram o que mais odeiam num processo seletivo: em primeiríssimo lugar, não receber feedback da empresa; em segundo, processos longos que fazem até o interessado esquecer; e, por fim, muitas etapas. Com base nisso, a gente tentou construir os nossos processos de forma enxuta para ser uma experiência positiva para todos.

 

Conduta social das empresas
Processos seletivos massacrantes e humilhantes, na maioria dos casos, ficaram para trás. Porque hoje conta também a candidate experience [experiência do candidato] e employee journey [jornada do empregado] depois que ele entra na empresa, pois o empregado é também consumidor dos produtos, serviços e valores vendidos pela empresa. Hoje, as empresas precisam ter uma etiqueta de conduta social e de preocupação com as pessoas. É uma preocupação fazer um processo sério, transparente e respeitoso. Lembrando que a empresa vai escolher, mas o candidato também vai.

 

Mas as empresas estão inovando. Temos o caso bem legal da Reckitt Benckiser, grupo inglês de produtos de saúde e higiene, que fazia uma seleção diferente a partir de desafios em cima de um problema social do país em que ocorria o processo seletivo. Os candidatos tinham de apresentar uma solução utilizando os produtos da marca. Era um programa baseado em três pilares: divulgação da marca, encontrar talentos e gerar inovação, ideias. A Cia de Estágios coordenou esse processo, no Brasil, por dois anos. A empresa testava a capacidade de se mobilizar em torno de uma causa.

 

Gamificação
Gamificação Macrovetor FreepikMacrovetorO termo gamificação [que vem do inglês gamification] identifica, de forma resumida, a utilização de elementos de jogos em contextos que não se resumem a entretenimento. Existem dois modelos principais de gamificação que podem ser adotados nos mais diferentes contextos: o analógico, jogos que envolvem tabuleiros, cartas ou outras dinâmicas presenciais; todavia, o mais usado, nos recrutamentos, é o digital, que aproveita os avanços tecnológicos para criar uma experiência dentro de uma plataforma eletrônica, assim como os games mais sofisticados. São vários tipos de jogos usando as mais diversas tecnologias a partir da 2D. De forma especial, a Cia. de Estágio já trabalha com o universo 3D, com o uso de óculos de realidade virtual para levantamento de perfil dos candidatos.

 

 

 

Apresentação em vídeo
Os processos seletivos estão valendo-se da tecnologia para diversificar e inovar, mas todas as etapas são importantes. Por causa da pandemia, as apresentações por vídeo tendem a crescer. Por isso, atenção na hora de gravar ou mesmo de ter uma conversa ao vivo online com imagem. Os recrutadores estarão muito atentos aos detalhes e observando o ambiente. Inicialmente, verifique o dress code [código de roupa] daquela empresa e adequado à sua área. Atenção que existe um código para o engenheiro, uma das profissões mais versáteis e que transita em quase todas as áreas; a roupa social deve ficar mais para advogados.

 

Definida a roupa, o que não pode faltar num vídeo de apresentação é o olho no olho. O candidato precisa ter aquele brilho, vontade e energia. Depois, informações básicas, como, nome, faculdade e curso que está fazendo, o que na sua trajetória é relevante, algum intercâmbio, engajamento em alguma ação social. Conte tudo isso com paixão, segurança e energia, porque o gestor vai ouvir com atenção.

 

Lembre-se que você não vai pedir uma vaga, mas se mostrar adequado e preparado à posição. Mostre que você tem consciência do seu perfil e está preparado para se desenvolver no que for preciso.

 

Competências em alta
Equipe Harish Sharma por PixabayHarish Sharma | PixabayO processo sempre tem foco em talento e competência. O recrutador começa com o mapeamento. Exemplos básicos: pessoa da área de venda, precisa de alguém que se relacione e se comunique bem. O recrutador vai fazer uma série de perguntas para saber como você se comportou em diversas situações, qual seu papel, o que sentiu. Ou propor uma situação hipotética para avaliar o que você faria.

 

Mesmo o engenheiro, conhecido no mercado como muito inteligente e analítico, precisa se compatibilizar com o mercado atual. As competências mais buscadas basicamente estão relacionadas à capacidade de trabalhar em equipe, cada um assumindo o seu papel no time; tem aquele que coordena bem, outros que são perfeitos na execução; outro que sabe se apresentar e vender bem; tem aquele com maior capacidade analítica, de encontrar padrões; o melhor na organização; mas há muitas outras competências.

 

O que você fez na pandemia
Para finalizar, gostaria de destacar que o mercado vai querer saber o que você está fazendo ou fez durante a pandemia. Ficou em casa assistindo TV, sem reagir? O que você está fazendo agora vai mostrar o seu perfil, mostrar qual a decisão que tomou. Além disso, ganha força o modelo de trabalho digital e a presença no escritório vai diminuir bastante, a capacidade de equipe será mais exigida, assim como a integração com tecnologias, resiliência de tomar uma pancada dessas e conseguir reagir. O que você está fazendo hoje vai ser perguntado e vai mostrar quem você é para o mercado. Por isso, mexa-se. Faça alguma coisa. Busque conteúdo, cursos, melhore o networking, leia, busque novas formas de fazer.

 

150 Cia de estágiosVagas
Quero deixar uma dica aqui para todos que existem vagas abertas no site da Companhia de Estágios, no www.ciadeestagios.com.br. Quem não tem cadastro ainda, é só fazer, é muito fácil. Tem bastante vaga também para os estudantes de engenharia.

 

 

 

Confira o vídeo abaixo com a live na íntegra: 

 

 

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