Agência Sindical*
A contaminação pelo novo coronavírus avança no Brasil e demonstra estar longe do fim. Já são quase 25 mil óbitos e mais de 390 mil contaminados. Os impactos na economia e no mercado de trabalho também são devastadores e duradouros. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os primeiros a trazer o retrato do impacto da pandemia no mercado de trabalho, mostram que a economia brasileira fechou 1,1 milhão de vagas de trabalho com Carteira assinada entre os meses de março e abril. Com o agravamento da situação, o Auxílio Emergencial de R$ 600,00, pago por três meses pela Caixa Federal a trabalhadores informais, autônomos, desempregados e Microempreendedores, será insuficiente.
Quem comenta é o diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fausto Augusto Junior. À Agência Sindical ele alerta que o Abono expira em junho, justamente quando o País deverá estar no pico de mortos e contaminados. “O benefício foi aprovado com validade de três meses, que serão insuficientes tendo em vista o agravamento da pandemia. Ela vai continuar pra além de junho e seu efeitos econômicos serão ainda mais duradouros”, comenta.
Fausto defende que se abra a discussão no Congresso Nacional para a prorrogação do Auxílio. Ele explica: “Precisamos abrir esse debate, deixando claro que a pandemia não vai passar tão rápido. E que a crise econômica que vem com ela terá consequências tão graves como a própria questão sanitária”.
Renda
Outro levantamento, pela consultoria IDados a pedido do jornal Valor Econômico, mostra que o total de domicílios sem renda do trabalho cresceu em 1 milhão de unidades no primeiro trimestre de 2020, aumento de 6,5% em relação ao último trimestre de 2019. O período da pesquisa contemplou apenas o começo dos efeitos da pandemia.
“Já estamos há dois meses do período abordado - a quantidade de domicílios sem renda do trabalho deve estar se ampliando. Por isso precisamos engajar a sociedade nessa luta pra conseguir estender o abono. É questão de cidadania”, destaca o diretor-técnico do Dieese.
Parlamentares também já defendem a extensão do benefício. Na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), delegou a alguns deputados a missão de estudar a viabilidade financeira da manutenção. “Não podemos esquecer que o Auxílio Emergencial é fundamental. Se a crise continuar, ele vai ser tão importante quanto está sendo agora”, disse Maia. O governo acena com essa possibilidade. Mas o ministro Paulo Guedes defende valor de apenas R$ 200,00.
Economia mundial
O governo brasileiro não faz parte de uma lista de mais de 50 países e entidades internacionais que se reunirão, em evento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quinta-feira (285), para apontar estratégias para a recuperação econômica dos países num cenário pós-pandemia. O evento é liderado pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e da Jamaica, Andrew Holness. Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras instituições também estarão presentes. Países como Argentina, Haiti, Costa Rica e Colômbia, além da União Europeia, França, Alemanha, Japão e Reino Unido fazem parte da lista de países que farão parte do debate. Outro país que também não estará na mesa são os Estados Unidos.
*Informação internacional com agências