Comunicação SEESP
Em meio à pandemia, tanto a saúde pública quanto as condições de saneamento básico no País poderiam estar melhores se tivessem sido feitos, ao longo dos últimos anos, os investimentos necessários nessas áreas essenciais.
Quem apontou foi Silvana Guarnieri, vice-presidente do SEESP no Grande ABC, em live intitulada "Saneamento, saúde e pandemia". Realizada nesta terça-feira (2/6) pela Agência Sindical, foi conduzida pelo seu coordenador, o jornalista João Franzin. No formato de entrevista, a transmissão ao vivo marcou atividade pela Semana do Meio Ambiente - de 1 a 5 de junho.
João Franzin e Silvana Guarnieri em live na
Semana do Meio Ambiente. (Reprodução Facebook)
Engenheira civil e sanitarista, ex-vice-prefeita de Diadema, Guarnieri apontou a ausência de políticas públicas efetivas para assegurar a universalização do saneamento básico, inclusive no que concerne a resíduos sólidos. "Acredito que o próprio povo não cobra definitivamente essa questão."
Ela afirmou que departamentos de água e esgoto já existiam em quase todas as cidades do País nos anos 1920 e 1930. A despeito disso, sua cidade - Diadema -, por exemplo, tinha 99% de abastecimento de água, mas apenas 14% de tratamento de esgoto em 2013 - hoje está na faixa dos 56%. "Houve melhora da qualidade em alguns indicadores, principalmente na parte da água. Já há menos doenças em função disso, porque lá uma das demandas da população sempre foi saúde. Não é um dos melhores do País pela demanda de médicos e demais profissionais da área que queiram trabalhar na cidade."
Os indicadores refletem realidade nacional: segundo o Instituto Trata Brasil, no País somente 46% do esgoto é tratado; na região Sudeste, a média é de 50,09%. Quanto ao abastecimento de água, são quase 35 milhões de brasileiros ainda sem acesso.
A dirigente observou ainda a ausência de sistemas bem definidos em relação a resíduos sólidos, cujo acondicionamento do material, reciclagem e destinação adequada também são explicitados com a pandemia.
Como afirmou Guarnieri, as propostas e protagonismo dos engenheiros à universalização do saneamento, com os devidos investimentos e planejamento, constam do projeto "Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento", iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) com a adesão de seus sindicatos filiados, entre os quais o SEESP.
Segundo salientou, inversões em tal infraestrutura tem potencial na retomada do desenvolvimento nacional. Tais obras envolvem engenharia civil, uma das que mais geram empregos, com "benefícios econômicos e à saúde no País".
Defesa do SUS
Agravante, sobretudo em tempos de pandemia, é que também não foram feitos, conforme Guarnieri, ao longo dos últimos 15 a 20 anos, os investimentos necessários no Sistema Único de Saúde (SUS), "grande legado do povo brasileiro". "Jamais deveríamos ter abandonado, e houve um certo relaxamento nessa política. Espero que melhorem as condições com a pandemia, que levou à reavaliação do sistema e sua demanda."
Guarnieri lembrou que mesmo aqueles que podem dispor de convênios médicos utilizam o sistema, por exemplo quando vão tomar vacina em postos de saúde. "Sou grande defensora do SUS, atende toda e qualquer pessoa, sem distinção. Poderia ser melhor se houvesse os investimentos necessários", reiterou. Franzin ratificou e complementou: "Todo mundo usa o SUS, que paga transplante, tratamento oncológico."
Há, como concluiu, muito a fazer. Positivo, frisou, é que há capacidade técnica para tanto e vontade popular.