Deborah Moreira
Comunicação SEESP
O Inspire, respirador artificial de baixo custo (R$ 1 mil), será apresentado durante o webinar "Engenharia e ciência no combate ao coronavírus”, promovido pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), na terça-feira (16/6), das 17h às 18h30.
Programado para ser montado em até duas horas e meia, é resultado de cooperação técnica entre diversas faculdades da Universidade de São Paulo (USP) - Escola Politécnica (Poli), Direito, Medicina, Medicina Veterinária, Odontologia e Agência de Inovação -, além do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-SP), Instituto Federal e Marinha, em cuja fábrica se encontra em fase final de testes. Está disponível em open source (código aberto).
Entre as premissas para o projeto está contar com peças de baixo custo e fáceis de serem encontradas no mercado nacional: “Focamos na indústria local de ventiladores com uma base de peças plenamente disponíveis no mercado brasileiro. Desenvolver peças locais nos dá vantagens competitivas. E temos uma indústria automotiva forte, uma indústria aeroespacial forte. Alguns equipamentos pneumáticos são de uma indústria aeronáutica sobrevivente. Inclusive, relacionada ao parque fabril da Embraer que a supre. Tudo isso estruturado no campo das boas práticas da engenharia”, explica Marcelo Zuffo, professor titular da Poli e coordenador do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas da USP, que participará do webinar.
A atividade integra o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da FNE com a adesão do SEESP e demais sindicatos filiados que propugna por um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, com inclusão social. Agora, debruça-se sobre soluções para reduzir os impactos da pandemia que tornou necessário o isolamento social em diversos países, modificando a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.
Pelo menos desde o final de janeiro último a comunidade científica brasileira já observava com atenção a dinâmica do novo coronavírus. Naquela ocasião, tinha chegado na Tailândia, Japão e Coreia do Sul, com 2 mil casos registrados da doença em todo o globo, com 50 mortes, sem contar os casos chineses, onde começou a epidemia em dezembro de 2019.
Quando chegou na Itália, em fevereiro, veio o alerta quanto à falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de cilindros de oxigênio e de ventiladores para as UTIs. É a realidade em diversas regiões do Brasil, que até quinta-feira (11/6) à noite já somava 805.649 casos confirmados e 41.058 óbitos causados pela Covid-19.
Na busca por dar resposta a essa situação, os engenheiros passaram a analisar também outros pontos fundamentais, como a ruptura das cadeias globais de fornecimento de insumos, o confisco de materiais na Europa e os embargos de equipamentos. Além disso, companhias aéreas decretando falência e quebras de grandes contratos, como da Boing-Embraer pela empresa americana.
“Começamos a perceber que o mundo entrava em modo de economia de guerra. Inclusive, uma das definições deste momento atual é Guerra Fria 2.0, em que nações antagônicas estão em conflito de maneira muito forte no campo da geopolítica. Começamos a ver uma situação real de falta de insumos. E numa guerra é preciso, por exemplo, nacionalizar a produção de alguns insumos, ser criativo na entrega de soluções, ser rápido”, enfatiza Zuffo.
Na sua ótica, o grande desafio da engenharia nacional neste momento é “pensar nesse contexto de guerra, com as falhas da cadeia de suprimentos". Para ele, será preciso usar técnicas extremamente ágeis, porque a evolução do vírus é exponencial.
Também coordenador do Conselho Assessor de Comunicação e Telecomunicações do SEESP, o professor informa que este já está trabalhando em um consenso de que a pandemia veio para evidenciar as falhas em infraestrutura já existentes. “E nesse contexto tem-se a valorização do engenheiro, jogando luz sobre qual é seu papel na sociedade. A pandemia ataca a infraestrutura, a economia, a empregabilidade. E advinha? Só vai ser resolvida com engenharia, ciência, pesquisa e investimento na indústria nacional”, conclui.
Serviço:
Webinar - Engenharia e ciência no combate ao coronavírus
16 de junho, às 17 horas
Participantes:
Marcelo Zuffo – Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP)
Amarildo Tabone Paschoalini – Professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Henry Campos – Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Transmissão:
YouTube (youtube.com/ FNESind) e Facebook (facebook.com/FNEngenheiros)
Mais informações:
E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Telefone: (61) 3225-2288