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Um artigo publicado no Valor Econômico sintetizou as ações que precisam ser feitas no campo da mobilidade para que as grandes cidades tenham mais sustentabilidade no sistema de transporte e, consequentemente, na economia e no meio ambiente. Para Sergio Avelleda, diretor da ONG WRI Ross Center for Sustainable Cities, e Luis Antonio Lindau, do instituto de pesquisa WRI Brasil, este é o momento chave de dar início às mudanças necessárias que as cidades precisam. Caso contrário, o sistema tende a ruir, uma vez que empresas podem fechar suas portas devido à falta de fontes de financiamento que garantam seus negócios.
Sem novos modelos de negócio para as empresas conseguirem diversificar seus serviços, como a adoção de aplicativos, os especialistas sentenciam: “multiplicam-se mototáxis e vans informais, cresce a circulação de carros e principalmente motocicletas, com maior poluição do ar, mais mortos no trânsito e níveis de congestionamento até então desconhecidos.”
Lindau e Avelleda sugerem um círculo virtuoso, dividido em três fases, com uma sequência de ações propositivas para que essas mudanças sejam implementadas. Na primeira, as transformações causadas pelo isolamento social são fortemente sentidas nas ruas, com queda brusca de passageiros no transporte de massa e menos gente circulando nas calçadas, menos carros, com consequente diminuição de acidentes e congestionamentos, melhora da qualidade do ar. Ainda como resultado desse novo pano de fundo, ocorreria a ampliação dos espaços para pedestres e ciclistas, com calçadas alargadas e ciclovias estendidas, de forma a conectar com trechos existentes, terminais de ônibus, metrôs, barcas e trens, formando uma rede, com diversos desdobramentos, como estacionamento seguro para bicicletas e mais faixas exclusivas para ônibus.
Na segunda fase, ocorreria uma valorização dos espaços públicos livres de aglomeração, além da percepção sobre os benefícios para a saúde física e mental de caminhar e pedalar em deslocamentos curtos, antes feitos predominantemente de carro, evidenciando as externalidades negativas dos automóveis, como poluição, que passariam a ser taxados em algumas zonas centrais. Com novos corredores exclusivos, as viagens de ônibus passariam a ser mais rápidas e diretas, atraindo novos usuários.
A terceira etapa seria a da consolidação dessa nova dinâmica na mobilidade, com vias mais seguras e confortáveis e distribuição do espaço para pedestres e ciclistas, reforçando negócios de pequenos comerciantes de bairro, mercados e feiras de rua, promovendo novas centralidades urbanas.
Tudo isso seria financiado por novas taxas de mobilidade, contribuição patronal, novas fontes de recursos, uso de dados digitais para planejar e gerenciar, disparando a oferta de serviços dinâmicos com rotas, veículos e frequências ajustados às demandas dos passageiros. As empresas ofereceriam serviços personalizados e integrados, multimodais, geridos de maneira coordenada por governos locais e regionais, com apoio federal.
“É o fim da sobreposição de linhas e da competição entre o transporte coletivo urbano e o metropolitano, com substanciais reduções nos custos. Frotas de ônibus híbridos e elétricos ganham escala nacional”, apostam os especialistas em mobilidade.
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