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17/07/2020

Sirius entra de cara na pesquisa do Sars-CoV-2

Mariluce Moura
Ciência na Rua
 

Existem equipamentos de ciência de todo custo e tamanho. Há estudos científicos que nem precisam de equipamentos sofisticados, exigem só o tempo, a inteligência, a imaginação e o conhecimento acumulado do pesquisador – claro que livros e um computador plugado na rede mundial tornam as coisas infinitamente mais fáceis.

Há, no entanto, equipamentos monumentais que, de cara, sugerem fantásticas possibilidades da ciência e, até de um ponto de vista estético, são capazes de encher os olhos. Eles são extraordinários não apenas pela qualidade e quantidade do conhecimento que podem ajudar a gerar, sua primeira e indiscutível razão de ser, mas também pelo serviço que direta ou indiretamente prestam à divulgação científica, à difusão na sociedade das razões da importância fundamental da ciência na cultura humana.

 

O acelerador de partículas Sirius, que é, digamos para simplificar, uma espécie de supermicroscópio do novo laboratório de luz síncrotron do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), é um desses grandes e atraentes equipamentos, motivo legítimo de orgulho para a inteligência e a engenharia nacionais – até porque, como se verá, é um dos pouquíssimos síncrotrons de quarta geração existentes hoje no mundo.

Assim, não era gratuito que enquanto eu planejava, antes da pandemia da covid-19, oficinas de divulgação científica com jovens estudantes de ensino médio de bairros e comunidades periféricas de São Paulo, o plano da visita ao Sirius fosse uma de suas partes mais excitantes. Antevia as meninas e meninas no ônibus que nos levaria de São Paulo a Campinas, seu imediato deslumbramento naquele ambiente, suas perguntas aos cientistas, as gravações sonoras e audiovisuais que fariam, as narrativas que, de posse desses fragmentos, construiriam para seus amigos e seguidores.

Mas um outro real planetário trazido pelo Sars-CoV-2 e seu espalhamento se impôs. O sonho das oficinas foi adiado. Esse mesmo real, trágico a ponto do insuspeitável, se impôs também para o Sirius, que antes mesmo de ser inaugurado e entrar formalmente em operação, viu-se compelido a participar com suas competências específicas do esforço mundial pelo controle da pandemia da covid-19. Na última segunda-feira, 13 de julho, o laboratório Sirius lançou uma chamada a pesquisadores do mundo inteiro para escrutinar em profundidade, com a ajuda de seu maquinário, o envelope e as entranhas do vírus que, se não paralisou, desacelerou o funcionamento do mundo e acelerou, a níveis jamais vistos, o esforço da pesquisa científica – a cada hora surgem 12 novos estudos revisado por pares sobre a covid-19, e seu estoque na base de dados Web of Science já superou os 15 mil papers em seis meses.


Enquanto isso, a entrevista de Mateus Borba Cardoso, a par de trazer esse esforço à cena, é uma forma de por os seguidores do Ciência na rua, inclusive os mais jovens, em contato indireto com o Sirius. Mateus, um gaúcho de 42 anos, bacharel e mestre em química pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), doutorado também em química pela Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em co-tutela com a universidade francesa Joseph Courier, é pesquisador do Laboratório Nacional de Nanotecnologia, onde coordena a Divisão de Nanomedicina e Nanotoxicologia, é também, entre outras atividades, editor da revista Scientific Reports do grupo Nature e chefe da Divisão de Materiais Moles e Biológicos do Sirius. Foi especialmente nesta condição que ele falou ao Ciência na rua.

 

Confira as duas partes da entrevista

Parte 1

Parte 2

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