João Guilherme Vargas Netto*
Já se inscreveu na história das lutas dos trabalhadores a greve que dura mais que duas semanas dos metalúrgicos da Renault, dirigidos pelo sindicato, em protesto contra o pacote impositivo da empresa e a demissão de 747 trabalhadores.
Ao completar os 16 dias os grevistas obtiveram grande vitória com a decisão da juíza do Trabalho, Sandra Mara de Oliveira Dias, que mandou reintegrar os trabalhadores demitidos julgando a denúncia da Procuradoria do Trabalho e atendendo ao pleito do sindicato e dos seus advogados.
Com a euforia justificada – dias e dias de protestos, manifestações, reuniões, acampamentos, lives e comunicações, passeatas de esposas e filhos e a fábrica parada – os dirigentes, comandados com firmeza pelo presidente Sergio Butka, resolveram (apoiados pelos diretores sindicais que atuam na empresa) realizar ontem, quinta-feira, uma assembleia dos demitidos e aguardar o posicionamento da empresa que entendesse a motivação essencial do sindicato – negociação já! – e atendesse as justas reivindicações dos trabalhadores desfazendo o mal feito condenado pela juíza, pela opinião pública e registrado pela mídia grande.
O exemplo de luta dos metalúrgicos da Grande Curitiba, sua unidade e sua determinação, bem como a inteligente direção sindical que os anima, fulgura como miodelo de luta neste momento tão difícil para os trabalhadores e para o povo brasileiro com 100 mil mortos e 3 milhões de adoecidos.
À solidariedade manifestada nacionalmente (e até internacionalmente) soma-se agora o regozijo de todos pelo desfecho próximo da luta.
O coração, a razão e a atitude a todos convencem que a resistência é possível (desde que preparada laboriosamente) e que a luta faz a lei, como estava escrito em uma das barracas mais concorridas dos acampamentos nas portas da fábrica.
* Consultor sindical