Soraya Misleh / Comunicação SEESP
Nesta quarta-feira (12/8), o SEESP trouxe em sua live semanal o tema “Sustentabilidade urbana”. A atividade teve a participação do engenheiro especialista Bruno Daniel, mestre em administração de empresas, doutor e pós-doutor em ciências sociais, e coordenação do presidente da Delegacia Sindical do SEESP no Grande ABC, Helton Costa. A transmissão online se deu, como de praxe, na página do Instagram da entidade (@oportunidades_na_engenharia).
"Como fazer para que as cidades hoje se tornem sustentáveis? Esse é um problema geral nas grandes metrópoles brasileiras", apontou Costa. Para Daniel, a questão é que, "ao longo do nosso desenvolvimento urbano, predominou a impermeabilização, inclusive nas várzeas dos rios". Privadas de suas áreas de escoamento, as águas, continuou, escorrem para as "partes baixas das cidades". Consequentemente, têm-se enchentes, com perdas de vidas e prejuízos econômicos. "Precisamos fazer o inverso: desimpermeabilizar." Ele enfatizou que essa solução não é novidade. Nos anos 1970, "quando eu era estudante, já se falava disso".
Helton Costa (acima) e Bruno Daniel, na live. (Reprodução Instagram)
Não obstante, ainda se insistem em medidas que não resolvem. Entre elas, criticou as que estão sendo tomadas pela atual gestão em Santo André, como a instalação de incinerador de resíduos sólidos em Área de Proteção Ambiental e de piscinão no Parque da Juventude, além da busca por transformar o jardim do Paço Municipal em estacionamento e a canalização do Córrego Cassaquera "da maneira tradicional, o que aumenta a velocidade do escoamento e não permite a absorção da água pela terra". Daniel foi categórico: "O que defendo é diametralmente oposto."
O conceito, informou, é de "cidade esponja", ou seja, capaz de absorver as águas das chuvas. Segundo ele, não é uma transformação que se consiga fazer em pouco tempo, mas é necessário caminhar nessa direção. Tal mudança exige, de acordo com o especialista, amplo processo de participação da sociedade.
Entre as alternativas, a instalação de caixas coletoras de águas pluviais em residências, estabelecimentos comerciais, de serviços e industriais. A captação propiciaria o reúso e, em decorrência, economia nas contas de água. "Isso precisaria ser construído e ser massivo, o que geraria desenvolvimento tecnológico, emprego inclusive de alta qualificação e renda."
"Outro jeito é a reestruturação das calçadas, com arborização e pensando em pisos que absorvam as águas das chuvas, mediante uso de asfaltos ecológicos por exemplo", indicou. Propugnou ainda pela despoluição do Rio Tamanduateí, que nasce no município de Mauá, no Grande ABC, com a revitalização de suas margens e entorno, tratamento das várzeas para que voltem a ter vegetação e sejam integradas em uma espécie de parque linear. Entre os resultados, arborização, espaços limpos e agradáveis.
Cooperação e solidariedade
"Implica trabalho regional articulado com o município de São Paulo e o governo estadual." Também requer educação socioambiental e tratamento adequado dos resíduos sólidos, com coleta e reciclagem. "Catadores vivem dessa riqueza, porém em más condições de trabalho. A ampliação de cooperativas e melhoria dessas condições aumentaria sua rentabilidade", acredita. Ações do Consórcio Intermunicipal do ABC seriam ainda impulsionadas nessa perspectiva.
Daniel ressaltou: "Isso é frente de expansão de investimentos." O especialista ratificou que projeto de sustentabilidade urbana abrange mobilidade, com implantação de ciclofaixas ou ciclovias, inversões em sistemas interligados de transporte público coletivo por exemplo movidos a gás metano, produzido a partir da reciclagem de resíduos sólidos. Na sua ótica, "cidades ambientalmente sustentáveis devem produzir energia sustentável". Costa citou, entre elas, a solar, com instalação de placas fotovoltaicas em equipamentos comunitários, como escolas e outros.
Além disso, novos projetos habitacionais devem ser ecologicamente sustentáveis. O presidente da delegacia sindical do SEESP concordou e apontou a importância de usinas de tratamento de resíduos decorrentes da construção civil, transformando-os em tijolos, britas e outros materiais, para reaproveitamento. Um potencial enorme de trabalho para engenheiros. Para Daniel, a visão é de "uma economia 4.0, sustentável e inclusiva, otimizando recursos, com foco no bem-estar da população".
"Tudo construído de forma participativa, com cooperação e solidariedade." Bruno Daniel destacou que tem atuado junto a movimentos populares e que pretende colocar esse aprendizado, bem como sua experiência profissional e acadêmica, a serviço da sociedade. Dessa forma, anunciou ser pré-candidato a prefeito de Santo André pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). "Queremos discutir com a população alternativas para que a cidade e região se tornem sustentáveis."
A próxima live está marcada para quarta-feira (19/8), às 18h. Sobre o tema "Comunicação, direitos digitais e combate às fake news", terá a participação de Renata Mielli, coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), e coordenação de Rita Casaro, coordenadora de Comunicação do SEESP. Transmissão online sempre na página do sindicato no Instagram (@oportunidades_na_engenharia).
Confira a live "Sustentabilidade urbana" na íntegra: