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27/08/2020

Live sobre o Projeto Inspire celebra 127 anos da Escola Politécnica

Site da Poli-USP

A comemoração dos 127 anos da Escola Politécnica (Poli) da USP destacou, no dia 24 de agosto, um dos seus projetos mais relevantes: o Inspire, iniciativa que desenvolve ventiladores pulmonares mecânicos para enfrentar o coronavírus. A live do Projeto Inspire foi a segunda parte da celebração virtual, e foi transmitida ao vivo no canal do YouTube e na página do Facebook da Poli na noite desta segunda-feira. Estiveram presentes no evento o diretor geral da Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP), Dario Gramorelli; a Diretora da Poli, professora Liedi Legi Bariani Bernucci; o coordenador geral e responsável técnico pelo Inspire, professor Raul Gonzalez Lima; e o coordenador do Inspire e do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas (CITI) da USP, professor Marcelo Knorich Zuffo. 

 

live inspire poli usp interna

 

Os convidados abriram o evento falando sobre o conceito e realização geral do projeto, além de agradecerem aos parceiros e pesquisadores envolvidos. “É um projeto emblemático, nada como o Inspire para comemorar o aniversário da Poli. É a tecnologia dando assistência a vida”, destacou a Diretora da Escola. “Além disso, cumpre a nossa missão de aproximar a Escola do desenvolvimento da indústria e, portanto, dar sustentação à sociedade”. 


O professor Raul Lima apontou que o projeto precisou do esforço e expertise de inúmeras pessoas. “Neste projeto, a vocação do engenheiro aparece em toda sua força”. Marcelo Zuffo, também coordenador do projeto, lembrou ao público a dimensão do Inspire no contexto atual: “Em meio à pandemia, tenho a oportunidade de trabalhar com pessoas incríveis. O Inspire, antes de mais nada, é um esforço incomparável de engenharia, sem precedentes, principalmente no País”.  


A discussão foi aberta com um tópico sobre o problema que o ventilador desenvolvido na Poli buscava enfrentar. Os professores responsáveis relataram que com a pandemia, existia uma preocupação da sociedade com a falta de ventiladores para possíveis pacientes, o que ocorreu em outros países. Na reunião que ocorreu do dia 19 de março com o corpo docente da Poli, veio o apelo da diretora Liedi Bernucci por soluções para a crise: a ideia era a Poli participar ativamente buscando soluções. Raul Lima, então, manifestou uma  preocupação ética: “devemos desenvolver ventiladores às pressas, seria adequado?” Pensando na ordem de grandeza da potencial tragédia, os pesquisadores decidiram que o correto seria atuar. 


A união de conhecimentos e fatores humanos no projeto foi o que tornou o ventilador mecânico uma realidade. Além dos desafios de um projeto comum, a equipe do Inspire contava com diversos outros fatores dificultantes. Estando em meio a uma crise mundial, o objetivo era não apenas desenvolver um equipamento eficiente, mas também de baixo custo, fácil produção, com componentes nacionais, e que ficasse pronto o mais rápido possível. 


O desafio incluía também o alto número de ventiladores demandados; a dificuldade em encontrar e comprar os componentes do equipamento; os prazos longos da burocracia, incluindo a legalização e liberação para testes; a cadeia logística de produção comprometida, com preços elevadíssimos; o fato de estar numa universidade pública, e diversos outros desafios. Porém, os pontos favoráveis também contavam. Afinal, como que a universidade que criou o conceito desse ventilador mecânico não ia participar do desafio de construí-los nessa crise, com tal acúmulo de conhecimento? 


As condições de contorno foram abordadas em seguida, com a fala do professor Raul Lima destacando a descoberta do professor Marcelo Amato, na Faculdade de Medicina da USP, há poucos anos, o que possibilitou o desenvolvimento de um novo método de ventilação mecânica e fundamentou o Inspire. Assim, a universidade estava pronta, conceitualmente, para receber o projeto. O CITI, com suas inúmeras pesquisas de ponta, também estava pronto para o desafio. Além disso, o conhecimento dos professores e pesquisadores respondia à demanda da sociedade, e o incentivo da instituição foi grande para a ação de resposta. Assim, o cenário era perfeito para a instauração do Projeto Inspire. “Tem gente competente com experiência de anos. O que não tínhamos, fomos buscar em outras unidades da USP. A situação complexa mostrou a solidariedade entre as pessoas, com muitos parceiros mobilizados”, comentaram os idealizadores do projeto na live


inspire poliO inspire criou um catalisador intelectual desse conhecimento presente da Poli, com mobilização internacional de politécnicos. Cheguei no laboratório e falei: “Vamos ter que desenvolver tudo. Qual foi a reação deles? ‘Nós vamos projetar, professor’. Viraram as costas e saíram projetando”. Em 60 dias, produzimos quatro placas. É o tipo de coisa que ninguém acreditava que seria feito no Brasil, e está acontecendo aqui na Politécnica.
 

Durante o bate-papo, os coordenadores falaram que o projeto contou com a parceria de diversas instituições, empresas, institutos e voluntários, como a Marinha do Brasil e o SENAI. Mesmo com toda a mobilização, as condições de trabalho eram difíceis no início. A cada quatro dias, em média, os protótipos ganhavam novas e enormes mudanças. A prototipagem rápida do CITI foi fundamental no processo, assim como a ajuda de equipes das ciências biológicas, como médicos, fornecendo especificações e instruções. 


O processo de certificação do Inspire  também foi abordado, passando pelas dificuldades relacionadas a reuniões, exigências, documentações e inspeções necessárias na produção. A Poli contou com a ajuda do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP (InCor) para a realização de testes com o ventilador. Por fim, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou o equipamento para fabricação e doação. “Não fizemos um ventilador emergencial, fizemos um ventilador com domínio integral de todo ciclo tecnológico. O Inspire continua se desenvolvendo, é uma plataforma muito versátil, ainda nao encontramos um limite técnico no equipamento”, disse Marcelo Zuffo.
 

Participou da live também a ex-aluna da Poli e atual líder da P&G no Brasil, Juliana Azevedo. A engenheira representou os parceiros e colaboradores do projeto, que “removeram as barreiras” para sua realização fornecendo diversos fatores necessários para a produção. Como um exemplo, o professor Raul Lima citou o apoio da P&G: “O equipamento moderno (ventilador) consegue proteger o tecido pulmonar graças ao auxílio da P&G, que cedeu tecnologia”. 


Dario Gramorelli revelou que o projeto recebeu inúmeras mensagens de apoio emocionantes, e agradeceu a todo o suporte que o Inspire vem ganhando da sociedade. Durante a live, foram exibidos vídeos de celebração do aniversário da Poli enviados pelo professor da Faculdade de Direito da USP, Heleno Taveira Torres; da Diretora do Instituto Pasteur na USP, Paula Minoprio; do professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva; e do Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo e ex-aluno da Poli, Henrique Meirelles. 


Confira no canal do YouTube da Poli ambas as lives de comemoração do aniversário da Escola. Veja aqui os vídeos do Projeto Inspire.



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