Site da Poli-USP
A comemoração dos 127 anos da Escola Politécnica (Poli) da USP destacou, no dia 24 de agosto, um dos seus projetos mais relevantes: o Inspire, iniciativa que desenvolve ventiladores pulmonares mecânicos para enfrentar o coronavírus. A live do Projeto Inspire foi a segunda parte da celebração virtual, e foi transmitida ao vivo no canal do YouTube e na página do Facebook da Poli na noite desta segunda-feira. Estiveram presentes no evento o diretor geral da Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP), Dario Gramorelli; a Diretora da Poli, professora Liedi Legi Bariani Bernucci; o coordenador geral e responsável técnico pelo Inspire, professor Raul Gonzalez Lima; e o coordenador do Inspire e do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas (CITI) da USP, professor Marcelo Knorich Zuffo.
Os convidados abriram o evento falando sobre o conceito e realização geral do projeto, além de agradecerem aos parceiros e pesquisadores envolvidos. “É um projeto emblemático, nada como o Inspire para comemorar o aniversário da Poli. É a tecnologia dando assistência a vida”, destacou a Diretora da Escola. “Além disso, cumpre a nossa missão de aproximar a Escola do desenvolvimento da indústria e, portanto, dar sustentação à sociedade”.
O professor Raul Lima apontou que o projeto precisou do esforço e expertise de inúmeras pessoas. “Neste projeto, a vocação do engenheiro aparece em toda sua força”. Marcelo Zuffo, também coordenador do projeto, lembrou ao público a dimensão do Inspire no contexto atual: “Em meio à pandemia, tenho a oportunidade de trabalhar com pessoas incríveis. O Inspire, antes de mais nada, é um esforço incomparável de engenharia, sem precedentes, principalmente no País”.
A discussão foi aberta com um tópico sobre o problema que o ventilador desenvolvido na Poli buscava enfrentar. Os professores responsáveis relataram que com a pandemia, existia uma preocupação da sociedade com a falta de ventiladores para possíveis pacientes, o que ocorreu em outros países. Na reunião que ocorreu do dia 19 de março com o corpo docente da Poli, veio o apelo da diretora Liedi Bernucci por soluções para a crise: a ideia era a Poli participar ativamente buscando soluções. Raul Lima, então, manifestou uma preocupação ética: “devemos desenvolver ventiladores às pressas, seria adequado?” Pensando na ordem de grandeza da potencial tragédia, os pesquisadores decidiram que o correto seria atuar.
A união de conhecimentos e fatores humanos no projeto foi o que tornou o ventilador mecânico uma realidade. Além dos desafios de um projeto comum, a equipe do Inspire contava com diversos outros fatores dificultantes. Estando em meio a uma crise mundial, o objetivo era não apenas desenvolver um equipamento eficiente, mas também de baixo custo, fácil produção, com componentes nacionais, e que ficasse pronto o mais rápido possível.
O desafio incluía também o alto número de ventiladores demandados; a dificuldade em encontrar e comprar os componentes do equipamento; os prazos longos da burocracia, incluindo a legalização e liberação para testes; a cadeia logística de produção comprometida, com preços elevadíssimos; o fato de estar numa universidade pública, e diversos outros desafios. Porém, os pontos favoráveis também contavam. Afinal, como que a universidade que criou o conceito desse ventilador mecânico não ia participar do desafio de construí-los nessa crise, com tal acúmulo de conhecimento?
As condições de contorno foram abordadas em seguida, com a fala do professor Raul Lima destacando a descoberta do professor Marcelo Amato, na Faculdade de Medicina da USP, há poucos anos, o que possibilitou o desenvolvimento de um novo método de ventilação mecânica e fundamentou o Inspire. Assim, a universidade estava pronta, conceitualmente, para receber o projeto. O CITI, com suas inúmeras pesquisas de ponta, também estava pronto para o desafio. Além disso, o conhecimento dos professores e pesquisadores respondia à demanda da sociedade, e o incentivo da instituição foi grande para a ação de resposta. Assim, o cenário era perfeito para a instauração do Projeto Inspire. “Tem gente competente com experiência de anos. O que não tínhamos, fomos buscar em outras unidades da USP. A situação complexa mostrou a solidariedade entre as pessoas, com muitos parceiros mobilizados”, comentaram os idealizadores do projeto na live.