Dieese*
Em 2020, 38,5% dos 11.738 reajustes salariais analisados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) resultaram em aumentos reais aos salários. Reajustes iguais à inflação somaram 34,3% do total; e reajustes abaixo da infaçação, 27,2%. Apesar da maior incidência de reajustes iguais e acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE), a variação real média geral dos reajustes foi de -0,11%. Os dados referem-se aos reajustes das datas-bases de 2020 registrados no Mediador até a primeira quinzena de 2021 e têm como referência a inflação calculada pelo INPC-IBGE.
Reajustes salariais por setor econômico
Entre os três setores destacados no levantamento, a indústria apresentou a maior incidência de reajustes acima do INPC-IBGE; e o comércio, a menor. Porém, é nos serviços que foi registrado o maior percentual de reajustes abaixo da inflação de 2020.
Reajustes salariais por região geográfica
Na comparação dos resultados das negociações salariais por região geográfica, o Sul apresentou os maiores percentuais de reajustes iguais e acima do INPC-IBGE. Apenas 14,2% dos reajustes dessa região ficaram abaixo da inflação. Nas demais regiões, o percentual de reajustes inferiores ao INPC-IBGE variou sempre acima dos 30%.
Reajustes salariais por data-base
As datas-bases fevereiro e junho apresentaram as maiores incidências de aumentos reais no ano, superiores a 50% em cada uma delas. Maio, julho e setembro também se destacaram, com registros de aumentos reais em proporções superiores a 40%.
Vale destacar também que junho, agosto e setembro foram as datas-bases com menos registros de reajustes inferiores ao INPC-IBGE em 2020. Por outro lado, janeiro e dezembro foram as datas-bases em que os reajustes inferiores ao INPC-IBGE predominaram sobre os demais.
Variação da inflação em 2020
O desempenho dos reajustes salariais guarda certa correspondência com a evolução da taxa de inflação no período, ou seja, quanto maior o índice de inflação, mais difícil a negociação da reposição da perda salarial. Note-se que é expressiva a proporção de reajustes salariais inferiores ao INPC-IBGE nas datas-bases que ocorreram em situação de aceleração da inflação – em especial, as do último trimestre do ano.
Reajustes iguais a zero porcento
Dos instrumentos coletivos analisados em 2020, 8,8% estabeleceram o não pagamento de reajuste salarial no ano, o que representa quase 1/3 do total dos reajustes inferiores à inflação. O total de reajustes iguais a zero foi de 1.036. Para efeito de comparação, apenas 0,3% dos reajustes de 2019 foram iguais a zero. Em números absolutos, registraram-se 39 reajustes iguais a zero em 2019 e 1.036, em 2020.Os reajustes zero foram mais frequentes nas datas-bases maio, julho e dezembro e menos frequentes em janeiro e novembro.
Acesse o estudo na íntegra com gráficos neste link.