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22/02/2021

As atuações do profissional de engenharia de computação

Pesquisas indicam o crescimento cada vez mais intenso e veloz das profissões do meio tecnológico.

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

Em 2018, o Fórum Econômico Mundial divulgou relatório sobre o futuro do emprego em que apontava as ocupações consideradas em ascensão: analistas e cientistas de dados, especialistas em tecnologia da informação (TI) ou megadados (Big Data), desenvolvedores de softwares, especialistas em redes sociais e comércio digital, entre outras. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) elaborou o Mapa do Trabalho Industrial 2019-2023 no qual confirma essa tendência, também no País, do crescimento de profissões ligadas à tecnologia. O mapa prevê que o Brasil terá de qualificar 10,5 milhões de trabalhadores em ocupações industriais nos níveis superior, técnico, qualificação profissional e aperfeiçoamento até 2023.

 

Para o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e membro do Conselho Tecnológico do SEESP, Marcelo Zuffo, o avanço das “tecnologias portadoras de futuro”, como ele gosta de definir, é um caminho sem volta. “Entre essas destaco a realidade virtual, blockchain, criptomoedas e inteligência artificial.” Uma das modalidades da engenharia com mais proximidade com a área tecnológica é a de Computação, assegura o professor Luis Fernando Pompeo Ferrara, coordenador do curso de Engenharia de Computação da Universidade Santa Cecília (Unisanta).

 

O mercado, ao anunciar vagas para esse profissional, relaciona diversos requisitos, muitos em siglas em inglês, como, por exemplo, ter conhecimento em HTML5, CSS, JavaScript, .NET; conhecimento em Linguagem C# e Ionic (Ambiente de desenvolvimento Android Studio); domínio sobre arquiteturas de banco de dados; conhecimento em SQL Server; experiência no atendimento ao usuário. E ainda desejável ter conhecimento em Genexus, em banco de dados; suporte técnico; noções de API.

 

A lista de requisitos é imensa e muito diversificada, confirma Ferrara, porque a engenharia ​de computação “é a área de atuação que hoje em dia está presente em praticamente todos os ecossistemas tecnológicos e até em ambientes envolvidos pela natureza”. A modalidade serve, prossegue ele, de meio de acesso à tecnologia, “englobando noções de desenvolvimento de peças eletrônicas (hardware), a criação do cérebro lógico de algum equipamento (software) e toda a infraestrutura necessária para o ambiente funcionar (comunicação). Por isso, toda vaga na área de tecnologia que envolva a combinação de software e hardware é aderente ao engenheiro de computação, tanto na parte de projeto e desenvolvimento como na execução e gerenciamento dos sistemas”, observa.

 

600 Unisanta Luis Fernando Pompeo Ferrara editadaProfessor Luis Fernando Pompeo Ferrara: o mercado de atuação do profissional de engenharia de computação é muito amplo e crescente. Foto: Divulgação | Unisanta.


Nesse rol de funções aderentes à área, entre outras, podemos citar: projetar e construir equipamentos periféricos e físicos, nessa linha estão teclados, monitores, placas de som e impressoras etc.; desenvolver e aprimorar programas de computador; criar aplicativos e sistemas operacionais ou operativos móveis para smartphones, tablets ou outros dispositivos móveis; elaborar e executar projetos de rede; participar de projetos de instalação de sistemas de telefonia; criar sistemas de processamento e tratamento de dados; automatizar máquinas com sistemas computadorizados baseados em Inteligência Artificial; coordenar a implantação de projetos de robótica.

 

Demandas on e offline

No curso, o futuro profissional aprenderá todo o conteúdo referente à parte de TI, desde o desenvolvimento de aplicativos até o gerenciamento de sistemas. Como esclarece o professor da Unisanta, esses conceitos também são vistos em outros cursos ligados à área de Tecnologia de Informação, “mas o grande diferencial é a abordagem da parte de hardware, não só de computadores como o de sistemas eletrônicos em geral”, esclarece. Esse conjunto de aprendizado proporcionará “uma enorme flexibilidade de atuação ao profissional graduado, que pode navegar pelo mar de possibilidades da indústria 4.0 como ir para o segmento de programação, desenvolvimento de produtos eletrônicos, inteligência artificial, automação industrial, cientista de dados e muitos outros”.   

 

As possibilidades são bem amplas, englobando um universo rico tanto para demandas online como offline. É possível trabalhar, vale reforçar, não só no desenvolvimento de hardwares (a parte física de um computador), como no de softwares (programas), mas também atuar na criação de aplicativos; redes e infraestrutura; comunicação e armazenamento de dados; suporte técnico; entre outros. Essa flexibilidade de atuação se deve, como diz o docente, à ampla base teórica e prática que o estudante adquire ao longo da graduação. “Mesmo engenheiros formados há mais tempo, com o devido comprometimento, conseguem se adaptar rapidamente”, diz referindo-se a uma área em constante e rápidos avanços científicos e tendências em relação às linguagens, às plataformas, aos programas e ao mercado em geral.

 

Segundo pesquisas, o processo de automação e a inteligência artificial devem impactar profundamente o mercado de trabalho até 2030, abrindo novos postos de trabalho, principalmente para os profissionais da área de tecnologia. Ferrara diz não ter dúvida de que o engenheiro de computação é o que mais se enquadra neste cenário. “Se analisarmos o que já está acontecendo hoje com a quarta revolução industrial conhecida como “Indústria 4.0”, os profissionais com maior facilidade de se adaptar a este novo paradigma são os engenheiros de computação”, analisa.  

 

Trilhas de aprendizagem
Além das disciplinas básicas de um curso de engenharia – Física, Cálculos Matemáticos e Estatística –, a modalidade, na Unisanta, explica o professor, tem duas trilhas de aprendizagem bem definidas que se cruzam ao longo dos dez semestre de curso, uma envolvendo a parte de software e outra a parte de eletrônica. Ele destaca: “Os alunos realizam mais de 50 projetos ao longo do seu período de formação. Os projetos vão desde aplicativos até o desenvolvimento de sistemas completos de automação.”

 

Ferrara também observa que a “formação do profissional desta área não pode ser restrita apenas ao conhecimento técnico, então, assuntos como inovação, empreendedorismo, gestão e liderança de equipes, gestão e gerenciamento de projetos também fazem parte do conteúdo do curso”.  

 

Assim como todos os cursos de Engenharia, o de Computação também tem a obrigatoriedade do estágio.

 

Projetos que foram realizados por alunos do curso Engenharia de Computação da Unisanta

Aplicativo lúdico para conscientização ambiental de crianças entre 7 e 11 anos

Desenvolvimento de uma plataforma inteligente para coleta de lixo reciclável aplicando o conceito de IoT (Internet das Coisas)

Sistema integrado de auxílio na redução do consumo de energia elétrica no uso de ar condicionado

Separador inteligente de resíduos secos para facilitar a reciclagem de materiais

Desenvolvimento de um sistema para alerta de enchente em áreas urbanas

Desenvolvimento de um aplicativo de alerta da qualidade do ar com base nos dados da Cetest (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo)

Protótipo de verificação de pilhas para evitar o descarte desnecessário no meio ambiente

Monitoramento inteligente de consumo de água em chuveiros para o uso racional dos recursos hídricos nas residências

Sistema de monitoramento de nível e fluxo de água de reuso em uma cisterna

Estudo do reaproveitamento da água utilizada em lavadoras de roupas através de sensores de turbidez.

 

 

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