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30/08/2021

Tech skills: habilidade em alta pós-pandemia

A engenharia é uma das profissões onde as competências digitais ganham relevância para atuação em diversas áreas, de logística à indústria civil.

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

Assim como todos os aspectos da vida social e pessoal, o mercado de trabalho também não ficou imune às mudanças provocadas pela pandemia do novo coronavírus - da retração da abertura de vagas à novas habilidades requisitadas, como as tech skills, ou competências tecnológicas, em tradução livre. Nas palavras do diretor geral da consultoria global de recrutamento especializado Robert Half, Fernando Mantovani, o ano de 2020 foi desafiador e gerou muitas incertezas e inseguranças no mundo empresarial e profissional.  A observação é reforçada pelo diretor de outra consultoria executiva, a Talenses Group, Alexandre Benedetti: “Sentimos uma redução no volume de novas posições e um congelamento, com posterior cancelamento, de algumas posições que já estavam em fase avançada de entrevistas no próprio cliente”, atesta o executivo, indicando que esse cenário atingiu fortemente a engenharia.

 

A Robert Half realiza, desde 2008, no País, uma pesquisa com tendências salariais e perspectivas profissionais, o Guia Salarial. A edição mais recente foi lançada em plena pandemia, em outubro de 2020, e traz informações sobre diversas profissões, como a engenharia. Num plano geral, o guia aponta os setores econômicos que estão em alta, na ordem: tecnologia, saúde, agronegócio, infraestrutura e logística. Já em relação às competências comportamentais, as soft skills, cinco ganharam ainda mais relevância nos desafios criados pela crise sanitária, como o pensamento estratégico, a comunicação, a agilidade, a inovação e a adaptabilidade.

 

Com a nova realidade de trabalho remoto ou parcialmente não presencial, Benedetti acrescenta que vale reforçar algumas “competências como flexibilidade, organização, foco e disciplina, bem como empatia e mindset digital [em tradução livre, mentalidade digital]”. Para fazer frente a tudo isso, o executivo da Talenses endossa a “necessidade do constante aprendizado na área técnica ou habilidades interpessoais”.

 

O que são tech skills
400 FernandoMantovani 2.jpg RobertHalfFernando Mantovani, diretor da Robert Half. Crédito: Divulgação.
O protagonismo da tecnologia está muito conectado às transformações digitais que se tornaram quase que obrigatórias para a sobrevivência de muitas atividades e negócios com a pandemia. Esse paradigma tecnológico está presente em praticamente todos os ramos de atividades, constata o guia da Robert Half. Uma tendência que criou a chamada “alfabetização digital”, independentemente da área em que o profissional atua.

 

No bojo dessas transformações, ganham espaço as tech skills. Elas são as habilidades e os conhecimentos necessários para executar tarefas específicas ligadas à tecnologia, como nas áreas de tecnologia da informação (TI), engenharias, matemáticas ou científicas. Segundo o estudo da Robert Half, hoje, como consequência dos últimos acontecimentos sanitários, a adoção de soluções tecnológicas deixa de ser diferencial e passa a ser obrigação para quem quer estar no mercado de trabalho ou para as empresas que querem permanecer com suas atividades econômicas.

 

As duas partes precisam ter foco na redução de erros e na agilidade na tomada de decisões, gastando-se menos tempo na operacionalização de informações e mais em análises estratégicas. Logo, indica o estudo da Robert Half, as habilidades com ferramentas como ERPs em nuvem – Enterprise Resource Planning ou Sistema de Gestão Integrado – e de comunicação online fazem parte do pacote de tech skills desejado pelo mercado de trabalho.

 

Esse novo perfil mercadológico, informa Benedetti, também pode ser observado quando as empresas percebem a fragilidade da sua cadeia de suprimentos e distribuição por causa do crescimento de empresas de e-commerce e canais digitais – setores que cresceram e seguem em curva ascendente. Isso trouxe a necessidade, completa o diretor da Talenses, de fortalecer as posições de suprimentos e/ou compras no nível gerencial, e a formação mais demandada para elas é em engenharia. “Observamos uma constante procura por estes profissionais qualificados, por isso, acreditamos que o volume de contratação deve permanecer ou até aumentar nos próximos três a seis meses”, prevê.

 

Engenharia sustentável e construção civil
A pandemia trouxe um alerta para todos e mostrou a fragilidade humana frente às adversidades causadas pelos modelos de produção e consumos da sociedade mundial. Situação que também aparece no Guia Salarial 2021 da Robert Half, quando aponta que o meio ambiente vem mostrando que não suporta mais o uso irracional de seus recursos.

 

A engenharia sustentável é inserida nesse contexto, com destaque para a área de eficiência energética, na qual os profissionais são responsáveis por propor soluções para os processos e projetos, adotando conceitos de utilização racional dos insumos energéticos. Para atuar com esse propósito, o profissional, indica o guiada Robert Half, deve buscar atualização constante e estar atento a temas como legislação e inovação.

 

Considerada uma das mais tradicionais e procuradas profissões entre os estudantes de engenharia, a engenharia civil vem sofrendo reveses, nos últimos tempos, primeiro por conta da crise econômica que se abateu no País, e, agora, com a pandemia. Apesar do grande impacto no índice de confiança dos empresários da construção civil, o número de empresas do setor que entraram com pedido de abertura de capital na Bolsa de Valores Brasileira (B3) – aliado aos juros mais baixos, maior acesso ao crédito imobiliário por parte dos consumidores e das construtoras e inflação controlada −, indica “apetite para o crescimento, que deve impactar na demanda por profissionais da área”, aponta o guia da Robert Half.

 

Alexandre Benedetti Talenses editadoAlexandre Benedetti, diretor da Talenses Group. Crédito: Divulgação.A consultoria também indica a pilotagem de drones como uma das carreiras do futuro para a área de engenharia civil. Pesquisas mostram que a procura por esses dispositivos cresceu mais de 200% desde 2018. O uso recreativo e para fotografias deu espaço às práticas corporativas. A engenharia civil descobriu o benefício dos drones para captação de imagens térmicas, fotogrametria e inspeção de obras.

 

Nesse novo cenário, reinventar-se é a palavra de ordem para os profissionais e as empresas que querem manter-se em evidência. Acompanhar as tendências e adotar uma logística inteligente e eficaz é fundamental para todo o processo de armazenagem e distribuição de produtos, promovendo a otimização dos custos e, consequentemente, a satisfação dos clientes.

 

Posições de destaque e o CFO
A pesquisa da consultoria global de recrutamento especializado indica algumas tendências para a engenharia especificamente em duas áreas que ganharam protagonismo nos últimos anos, e mais ainda com a pandemia. Na área de TI e para os setores de mercado financeiro, seguros, tecnologia, educação a distância (EAD), telecomunicação, internet, varejo e e-commerce, as posições em destaque são para os engenheiros de dados e de software e a carreira do futuro é engenheiro de inteligência artificial.

 

Acompanhar as tendências e adotar uma logística inteligente e eficaz é fundamental para todo o processo de armazenagem e distribuição de produtos, promovendo a otimização dos custos e, consequentemente, a satisfação dos clientes. O setor também tem demandado a mão de obra qualificada da engenharia, como o de engenheiro de aplicação. Já as carreiras de futuro da área são engenheiro de georreferenciamento, de dados e de inovação. Essas demandas são para os setores de saúde, alimentos e bebidas, tecnologia, logística, infraestrutura e mineração.

 

O diretor da Talenses Group ainda destaca algumas posições, no nível de liderança, que estão com demanda aquecida: de operações, suply chain (compras e S&OP, ou planejamento de vendas e operações), projetos e aplicação, além de comprador sênior e engenheiro de aplicação.

 

Com tantos desafios ainda presentes no mundo corporativo, como apresenta o guia da Robert Half, importante se atentar à tendência de que as empresas passem a dar muito mais ênfase à estratégia a ser adotada, em detrimento ao operacional. Nesse cenário, a figura do CFO (Chief Executive Officer) ou diretor financeiro ganhará muito mais destaque. O mercado necessitará de profissionais que tenham experiência em enfrentar problemas complexos e grande capacidade de análise de informação.

 

Trabalho remoto
Outra tendência apontada pela pesquisa da Robert Half é que, antes tratado como um benefício ou possibilidade esporádica por muitas empresas, durante a pandemia do novo coronavírus, o trabalho remoto rapidamente tornou-se uma necessidade. O diagnóstico da consultoria, a partir da pesquisa realizada com empresários e gestores, é que, apesar das preocupações anteriores com a produtividade e segurança, o mundo empresarial já entende a modalidade laboral em home office como bastante eficaz e, em alguns casos, os funcionários podem ser ainda mais produtivos ao trabalharem fora de um escritório central.

 

Uma das conclusões do guia da Robert Half é que, no processo de recuperação da economia, “as empresas mais preparadas voltarão a contratar, e, conforme mais companhias perceberem que diversas tarefas podem ser desempenhadas remotamente, os candidatos não se limitarão apenas à sua atuação local. Em teoria, o mundo inteiro está aberto a eles, e os melhores tendem a ser abordados de maneira cada vez mais agressiva pelo mercado”.

 

Para acessar todo o conteúdo do Guia Salarial 2021, da Robert Half, clique aqui

 

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