Profissão está da coleta da matéria-prima, produção, transporte, armazenamento à mesa do consumidor.
Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia
* Foto do destaque desta matéria é do IMT
Em 16 de outubro, celebra-se o Dia da Engenharia de Alimentos. A modalidade compreende todas as etapas de processamento dos alimentos desde sua obtenção até sua disposição na mesa do consumidor, com o intuito de garantir segurança e características sensoriais e nutricionais. A apresentação é da coordenadora do curso de Engenharia de Alimentos do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Eliana Paula Ribeiro. “É um saber que conjuga dois interesses: pela área de alimentos e pela engenharia. Misturado a isso é preciso ter curiosidade, vontade de aprender e de fazer experimentos.”
A área atua na maioria das etapas da cadeia produtiva dos alimentos, em especial nos que passam por algum processo de industrialização ou que demande manipulação. O profissional acompanha desde a seleção de matérias primas até o produto final. Também está nas atribuições dos engenheiros de alimentos o desenvolvimento de técnicas, maquinários, e até acompanhamento na criação de softwares e que permitam melhorias na produção de alimentos.
No Brasil, conforme estatísticas do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), 5.921 profissionais estão registrados nessa modalidade, sendo que 4.227 são mulheres, e 1.694, homens. Um dado que merece destaque e que a estudante Nathalia Richieri Martin confirma. No final deste ano, aos 22 anos de idade, ela se formará engenharia de alimentos, ajudando nessa estatística.
Martin escolheu a profissão porque é uma área, como ela diz, que combina inovação constante, qualidade, saúde e bem-estar da sociedade. “A engenharia de alimentos é uma área que transforma a vida das pessoas, quando pensa na criação de produtos focados na diversidade. Ou seja, oferecer a todos os consumidores, inclusive aos que têm algum tipo de restrição alimentar, produtos com qualidade e segurança”, observa.
A inovação constante observada pela discente é reforçada pela coordenadora do curso do IMT. Ela relaciona que o avanço tecnológico verificado nas últimas décadas, a crescente demanda por alimentos industrializados, as mudanças no perfil do consumidor e o fenômeno da globalização da economia “estão conduzindo as indústrias de alimentos para um novo modelo de produção”. Tudo isso tendo como horizonte, ressalta a professora, o crescimento da população mundial, “estima-se que chegaremos a 10 bilhões de habitantes, em 2050”. Tal cenário, prossegue a docente, representa um desafio para a alimentação de toda essa população, será necessário aumentar a quantidade de alimentos produzidos e sua diversidade.
Ribeiro fala também do aumento na expectativa de vida combinado com a redução na taxa de natalidade, o que resulta no envelhecimento da população. Segundo ela, a expectativa de vida, na década de 1950, era de 47 anos, hoje está em 70 e “deve chegar aos 80 anos em 2050”. A consequência dessa longevidade, explica a professora, é a alteração do perfil das necessidades nutricionais dos produtos a serem consumidos, situação que reforça a importância dos profissionais de engenharia de alimentos. “Esses fatores evidenciam que a indústria de alimentos deve ficar atenta às tendências e desafios deste novo cenário da demanda, como forma de manter o seu posicionamento competitivo”, endossa.
Além disso, prossegue a professora, o maior acesso à informação criou o desafio de produzir atendendo às exigências de um consumidor cada dia mais crítico a respeito de todos os fatores relacionados à produção de alimentos. “Para atender às tendências de consumo, resultantes dessas mudanças, a indústria e todo o setor de produção de alimentos precisam da presença, em seu quadro funcional, de profissionais extremamente qualificados”, observa a coordenadora da graduação de Engenharia de Alimentos do IMT.
A área de atuação deste profissional, afirma a professora, é extremamente ampla, “Como tem uma formação multidisciplinar, é um profissional que pode atuar em todo o setor de alimentos de diferentes formas. Por exemplo, no desenvolvimento de processos e de produtos; na parte de produção, controle de qualidade, projetos, embalagens, assistência técnica, inclusive nos setores de marketing, vendas, perícia, fiscalização, entre outras”, relaciona. Ela também observa que, além das indústrias de alimentos e do setor de food service, o engenheiro de alimentos pode atuar em setores que fornecem insumos, equipamentos, serviços.
Estágio e iniciação científica
Martin diz que já está estagiando desde outubro de 2020 na Ofner, no setor industrial. “Atualmente, estou cuidando dos Indicadores Chaves de Desempenho (ICD) da empresa, sempre pensando na melhoria contínua de todo o processo produtivo”, descreve a futura engenheira, afirmando que a atividade de estágio está lhe proporcionando uma base prática importante a partir do que aprende na graduação.
No curso, Martin destaca que o aprendizado é muito dinâmico, “sempre intercalando entre aulas teóricas e práticas”, afirma. Todavia, como informa, durante a pandemia as aulas práticas foram afetadas parcialmente, observa. “Mas as aulas teóricas foram bem planejadas e organizadas para serem passados todo o conteúdo necessário. Além disso, diante de todo o conhecimento fornecido por meio do estágio e da oportunidade de fazer iniciação científica me sinto ainda mais próxima do mercado”, avalia.
Martin participou, em 2019, do Inova Mauá, que é uma competição acadêmica que desenvolve projetos inovadores voltados à sustentabilidade. “Participei de um desses projetos, que tinha como objetivo realizar o tratamento da água contaminada com metais pesados através das fibras da casca da banana e do coco”, diz. Além do Inova, a discente fez Iniciação Científica em 2019/2020, quando teve “a oportunidade de desenvolver um iogurte probiótico com alto teor de proteína por meio de um processo de separação por membranas chamado ultrafiltração e foi uma experiência única onde consegui obter um contato maior com a área de Engenharia de Alimentos”.
Por fim, a futura engenharia de Alimentos Nathalia Richieri Martin já tem sua receita de um profissional responsável: “Ele deve estar muito atento à questão da legislação para evitar efeitos prejudiciais causados pela alimentação se manipulada de forma inadequada, às atualizações ligadas ao estilo de vida de cada consumidor ou pesquisas de mercado e tendências durante o desenvolvimento dos produtos. E estar atento à segurança alimentar com toda a questão de higiene e manipulação do alimento dentro de uma indústria tendo a consciência de que isso pode influenciar diretamente na saúde e bem-estar do consumidor.”
Você sabia que o SEESP oferece:
I - Orientação à carreira
O SEESP mantém a área Oportunidades na Engenharia que atende estudantes e profissionais da área na parte de orientação à carreira, com diversas ações, entre elas: atendimento personalizado (serviço exclusivo para estudantes e profissionais associados ao SEESP) com análise de currículo, orientação de LinkedIn, simulação de entrevista, dicas atuais sobre processos seletivos online e presenciais, elaboração de trilha de carreira e de estudo etc. O setor mantém, ainda, plataforma de divulgação de vagas de estágio e outras oportunidades; cadastro de autônomos; conteúdos atualizados sobre mercado de trabalho; noções gerais de redação e português. Para auxiliar estudantes e engenheiros na hora de formatação do currículo, também tem o Mapa da profissão, com informações de legislação, mercado, palavras-chave para cada modalidade da engenharia etc..
II - Associação para os estudantes
O estudante de Engenharia também pode se associar ao SEESP e usufruir de diversos benefícios, inclusive de desconto na mensalidade da faculdade, caso esta seja conveniada ao sindicato. Saiba mais aqui.
III - Núcleo Jovem Engenheiro
Foi criado um espaço bem bacana para os estudantes e recém-formados na área para discutir questões específicas. É o Núcleo Jovem Engenheiro, saiba como participar, clicando aqui.
Engenharia de Alimentos – Raio-X |
Carga mínima do curso – 3.600 horas |
Estágio – Obrigatório (Lei 11.788/2008) |
Temas abordados na formação - Bioquímica; Química e Bioquímica de Alimentos; Físico-Química; Modelagem, Análise e Simulação de Sistemas; Fenômenos de Transporte; Termodinâmica; Química Analítica (Qualitativa, Quantitativa e Instrumental); Microbiologia de Alimentos; Análise Sensorial; Tecnologia e Processamento de: Carnes, Laticínios, Cereais, Vegetais; Processos de Conservação; Embalagens; Toxicologia; Tratamento de Efluentes e Disposição de Resíduos da Indústria de Alimentos; Higiene e Sanificação; Controle de Qualidade; Operações Unitárias; Projeto da Indústria de Alimentos; Matemática; Física; Química; Ética e Meio Ambiente; Ergonomia e Segurança do Trabalho; Relações Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). |
Áreas de atuação - Em indústrias de alimentos e bebidas; no segmento de fornecedores de refeições; no varejo/redes de distribuição; no projeto e assistência técnica de equipamentos, em empresas de insumos alimentícios, de aditivos e de coadjuvantes de tecnologia para a indústria alimentícia; em empresas e laboratórios de pesquisa científica e tecnológica. Também pode atuar de forma autônoma, em empresa própria ou prestando consultoria. |
Piso profissional – Lei 4.950-A/66. |
Legislação pertinente – Lei 5.194/1966 |
Fonte: Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação |