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07/07/2022

Sindicalismo forte e atento às novas dinâmicas do mundo do trabalho

Rita Casaro – Comunicação SEESP


O sociólogo Clemente Ganz Lúcio, assessor do Fórum das Centrais Sindicais e ex-diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), foi o convidado do programa “No Ponto com Murilo Pinheiro” desta quinta-feira (7/7). A live comandada pelo presidente do SEESP colocou em pauta os desafios do sindicalismo e a realidade do mundo do trabalho.

 

 

Na avaliação de Clemente, apesar do quadro difícil enfrentado atualmente, há uma tendência de superação da visão dominante das últimas décadas. “Estão ocorrendo mudanças importantes naquela dinâmica em que a globalização e as ideias neoliberais tomaram conta do sistema produtivo e das relações de trabalho, desvalorizando o sindicato”, afirmou.  

Conforme ele, há esforços em várias partes do mundo para se retomar o protagonismo do movimento sindical e valorizar a negociação coletiva como elemento de regulação das relações do trabalho. Que esse empenho prospere no País, pontua, depende também do modelo socioeconômico a ser adotado. “Espero que o Brasil, a partir de outubro, recoloque uma estratégia para o desenvolvimento de outra natureza, na qual a industrialização, o crescimento econômico, o investimento público, a intencionalidade de uma dinâmica que gere emprego e crescimento dos salários se coloquem como uma perspectiva de futuro. Nela, há um campo enorme para repensarmos o movimento sindical”, pondera.

 

Na visão do sociólogo, por um lado é preciso fortalecer a organização sindical, assegurando representatividade, inserção no debate social e condições de atuar por meio do custeio a partir de contribuição dos trabalhadores. Por outro, há que se repensar as entidades tendo em perspectiva as novas dinâmicas da economia. “Deve expandir a sua base de representação [para além dos] assalariados, [incluindo] autônomos, por conta própria, que atuam em cooperativas, PJs, domésticos. Em cada nível e espaço, pensar qual a agenda e a estratégia de negociação; a clássica, que faz na representação direta junto ao empregador, mas também frente às casas legislativas e governos para esses  que não têm vínculo formal, para pensar direitos e proteção social”, propõe.


Nesse contexto, afirmou Clemente, têm papel fundamental entidades com o SEESP. “A perspectiva é que tenhamos como projeto político a construção de uma organização sindical que seja capaz de expressar essa diversidade de inserção ocupacional. É importante que tenhamos capacidade de promover as agendas dos diferentes segmentos, como engenheiros e médicos, que têm uma presença muito forte no sistema produtivo e uma abordagem da sua profissão para ser considerada na negociação.”  O modelo ideal, defende ele, é que haja cooperação entre as entidades, com a constituição de comitês conjuntos e estratégias unitárias.

 

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