Agência Sindical
Os salários continuam perdendo para a inflação acumulada. Quem mostra isso é o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no Boletim 23 - “De Olho nas Negociações”.
Acordos avaliados até 10 de agosto indicam que 31,8% dos salários tiveram ganhos acima do INPC. Em 20,8% dos casos, os reajustes foram iguais à inflação. Porém, 47,3% das negociações tiveram resultado abaixo do INPC cheio.
A variação real média dos reajustes no mês de julho ficou negativa em -1,10%. Mesmo com a deflação de 0,6% no mês, o reajuste necessário pra zerar a inflação na data-base de agosto seria de 10,12%.
Família - Segundo Luis Ribeiro, responsável pelo acompanhamento das negociações pro Dieese, a consequência é perda na renda média e no poder aquisitivo das famílias. Ribeiro explica que, além da inflação alta, “a informalidade e o alto desemprego são os principais motivos para os salários de várias categorias não alcançarem ganhos reais”.
O medo da demissão também atrapalha. Segundo o Técnico de Informações Sindicais do Dieese, “quem tem Carteira assinada evita greve, o que reduz o poder de pressão nas campanhas". Mesmo quando o trabalhador consegue o INPC cheio, ele diz, "a inflação alta logo corrói seu poder de compra”.
Setor - Até julho, reajustes iguais ou acima do INPC foram mais frequentes no comércio (69,6%). Na indústria, o percentual ficou em 65%. Nos serviços, 52,6% não conseguiram repor a inflação. Mas é o setor industrial que registra mais aumento real: em 26,9% dos acordos. Para o técnico, “categorias com Sindicatos fortes conservam algum poder de obter ganhos reais".
Luís Ribeiro vê pequena melhora de cenário até o final do ano. Ele também chama atenção para campanhas, como bancários, comerciários e metalúrgicos, "cujos Sindicatos são geralmente mais organizados e detêm maior poder de negociação e pressão".
Veja aqui o boletim De Olho nas Negociações.