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20/09/2022

Engenheira ambiental à frente do coprocessamento da Votorantim Cimentos

Unidade de negócios Verdera transforma resíduos industriais e urbanos e gera alternativas de energia limpa para fornos de cimento da empresa.

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

Larissa Dias Votorantim 400Engenheira ambiental Larissa Dias, da Votorantim Cimentos. Crédito: Divulgação.Engenheira ambiental e sanitarista formada pela Universidade de Taubaté (Unitau), em 2005, Larissa Dias foi contratada pela Votorantim Cimentos, em 2016, já para atuar na unidade de gestão de resíduos e coprocessamento, a Verdera. Hoje ela é Gerente Comercial da unidade para a região Sudeste. “Nosso foco é atuar na cadeia de soluções ambientais, gerando um novo valor para os resíduos e energia alternativa limpa e segura para os fornos de cimentos da empresa”, explica. Ela conversou com a área Oportunidades na Engenharia do SEESP sobre a sua trajetória profissional e o trabalho que desenvolve na companhia brasileira criada há 76 anos.

 

Chegar à decisão de seguir na profissão, diz Larissa Dias, não foi tão fácil, apesar de sentir inclinação pela área de exatas. Mas também existia uma vocação forte para o cuidado e a atenção à área ambiental. Foi uma união que deu certo: “Foi muito assertivo, pois sempre sonhei em poder trabalhar com algo que fosse transformador e que pudesse contribuir de forma positiva para a humanidade, e assim está sendo minha trajetória. Na Verdera, ajudamos a transformar o planeta e a realidade de muitas pessoas.”

 

O coprocessamento é uma tecnologia utilizada mundialmente como destinação adequada e ambientalmente correta de diferentes tipos de resíduos que não são utilizados na reciclagem, mas possuem reaproveitamento energético nos fornos da indústria de cimento. Esses resíduos e biomassas substituem o coque de petróleo, um combustível fóssil, ampliando o uso de fontes de energia renováveis e reduzindo as emissões tanto durante a produção de cimento quanto no processo de decomposição dos resíduos, que deixam de ir para os aterros.

 

Com MBA em Gestão Comercial na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Dias comemora os seis anos em que trabalha na Votorantim Cimentos e faz questão de relacionar a sua trajetória desde 2016, quando começou como coordenadora comercial nas Regiões Sul e Sudeste com objetivo de estruturar a área e desenvolver o time comercial na prestação do serviço de destinação dos resíduos por meio da tecnologia de coprocessamento. “Nesse processo, fui responsável na cadeia de soluções ambientais dando um novo valor para os resíduos e gerando energia alternativa para sete fábricas de cimentos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro”, lembra.

 

Ao longo da sua carreira na Votorantim Cimentos, observa a engenheira Larissa Dias, muitos desafios foram enfrentados e objetivos alcançados, como projetos importantes junto aos clientes e com fábricas foram realizados, “obtivemos recordes de substituição de combustíveis fósseis por combustíveis alternativos, proporcionando a redução de emissão de CO2 (gás carbônico) e outros gases que causam o efeito estufa”, afirma, orgulhosa.

 

Uma participação que considera importante e marcante, tanto para ela como para a empresa, pelo pioneirismo e compromisso ambiental, foi o início do coprocessamento de resíduo urbano na fábrica de Salto de Pirapora, em São Paulo. Dias relata: “Em 2018, a Cetesb [Companhia Ambiental do Estado de São Paulo], emitiu uma normativa que estabeleceu diretrizes e condições para o licenciamento de unidades de preparo de CDR [Combustível Derivado de Resíduos] e da atividade de recuperação de energia proveniente do uso deste material. A Votorantim Cimentos foi pioneira no Brasil a coprocessar o CDR.”

 

Para a produção do CDR, explica Dias, usualmente, são utilizados resíduos oriundos dos setores privado (indústria, comércio e serviço) e público (parcela seca segregada do resíduo sólido urbano), na sua maioria plástico, papel, borracha, madeira e tecidos após já terem sido descartados para reciclagem por parte das cooperativas de catadores. “Ao invés do envio para aterro, tais resíduos são submetidos a processo de valorização, mediante operações de blindagem (trituração e mistura), visando à obtenção de um material com característica homogênea”, descreve o processo.

 

Em 2019, também teve o privilégio, prossegue a gerente comercial da Verdera, de participar da construção de uma ação importante dentro da empresa, “passamos a atuar diretamente no mercado de gerenciamento de resíduos por meio da nossa unidade de negócios Verdera”. Hoje, como gerente comercial da Verdera para a Regional Sudeste, “gerencio um time para atender às empresas na gestão de resíduos nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro”.

 

Pionerismo

A Votorantim Cimentos é pioneira no coprocessamento no Brasil e atua na área por meio da Verdera, a unidade de gestão de resíduos. Essa tecnologia consiste em tratar e destinar corretamente os resíduos de maneira sustentável e limpa. “Trata-se de um processo que promove a destruição completa dos resíduos, sem gerar novos passivos ambientais, por meio da incorporação total ao cimento”, assevera a gerente.

 

Votorantim CDRPrioneirismo no coprocessamento de resíduos industriais e urbanos para criação do combustível derivado de resíduo (CDR).

 O processo auxilia também na redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), tanto durante a produção de cimento quanto no processo de decomposição dos resíduos, que deixam de ir para os aterros sanitários, onde entrariam em processo de decomposição que levaria anos e geraria gases nocivos ao planeta. “A qualidade da produção é garantida por meio das características do forno, dos investimentos em tecnologia e ao monitoramento constante.”

 

Os primeiros testes ocorreram em 1991, na fábrica de Rio Branco do Sul, no Paraná. Atualmente, a Votorantim Cimentos tem 14 unidades, no País, que coprocessam diferentes tipos de resíduos, que substituem parte do coque de petróleo como combustível alternativo nos fornos de fabricação de cimento. No início, lembra ela, “eram coprocessados apenas pneus inservíveis, que deixavam de ser um problema, como criadouro para proliferação de mosquitos, ou ocupar espaço em aterros sanitários, para voltar à utilidade como solução energética”.

 

Todavia, continua, as pesquisas avançaram e novos materiais foram incorporados, como diferentes tipos de biomassas. Dias destaca a casca de arroz, os cavacos de madeira, o coco de babaçu, a serragem e o caroço do açaí.

 

Outros tipos de resíduos são coprocessados pelas unidades da Votorantim Cimentos, mas o de maior impacto, informa Larissa Dias, são os de origem industrial – plásticos, papéis, têxteis com restos de óleo, líquidos e borras provenientes de limpezas de tanques ou de diferentes tratamentos industriais. “Na hierarquia da destinação, logo após a reciclagem, está o coprocessamento como tratamento adequado. Ou seja, se o rejeito não pode ser reciclado, deve ser destinado para o reaproveitamento energético”, explica a engenheira.

Para ela, mostra-se que “se preocupar em como a atividade industrial afeta o equilíbrio ambiental é um dos primeiros passos para a preservação do planeta”. Dias questiona: “Como transformar o passivo ambiental em solução para a sociedade e para o planeta?”

 

Ela não tem dúvida que a resposta à pergunta “é o que nos motiva a ir mais longe. Somos determinados em descobrir novas possibilidades para o gerenciamento de resíduos, proporcionando impacto positivo para o meio ambiente e para as comunidades nas quais operamos. Para nós, a sustentabilidade é o único caminho possível”.

 

Resultados alcançados
Nos dois primeiros anos de operação (2020-2021), a Verdera conquistou a marca recorde de 2,1 milhões de toneladas de resíduos coprocessados. “Isso significa 1,4 milhão de toneladas de CO2 a menos na atmosfera, tornando o processo industrial mais limpo, sustentável e alinhado com o desenvolvimento das comunidades”, mostra Larissa Dias.

 

Votorantim babacuCoprocessamento de babaçu para substituição do coque na produção de cimentos da Votorantim.

 

A Votorantim Cimentos é signatária do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e nossa estratégia está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma agenda global com 17 objetivos e 169 metas a serem alcançados até 2030. “A integração dos ODS em nossas atividades ajuda a garantir o sucesso futuro de nossos negócios, de forma que nossos compromissos para 2030 também contribuem para o atingimento dessas metas, afinal, nosso negócio é focado no longo prazo e na construção de relações duradouras”, discorre.

 

A iniciativa está em sintonia com os Compromissos de Sustentabilidade para 2030, em que a empresa alinha todas as operações mundiais às demandas atuais e futuras da sociedade para gerar impacto positivo em toda a cadeia produtiva e valor compartilhado nas comunidades em que atua. Os compromissos são divididos em setes pilares: ética e integridade; saúde, segurança e bem-estar; diversidade e inclusão; inovação; pegada ambiental; economia circular e valor compartilhado.

 

Economia circular

Larissa Dias reconhece que é uma atuação profissional que está no centro das preocupações do planeta, qual seja a de equacionar atividade econômica e ambiente. “Hoje, a Votorantim Cimentos é uma empresa de materiais de construção e soluções sustentáveis. Buscamos a evolução constante para gerar resultados duradouros e um legado positivo para a sociedade”, afirma.

 

Por isso, reforça Dias, o objetivo na Verdera é auxiliar as empresas a gerenciarem seus resíduos de forma correta e sustentável. “Por meio do coprocessamento, geramos um impacto positivo para as indústrias e para a sociedade ao eliminar resíduos do planeta por meio de uma tecnologia limpa. Essa tecnologia é baseada no conceito de economia circular, pois reinsere na cadeia produtiva materiais que possam gerar energia, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e atuando de forma sustentável”, atesta a engenheira ambiental da Votorantim Cimentos.

 

Um movimento da Votorantim Cimentos que também se relaciona com a prática ESG – acrônimo em inglês de Environmental, Social and Governance, na tradução livre para o português meio ambiente, social e governança. “Essa pauta com as vertentes ambiental, social e de governança tem crescido muito de importância nos últimos tempos. Temos de lembrar que o guarda-chuva principal de ESG é a sustentabilidade de longo prazo”, enfatiza Larissa Dias.

 

Como ela mesma diz, sustentabilidade sempre foi um assunto muito importante, mas que, nos últimos anos, ganhou uma força especial, por conta da necessidade e responsabilidade das empresas em garantir impactos positivos. “E a pandemia da Covid-19 acelerou em alguns anos esse processo, junto com o movimento do mercado financeiro de pressionar cada vez mais as empresas a terem atitudes responsáveis como forma de mitigar os seus riscos”, analisa.

 

Para ela, priorizar o ESG está ligado à própria capacidade das empresas de prosperar. “Vou além, está ligado com a capacidade das empresas de sobreviver no futuro. O ESG não é uma moda. O ESG é uma transformação do modelo de negócio, o qual passamos a computar a variável impacto junto com risco e retorno”, exorta a engenharia ambiental.

Ela ensina: “O planeta é único, todos nós temos que cuidar para que possamos prosperar. Podemos dizer que o ESG não faz milagre, mas as empresas que não têm ESG em sua estratégia terão sérias dificuldades de competir no mercado que cada vez mais exigirá atitudes íntegras, éticas e responsáveis.”

 

Nesse sentido, Larissa Dias afirma que a Votorantim Cimentos tem muito orgulho em poder contribuir para a sustentabilidade por meio do propósito e atuação na Verdera que está inserida e guiada pelas práticas ESG. “Queremos criar um mundo mais igualitário e sustentável. Por isso, procuramos gerar impacto positivo e de longo prazo para nossas comunidades, acionistas e ao meio ambiente. Buscamos construir relações duradouras e parcerias que compartilhem essa mesma visão”, ensina ela.


Trajetória de excelência

Antes de ser contratada pela Votorantim Cimentos, Larissa Dias iniciou a carreira no Grupo Veolia, em 2002, como estagiária na área de Meio Ambiente, atuando com sistema de gestão ambiental das unidades de destinação dos resíduos (tecnologias de aterro sanitário e coprocessamento). Posteriormente ela foi efetivada como engenheira de vendas prestando serviços de gerenciamento e destinação de resíduos para as indústrias. “Essa posição estava em sinergia com meu trabalho de conclusão de curso de Engenharia em que desenvolvemos o projeto do biogás para aproveitamento energético do gás metano gerado no aterro sanitário no município de Tremembé no estado de São Paulo”, recorda.

Em 2007, foi para a Haztec Tecnologia e Planejamento Ambiental com atuação em diagnósticos e remediação de áreas contaminadas. Em 2011, assumiu um novo desafio na Merieux NutriSciences, um dos maiores grupos de laboratório do mundo, onde atuei na prestação de serviços de análises e consultoria ambiental as indústrias.

 

A seguir, vídeos institucionais da Votorantim Cimentos sobre o coprocessamento:

 

 

 

 

 

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