Soraya Misleh – Comunicação SEESP
Nesta quarta-feira (12/10) é o Dia do Engenheiro Agrônomo. A data marca a regulamentação através do Decreto 23.196/1933 da profissão que conta atualmente 120.352 registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), sendo 96.406 homens e 23.946 mulheres em todo o Brasil. No Estado de São Paulo, são 18.348 do gênero masculino e 3.790, feminino.
Conforme o Mapa da Profissão, serviço oferecido pelo SEESP aos profissionais e estudantes da categoria por meio de sua área de Oportunidades na Engenharia, o engenheiro agrônomo é responsável pelo planejamento, coordenação e execução de atividades agrossilvipecuárias e do uso de recursos naturais renováveis e ambientais. E ainda pela fiscalização dessas atividades e promoção da extensão rural, orientando produtores e elaborando documentação técnica e científica. Pode prestar assistência e consultoria técnicas.
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Em homenagem a esse profissional imprescindível para se garantir uma agricultura mais sustentável, o SEESP conversou com o engenheiro agrônomo Marco Antônio da Silva, 44 anos, diretor técnico da Semear Engenharia Agronômica. Natural de Minas Gerais e vivendo há 18 anos em Goiás, ele conta sobre sua trajetória, aborda a importância da profissão e perspectivas. Confira a seguir a entrevista:
O que o levou a escolher a profissão de engenheiro agrônomo?
Na época que saí do ensino fundamental havia duas escolhas de escola técnica na minha cidade: agrícola ou elétrica. Já tinha começado o boom do agronegócio, e resolvi ir para a Escola Agrotécnica Federal de Barbacena, hoje Instituto Federal, que oferece o curso de Agronomia também. Quando concluí [o ensino médio], dei continuidade. Eu me formei em Agronomia na Universidade Federal de Lavras. Eu achava que a área estava crescendo mais do que as outras, e isso se confirmou. Hoje tenho a empresa Semear com mais dois sócios, Leonardo de Moura Borges e Kellen Peres [também profissionais da área], e em torno de 100 colaboradores. Um terço é agrônomo, e contratamos todo ano. A agronomia é muito dinâmica, é preciso sempre atualização profissional, sobretudo em relação à evolução tecnológica. Já estou na quarta pós-graduação.
Aliado ao potencial de mercado, você se sente realizado na profissão?
Sim, me encontrei na profissão, principalmente ao ingressar na Semear em 2011. Fundada em 1994 pelo meu sócio, a empresa presta consultoria a produtores e atua com agricultura de precisão, que é muito ligada à preservação do meio ambiente, por garantir a aplicação de agroquímicos somente na quantidade necessária para se produzir, sem excessos. A agricultura de precisão gera muitos dados, e é preciso ter conhecimento para interpretá-los e fazer a aplicação da melhor maneira possível. O profissional que faz isso é o agrônomo. [Na consultoria], tem o papel de prestar serviços diretamente ao produtor, orientando-o tanto sobre a legislação a cumprir quanto em relação à consciência ambiental, para evitar embargos que podem vir de outros países, pensar a obtenção de crédito de carbono para produtores. A sustentabilidade é intrínseca à formação hoje.
Além de atuar em consultoria e agricultura de precisão, quais outras possibilidades ao agrônomo?
Pode atuar também na área comercial, junto a revendas e multinacionais de produtos agrícolas, como fertilizantes, agroquímicos, biológicos e de adubação foliar. A parte de tecnologia digital está em ascensão. Máquinas conseguem aplicar fertilizantes de acordo com o que se necessita em cada ponto, tratando o solo como heterogêneo. Cabe ao engenheiro agrônomo gerar os arquivos para que a indústria desenvolva as máquinas mais modernas com tecnologia embarcada. O profissional também pode seguir carreira acadêmica e trabalhar na fiscalização, em institutos públicos como o Ibama, nos ministérios do Meio Ambiente e Agricultura, bem como na extensão do conhecimento, junto à Embrapa e órgãos estaduais. Por exemplo, há hoje uma pressão muito grande sobre o agronegócio para ser mais sustentável. Em vez de fertilizantes convencionais, está sendo analisado e testado pela Embrapa o uso rejeitos de outra indústria, como o pó de rocha das mineradoras. [O profissional] analisa a composição mineralógica e química e verifica se serve ao uso agronômico, o que resolveria dois problemas ambientais – resíduos da mineração e utilização de agrotóxicos, inclusive com redução da dependência da importação de fertilizantes –, com custo mais baixo de implantação e eficácia muito parecida ou até superior. A substituição de defensivos agrícolas químicos por biológicos tem crescimento exponencial. Já tem produtores fazendo isso, mas ainda é muito incipiente. Além disso, atualmente a questão da segurança alimentar é o que mais se discute no planeta. São quase 8 bilhões de habitantes no mundo e poucas áreas de crescimento agrícola, as maiores no Brasil e na África. Nosso país usa 7% a 8% do território nacional para produção agrícola, há possibilidade de crescimento muito grande em pastagens degradadas que hoje cobrem uns 20% do País. O Brasil poderia aumentar dez vezes sua produção fazendo uma agricultura mais sustentável. O agrônomo é o profissional com conhecimento para que se use menos espaço aumentando a produção.
As perspectivas a um estudante que optar pela profissão então são positivas?
Sim. A demanda por agrônomos é muito maior que a oferta. O profissional sai da faculdade e tem emprego garantido.
Saiba mais sobre a profissão nas páginas 50 a 53 do Guia das Engenharias.