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15/12/2022

Plenária e posse do Conselho Consultivo da CNTU

 

Soraya Misleh/Comunicação SEESP

 

Aconteceu nesta quinta-feira (15/12) a 19ª. edição da Plenária do Conselho Consultivo da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), quando foram empossados 105 novos membros. Agora já são mais de 2 mil integrantes do chamado “Conselho das 1.000 cabeças”.

 

Plenária e posse do "Conselho das 1.000 cabeças". Foto: Soraya Misleh 

Integrando a programação da 16ª. Jornada da entidade, a atividade – em formato híbrido, presencial no auditório do SEESP, na capital paulista, e online – foi coordenada pelo seu diretor de Articulação Nacional, Allen Habert. Ao final, foi feita a leitura da carta do evento pela jornalista, ambientalista e codeputada da Mandata Ativista (SP), Claudia Visoni, uma das conselheiras empossadas, a qual foi aprovada pelos participantes.

 

Conselheira consultiva empossada, a jornalista Claudia Visoni lê a carta aberta da jornada. Foto: Soraya Misleh

 

A pesquisadora Maria Rosa Ravelli Abreu abriu as saudações aos novos membros, destacando ensinamento do escritor brasileiro Guimarães Rosa: a importância de se pensar para agir, ao encontro do que move o “Conselho das 1.000 cabeças”. “É o que a CNTU tem feito, no sonho de um país justo, um futuro radioso no sentido da integração com a América Latina, via transporte aquaviário, ferroviário, como toda a Europa vem fazendo. É a maneira de nos unirmos”, enfatizou a conselheira veterana. Na mesma linha, a psicóloga Valéria Sanchez frisou que o que caracteriza a confederação é a coligação da intenção com a ação.

 

Para o jornalista Paulo Cannabrava, editor da revista Diálogos do Sul, o governo federal eleito, que assumirá a partir de 1º. de janeiro de 2023, terá que enfrentar questões como a militarização da política, a garantia de um Estado laico e a “guerra de narrativas”. E só conseguirá com o engajamento da sociedade.

 

A economista Ceci Juruá, também membro efetivo, saudou o Conselho como o “ambiente ideal” para se trabalhar pelo Brasil, num momento muito necessário. Isso porque, afirma, “sofremos um período de destruição imensa, principalmente do Estado nacional”.

 

Participação também virtual na plenária. Foto: Soraya Misleh 

Ela lembrou do processo de desmonte iniciado ainda nos anos 1980 e 1990 até a privatização recente da Eletrobras  e ameaças à Petrobras, destacando: “Que a CNTU seja a grande frente democrática de resistência, para que a gente não perca a Petrobras e recupere todas as bases desse conglomerado, rumo a um país em que não haja mais fome e onde todos tenham casa, comida, educação, saúde, trabalho e cultura.”

 

Com a palavra, os novos integrantes

 

A pesquisadora e psicóloga Marilene Proença apresentou avanços alcançados em sua profissão, em prol da saúde pública, como a Lei nº 13.935, de 11 de dezembro de 2019, que prevê que as redes públicas de educação básica disponham de serviços de psicologia e serviço social, em fase de regulamentação em municípios e estados brasileiros. Vinculando essas conquistas à construção de uma sociedade mais justa, ela falou sobre sua esperança de que em 2023 haja a retomada da participação social à consolidação do processo democrático brasileiro e ao enfrentamento das desigualdades.

 

A perspectiva otimista é compartilhada com a jornalista Mariana Moura, coordenadora do Movimento Cientistas Engajados, que frisou: “Com muita honra aceitei o convite [para integrar o “Conselho das 1.000 cabeças”]. Temos a tarefa de reconstruir o Brasil e prepará-lo para os próximos 100 anos, acabar com a fome, gerar emprego e renda, avançar na transição energética, construir um país em que a riqueza pertença ao povo.”

 

A disputa por esse projeto de nação, acredita ela, já começou e será árdua: “Cabe a nós participarmos desse processo.”

Diretora da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Patricia Laier também expressou sua emoção e alegria em ser empossada, salientando a importância do Sistema Petrobras num projeto de reconstrução nacional, o qual tem a possibilidade de “oferecer energia que o País precisa para crescer de forma sustentável”.

 

A empresa pública tem papel importante inclusive, como pontuou ela, para acabar com a fome no Brasil, na produção interna de fertilizantes nitrogenados. “Tem também ponte com educação e saúde”, disse, lembrando que o fundo do pré-sal originalmente destinava 75% para a primeira área e 25% para a segunda. “É fundamental para o Brasil dar o salto que precisa”, concluiu.

 

Paulo Massoca, coordenador do Movimento Engenharia pela Democracia, acredita que a grande batalha é por esclarecer a opinião pública sobre a importância do serviço público, o papel do Estado e da Petrobras no terreno das ideias a partir de 2023.

“Isso é vital, é onde vai se dar a batalha. Agora fala-se no caminho da privatização da água, que já foi trilhado por países centrais e não deu certo. O Estado pode ser a ferramenta para criação de políticas públicas que beneficiem o conjunto da população. Vamos à luta pelo Brasil, nosso povo, a engenharia nacional e um futuro melhor”, finalizou.

 

Isso é premente nas periferias das grandes cidades, como demonstrou Maria Aparecida Honório, conhecida como Cida, coordenadora do Núcleo de Mulheres da Associação de Moradores do Alto da Brasilândia: “Somos a segunda maior comunidade da cidade de São Paulo. Durante a pandemia estivemos por duas vezes no topo das mortes por Covid-19. Percebemos que o caos era ainda maior do que imaginávamos na periferia, muito mais grave. Só não foi maior por ação das nossas associações e organizações.”

 

Como contou, não havia equipamentos adequados e internet de qualidade para garantir educação a distância aos alunos da rede pública, casas enfrentavam a falta de água tratada, algumas com “um banheiro para dez pessoas” e as pessoas sofriam com insegurança alimentar. Numa perspectiva de mudar essa realidade, Cida apontou como premente a transformação da vida das mulheres, numa “rede conectada de ajuda”.

 

Claudia Visoni trouxe a urgência desse pensar coletivo e ação conjunta, ao falar dos desafios ambientais: “O Cerrado alcançou recorde de desmatamento, assim como a Amazônia. Os yanomâmis vivem uma crise humanitária, garimpeiros abriram uma estrada de 150km dentro de suas terras. Tudo isso tem correlação com o aquecimento no Atlântico, principalmente na área da Antártica. Tem aumento chuvas, tempestades.”

 

Segundo ela, a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP) – cuja 27ª. edição aconteceu neste ano no Egito – mostrou que “a meta definida no encontro de Paris está politicamente inviável, e ainda não temos no debate da política o tema das adaptações climáticas”. Visoni alertou: “Na nossa expectativa de vida as consequências já são ruins, e para quem vem por aí são péssimas.” Assim, fez o chamado: “Que esse conselho ajude a nos articularmos para melhorar a herança que estamos deixando. O racismo ambiental, a injustiça climática são realidade acachapante, precisamos agir em prol dos mais vulneráveis na sociedade.”

 

Em face desse quadro, o engenheiro Alexandre Siqueira acredita que o mundo enfrenta “crise civilizatória”. Para reverter esse cenário, defende – assim como seu colega Paulo Massoca – que se disputa a opinião pública com a verdade. Também propugna a reconstrução do Estado brasileiro e pensar mudança no modo de vida em prol do meio ambiente.

 

Ada Nery Suene, consultora de comunicação, concluiu: “São muitos desafios, e é muito bom ter vozes unidas para falar de projetos e novos investimentos, coisas que o País precisa para avançar.” Já o cacique Ramon Tupinambá saudou a importância de se unir forças e saberes.

 

Acesse aqui a relação dos integrantes do “Conselho das 1.000 cabeças”

 

Confira, logo após a abertura da jornada, a plenária e posse do Conselho Consultivo na íntegra:

 

 

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