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14/02/2023

Dos trilhos a inovações sustentáveis, o protagonismo da Engenharia Mecânica

Jéssica Silva – Comunicação SEESP

 

Em entrevista ao SEESP, Eduardo Bocci Domingues conta sua experiência como engenheiro mecânico na área de transportes. Ele destaca atuação para projetos sustentáveis e a importância dos modais sobre trilhos. 

 

Oriunda da Revolução Industrial sendo uma das modalidades mais antigas, a Engenharia Mecânica é protagonista das evoluções da sociedade. Com o desafio premente de conservação do meio ambiente não seria o oposto. Novas demandas de soluções sustentáveis e autônomas fazem do profissional da área indispensável para correta e eficaz execução de projetos.

 

É o que atesta Eduardo Bocci Domingues, engenheiro mecânico sênior da Alstom – player global no setor de transportes incluída mais de dez vezes nos índices Dow Jones de Sustentabilidade, Mundo e Europa, que avaliam práticas empresariais sustentáveis.

 

Formado pelo Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI) há 18 anos, Domingues deu peso ao currículo especializando-se em Engenharia Mecânica Automobilística, Gestão e Tecnologia do Projeto do Produto e Gestão de Projetos. Já trabalhou em multinacionais como Bombardier e Scomi, e atua há 11 anos no desenvolvimento do monotrilho da Linha 15 – Prata do Metrô, atualmente como engenheiro de produto, acompanhando o projeto de execução.

 

Em sua visão, a corrida por transportes menos poluentes é uma oportunidade aos engenheiros mecânicos no mercado de trabalho. Não obstante, os transportes sobre trilhos com tração elétrica, como o monotrilho, é uma solução que precisa ser vista como parte importante desse processo.

 

“No Brasil, o setor ferroviário não é visto como um sistema de transporte essencial para a sociedade, como na França, Alemanha e outros países da Europa, pois ainda sofre altos e baixos na execução de projetos e novas oportunidades dependendo do quadro político”, ele avalia.

 

 

EduardoBocciDomingues Alstom Arquivo pessoalEduardo Bocci Domingues, engenheiro que atua no projeto de execução do monotrilho da Linha 15 – Prata do Metrô. Foto: Arquivo pessoal.

 

 

“Eu queria ser engenheiro desde meus 10 anos de idade, como dizia a minha mãe ao me ver desmontando as máquinas de casa e o quanto eu ficava fascinado ao ler os livros de tecnologia da época. Eu nunca me vi estudando e trabalhando em outra área que não a de engenharia”, revela Domingues nesta entrevista que abre a série “Carreira na Engenharia”.

 

 

Como é sua atuação na Alstom?

Eu atuo na engenharia de produto da Alstom, com ênfase em sistemas mecânicos tanto para o trem (material rodante) como para sistemas de via e pátio, como por exemplo máquina de chave (que muda a via na qual o trem roda), máquina de lavar trens, veículos especiais de manutenção e inspeção de via etc.. O dia a dia é focado em execução de projetos, podendo variar desde a concepção, controle, detalhamento, construção, teste e operação dos trens. Cuido do projeto de execução do monotrilho da Linha 15 – Prata do Metrô.

 

Trabalho com os sistemas do material rodante e os sistemas da via analisando a performance operacional, corrigindo problemas, determinando novas soluções e atendendo as necessidades do Metrô, integrando de forma globalizada uma equipe multidisciplinar de engenheiros da Alstom de diversos países como Canadá, EUA, França, Índia, Alemanha e México.

 

Qual sua visão sobre a Engenharia Mecânica na atualidade, principalmente considerando a relação com o meio ambiente?

A sociedade em geral, e independente de país em desenvolvimento e/ou já desenvolvido, está sempre à procura de novas soluções que promovam a melhoria da vida das pessoas. Nessa mesma linha um dos setores de maior influência e atuação da engenharia mecânica é o dos transportes. Novas soluções e veículos podem ser encontradas no setor, como veículos rodoviários elétricos e autônomos. Para a engenharia mecânica, e integrando com todas as engenharias, entendo que existe muito trabalho a ser feito e muito a ser desenvolvido, em particular no setor de transportes, em que a demanda está média para alta.

 

Com novos projetos e novas demandas de soluções sustentáveis e autônomas, a engenharia mecânica e outras correlacionadas são fundamentais para a correta e eficaz execução dos projetos. No Brasil, porém, o setor ferroviário ainda não é visto como um sistema de transporte essencial para a sociedade, como na França, Alemanha e outros países da Europa, pois ainda sofre altos e baixos na execução de projetos e novas oportunidades dependendo do quadro político.

 

Quais as inovações da área?

A autonomia, eu acredito que seja a mais visível hoje, sistemas mais autônomos e eficazes aparecem cada vez mais em projetos ferroviários. Também a sinalização de trens, que hoje se tornou uma necessidade básica dos projetos. Soluções mais sustentáveis e ecologicamente corretas estão aparecendo aos poucos, mas já são fortes premissas para o futuro nas empresas do setor.

 

Como chegou à Engenharia Mecânica? O que o levou a optar por essa área?

Eu queria ser engenheiro desde meus 10 anos de idade, como dizia a minha mãe, ao me ver desmontando as máquinas de casa e o quanto ficava fascinado ao ler os livros de tecnologia da época. Eu nunca me vi estudando e trabalhando em outra área que não a de engenharia. A ênfase em Mecânica foi se consolidando ao longo do tempo em que fui entendo melhor minhas aptidões e abrangência de atuação.

 

Em sua trajetória profissional, qual o projeto de maior destaque de que participou?

O monotrilho da Linha 15 – Prata do Metrô ganha destaque, pois ainda que trabalhando em quatro empresas diferentes (Faiveley, SCOMI, Bombardier e Alstom), pude atuar como fornecedor de sistema de via, gestor técnico, gestor de projeto e engenheiro de sistemas/produto. Já são 11 anos nesse projeto.

 

Quais expectativas profissionais para o futuro?

Atuar em novos projetos de transporte ferroviário no Brasil e no mundo. Em tempo, podendo trabalhar com sistemas e soluções sustentáveis no Brasil.

 

Tem alguma dica para os estudantes e iniciantes na carreira?

Minha geração de engenheiros é relativamente diferente da atual, mas entendo pela vivência que tive que “gostar mais do que faz e não fazer o que acha que gosta” seria uma boa dica para começar. A experiência e maturidade vêm da vivência em lidar com as dificuldades e não com as facilidades. E, em específico na engenharia, nada é fácil de resolver sem experiência. Com o passar do tempo e adquirindo maturidade, fica mais fácil entender o que realmente lhe agrada e lhe dá retorno profissional e financeiro.

 

 

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