Soraya Misleh / Comunicação SEESP
Na tarde desta quinta-feira (30/3) iniciou-se o seminário “Hidrogênio verde como fonte energética ao transporte sustentável e solução à descarbonização da economia”, na sede do SEESP, na Capital.
Em meio à urgência reconhecida globalmente de combate às mudanças climáticas, o evento ocorre em parceria entre o sindicato, por meio do seu Conselho Assessor de Mobilidade Urbana, e a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio do projeto H2Brasil, implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
Murilo Pinheiro, presidente do SEESP, abriu os trabalhos destacando a importância de se pautar na entidade a discussão sobre hidrogênio verde [H2V], que ganha o mundo: "É fundamental para pensarmos no avanço da energia renovável e que não polui." E anunciou que, como resultado deste primeiro evento, a entidade constituirá grupo de trabalho para avançar no debate, crucial ao desenvolvimento sustentável nacional.
A relevância do tema foi também destacada por Markus Francke, diretor do projeto H2Brasil. Ele contou um pouco dessa trajetória junto ao projeto implementado pela GIZ Brasil: "Cheguei a este país em janeiro de 2022. Nas primeiras conversas sobre hidrogênio verde com a indústria, diziam que era interessante, mas provavelmente para outros. O mesmo na agricultura, no transporte." A situação evoluiu, conforme Francke, e agora todo mundo reconhece sua importância, "para todos nós, indústria, cidades, região rural, especialmente na agricultura, para produção de fertilizantes". Nesse contexto, afirmou sua felicidade com a realização e parceria com o sindicato.
Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), garantiu que essa entidade está "plenamente engajada nesse tema, mencionando a assinatura de parcerias e iniciativas internacionais de filiados. Na sua concepção, a questão não é "só do momento, mas para o futuro do mundo e do nosso país".
Representando a Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito, Wagner Chagas, diretor da São Paulo Transporte (SPTrans), pontuou: "O tema não poderia ser outro. É o caminho certo para a descarbonização." De acordo com sua fala, este é o empenho dentro da SPTrans, a qual está atuando na eletrificação da frota e buscando novas ideias para tanto.
O secretário executivo municipal de Mudanças Climáticas, representando o prefeito Ricardo Nunes, considera que o mandatário da Capital saiu à frente quanto a essa questão, ao instituir a Pasta: "Há quatro instituições do continente americano que tratam especificamente do tema na administração pública: nos Estados Unidos, na Argentina, em Niterói [RJ] e aqui em São Paulo, a quarta maior cidade do mundo, quarta região metropolitana do planeta e terceiro orçamento do País. É um modelo novo de governança a ser seguido mundialmente."
Ele enfatizou: "Estamos atentos ao hidrogênio verde dentro do processo de disrupção para matrizes descarbonizadas na indústria e transportes. Contem com a Prefeitura nesse esforço."
Já o Ministério de Minas e Energia se fez presente por meio de vídeo de Patrícia Naccache, coordenadora da Câmara de Regulação do Projeto de Hidrogênio Verde. Ela informou sobre aprovação de nova estrutura dentro do Programa Nacional de Hidrogênio, vinculado ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), com relevância ao transporte e mobilidade urbana, mas também para outros setores como fertilizantes, mineração e metalurgia. Nessa direção, está em construção política pública para o desenvolvimento do H2V. "São cinco câmaras temáticas com participação do setor público, privado e da academia. Um dos eixos prioritários é a cooperação internacional."
Estreita colaboração
A Alemanha se apresenta como parceira, como sublinhou Naccache, "com estreita colaboração na área energética". É o que revelou a cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, Martina Hackelberg. Seu país, relatou, acaba de receber delegações do mundo todo, incluindo ministros de Estado, "no esforço global de proteger o clima e da transição energética, tendo em vista a COP 28 [Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, prevista para acontecer em Dubai entre 30 de novembro e 12 de dezembro deste ano]".
A cônsul-geral da Alemanha citou o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) anunciado na última semana, para demonstrar a importância de se investir na produção de H2V. "E a hora de implementar é agora", vaticinou.
Como alertou, o setor energético é responsável por "quase 40% das emissões de CO2 em todo o mundo", informando que seu país está "acelerando a substituição de combustíveis fósseis". Nesse sentido, asseverou: "Queremos ser neutros até 2024, e a produção de hidrogênio verde tem papel fundamental."
O Brasil é parceiro estratégico, por sua potencialidade - melhores condições climáticas e geográficas para gerar H2V com "garantia de qualidade e competitividade". Hackelberg constatou que essa visão tem avançado aqui, somada à percepção de que se trata de mercado lucrativo.
Resultado é a busca de parcerias com a Alemanha, na ótica de que o Brasil, como concluiu a cônsul-geral, "é ator vital na questão ambiental" e pode alavancar mercado global "rumo à transição energética limpa e justa".
Confira a abertura do seminário na íntegra: