Jéssica Silva /Comunicação SEESP
Consultor técnico em exploração vegetal, de fauna e flora, especialista em preservação florestal, em tecnologia de madeira, silvicultor e reflorestador. Essa descrição sumária do Engenheiro Florestal, segundo o Mapa da Profissão, dá a dimensão da responsabilidade desse quadro técnico no atual momento da sociedade, em que pauta ambiental é urgente.
Para o engenheiro florestal Alexandre Assis Astorino, a profissão traz obstáculos a serem vencidos, mas vale a pena. “É desafiadora, pois envolve muito conhecimento, dedicação, tempo e recurso, e gratificante porque os resultados são magníficos e por participar de um projeto que beneficia a natureza e a humanidade”, ele frisa.
Graduado em 2000, o engenheiro especializou-se em Gestão de Recursos Florestais e Gestão de Projetos; tem mais de 11 anos de experiência atuando na área, inclusive em restauração florestal. Atualmente, é engenheiro de meio ambiente na AES Brasil.
“Nos últimos dez anos, conseguimos restaurar aproximadamente 2.500 hectares de áreas nas margens dos reservatórios da empresa. Os benefícios resultantes desses projetos são imensuráveis, tanto para o meio ambiente como para a sociedade”, destaca Astorino.
Em entrevista ao SEESP, ele conta sua trajetória profissional e dá dicas aos iniciantes no ramo. Em sua visão, é um mercado de trabalho que está aquecido, mas requer qualificação. “Hoje as empresas não buscam apenas profissionais qualificados, mas também os capazes de realizar muito bem a gestão de projetos. Outro ponto importante é estar sempre atento às novas soluções tecnológicas, o mercado é muito dinâmico e quem não consegue acompanhar acaba ficando para trás”, alerta.
O senhor entrou no mercado de trabalho logo após a graduação? Como tem sido sua trajetória profissional?
Em meu último ano de faculdade, participei de um projeto importante em uma refinaria da Petrobras, liderando um programa de restauração florestal em uma área onde ocorreu vazamento de óleo da refinaria. Nos primeiros anos de formado, trabalhei em empresas de consultoria de mercado, objetivando o desenvolvimento de projetos de marketing e inteligência de mercado para produtos veterinários, sementes, defensivos, máquinas e implementos agrícolas e florestais.
Em 2008 comecei a trabalhar na AES Sul, uma distribuidora de energia elétrica do Rio Grande do Sul, na função de Engenheiro de Meio Ambiente como responsável técnico, das Licenças Ambientais (LP, LI e LO) das linhas de Transmissão e Distribuição da Concessionária, bem como o treinamento de equipes de poda de árvores e a implantação do Sistema de Gestão ambiental (SGA) na empresa.
Em 2011 fui transferido para a AES Tietê (hoje AES Brasil), empresa geradora de energia elétrica, para trabalhar na gestão de contratos com empresas de restauração florestal e viveiro de mudas. Nesse período, pude atuar como Gerente de Projeto em um P&D Aneel (Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica), me especializei em Controle da Vegetação em Usinas Fotovoltaicas. Hoje, trabalho no atendimento a um Plano Básico Ambiental com comunidades Indígenas no Ceará, faço a gestão de contrato de arqueologia em atendimento ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e faço parte da equipe de remoção de plantas aquáticas (macrófitas) em reservatórios. Também atuo na gestão de projetos em diversos temas ambientais dentro da empresa, sempre buscando a melhoria contínua através de soluções tecnológicas.
Como é atuar nesse segmento neste momento em que é premente recuperar e preservar o meio ambiente?
Minha formação, desde a faculdade, foi direcionada para a restauração florestal. É ao mesmo tempo desafiador e gratificante! Desafiador, pois envolve muito conhecimento, dedicação, tempo e recurso. Gratificante porque os resultados são magníficos e por participar de um projeto que beneficia a natureza e a humanidade.
Quais as inovações da engenharia florestal nos últimos dez anos?
O desenvolvimento de novas tecnologias é fundamental para o crescimento da humanidade, em todas as áreas. Na restauração, foi possível observar inovações desde a produção de mudas nativas, como tubetes biodegradáveis, aprimoramentos com a fertirrigação e o uso de micorrizas (fungos que favorecem a absorção de nutrientes) em substrato. No campo, as técnicas de plantio e condução das mudas, novas opções de insumos e maquinário.
Qual o resultado do seu trabalho nas empresas e na sociedade?
Nos últimos dez anos, conseguimos restaurar aproximadamente 2.500 hectares de áreas nas margens dos reservatórios da empresa. Os benefícios resultantes desses projetos são imensuráveis, tanto para o meio ambiente como para a sociedade.
Qual o projeto de maior destaque do qual participou?
A restauração florestal das margens dos reservatórios das usinas hidrelétricas da AES Brasil, com destaque no APEX Plantio em Faixas, onde trouxemos melhorias em qualidade e eficiência com redução de custos em até 60% no processo.
Como observa o mercado de trabalho para esta engenharia no momento?
O mercado está aquecido seja na área ambiental (com manejo florestal), indústrias de papel e celulose (com silvicultura e exploração florestal) ou em empresas do setor madeireiro (com silvicultura e exploração florestal).
Poderia dar uma dica de aprimoramento profissional para engenheiros e engenheiras iniciantes?
No meu entendimento, a função principal de um engenheiro é trazer soluções com qualidade e eficiência. Hoje as empresas não buscam apenas profissionais qualificados, mas também os capazes em realizar muito bem a gestão de projetos. Cursos de pós-graduação, como mestrado, doutorado e MBA, entram nesse pacote, pois o aprimoramento e a diversificação do conhecimento melhoram ainda mais o seu currículo. Outro ponto importante é estar sempre atento às novas soluções tecnológicas, o mercado é muito dinâmico e quem não consegue acompanhar acaba ficando para trás. O domínio de uma segunda língua, de preferência o inglês, é tema básico nas grades curriculares.