Soraya Misleh/Comunicação SEESP
Em sessão realizada na sede do SEESP, na Capital, nesta terça-feira (7/11), foi instalada a Frente Parlamentar Municipal de Infraestrutura e Engenharia sob a presidência do vereador Eliseu Gabriel (PSB).
Além dele, que coordenou a sessão, estiveram presentes os vereadores André Santos (Republicanos), João Ananias (PT) e Jussara Basso (PSOL). Também compôs a mesa o presidente do SEESP, Murilo Pinheiro. A iniciativa atende a pleito do sindicato, como foi lembrado no ensejo.
“É uma honra para nós estarmos recebendo a abertura da Frente Parlamentar de Infraestrutura e Engenharia. Parabéns à Câmara. Essa discussão inclui saneamento, meio ambiente, transporte, energia e muitas outras questões de real importância para a cidade de São Paulo. Contem totalmente com o SEESP”, destacou Murilo.
Ele mencionou o apagão da última sexta-feira (3/11), que já durava cinco dias, como problema que mostra o despreparo da Capital. “A companhia de energia tem obrigação de realizar estudo. Quando era estatal, para passar energia, tinha que limpar a rede, fazer poda, manutenção, um trabalho imenso, que não foi feito agora. Na privatização demitiram trinta e tantos por cento dos empregados, enquanto a Enel dobrou o faturamento. É preciso responsabilizá-la”, detalhou.
Murilo observou que após a privatização no setor, a AES acabou por repassar a concessão para a Enel e criticou: “Como pode? Se não deu certo, tem que devolver para o Estado. A população está sofrendo, e muito.”
O presidente do SEESP foi categórico: “A Sabesp é a mesma coisa, vendê-la será ainda pior. Essa é uma responsabilidade da Prefeitura, se a cidade de São Paulo negar, não tem privatização. Essa discussão será muito importante para pensar em qualidade de vida, oportunidades, saúde.”
A voz dos vereadores
Eliseu Gabriel atestou e salientou: “A cidade se tornou essa potência por conta dos investimentos públicos em infraestrutura, gerando grandes oportunidades de trabalho. Isso parou de uns anos para cá, assim como o planejamento.” Caracterizando o apagão como indefensável, ele constatou, nesse bojo, a falta de inversões em manutenção, que deve ser preventiva. Na mesma direção, destacou o grave problema com o péssimo estado das calçadas, que tem resultado em queda fatal de idosos.
Também fez coro à crítica à proposta do governo paulista de privatização da Sabesp, apresentando o modelo negativo do Rio de Janeiro. Com sua companhia de saneamento, a Cedae, fatiada e desestatizada, informou, o aumento nas contas bateu 300% e a população chega a enfrentar semanas sem água. “Tem que ter investimento público e privado, mas com planejamento.”
André Santos, indicado como vice-presidente da Frente Parlamentar, destacou a importância da participação popular para “melhorar nossa intervenção [na Câmara Municipal de São Paulo] e a cidade”. E frisou: “Estamos aqui para dar apoio, por uma Frente Parlamentar atuante de onde possa surgir um relatório forte, saírem ideias e até projetos de lei para tornar nossa cidade e infraestrutura cada vez melhores.”
Também indicada como vice-presidente, Jussara Basso enfatizou a “iniciativa importantíssima”. Para ela, a Capital não está preparada enfrentar as mudanças climáticas, por exemplo não contando com “asfaltamento ecológico”, além de enfrentar outros problemas gigantescos de infraestrutura. “Precisamos tratar a cidade melhor e olhar iniciativas corretas, ecológicas, de urbanização para que se possa ter um futuro brilhante para nossos filhos”, concluiu.
O vereador Coronel Salles (PSD) e João Ananias são os secretários da Frente Parlamentar indicados na ocasião. O parlamentar petista lembrou o crescimento desordenado da Capital, com impactos gerais sobre a vida das pessoas, criticando o Plano Diretor aprovado recentemente como parte das ações que aprofundam esse quadro.
“É importante que a cidade cresça com qualidade e infraestrutura com pensamento futurístico”, frisou Ananias. Na sua ótica, a privatização do setor elétrico e o apagão com a tempestade que assolou a Capital na última sexta-feira (3/11) revelam as consequências da falta de estudos para embasar decisões. Por fim, colocou seu gabinete à disposição para a “construção de uma cidade mais justa, mais igualitária e mais inclusiva”. Após as falas dos parlamentares, Eliseu Gabriel declarou oficialmente instalada a Frente Parlamentar e efetuou a leitura do regimento interno.
Como secretário executivo foi indicado o assessor especial do SEESP, Carlos Hannickel. Ele concluiu: “O SEESP não trabalha somente no campo das reivindicações, mas como polo de debates e de construção da engenharia social e cidadã, comprometida com o objetivo técnico e em atender melhor a população. Para cada ponto a ser tocado pela Frente Parlamentar, temos aqui gente preparada.”
Ao final, dirigentes do SEESP e profissionais da categoria trouxeram suas contribuições e propostas à Frente Parlamentar. Entre os engenheiros, o ex-secretário de Estado dos Transportes, consultor nessa área e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Dario Rais Lopes, apresentou para o debate o projeto de mobilidade urbana aérea, no qual está envolvido, como "infraestrutura futura e que possa agregar valor".