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18/06/2024

Engenharia florestal para melhorar a vida nas cidades

Jéssica Silva – Comunicação SEESP

 

Responsável técnica pela vegetação em diversos parques de São Paulo, engenheira florestal fala sobre as oportunidades ao profissional nas cidades inteligentes, que têm sustentabilidade como importante pilar

 

 

As áreas verdes são fundamentais para qualidade de vida nas cidades, e na gestão e recuperação dessas áreas encontra-se um vasto campo de atuação para o Engenheiro Florestal. “A crescente urbanização e a demanda por ambientes mais sustentáveis e saudáveis abrem um leque de oportunidades para os profissionais da área”, afirma a engenheira Rose Pereira Muniz de Souza.

 

Formada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e mestre em Recursos Florestais, Souza é responsável técnica pela vegetação de importantes parques da capital paulista. E defende, o engenheiro florestal é indispensável para um modelo de cidade inteligente.

 

Em entrevista ao SEESP, ela compartilha momentos de destaque entre seus quase 20 anos de trabalho, como o projeto de plantio de mais de 300 hectares de espécies nativas em áreas de preservação e reserva legal. “A Engenharia Florestal não só me proporcionou uma carreira gratificante, mas também me deu as ferramentas para contribuir positivamente para a preservação do meio ambiente e para o uso sustentável dos recursos naturais”, ela frisa.

 

Confira:

Como chegou à Engenharia Florestal? O que a inspirou para seguir nessa profissão?

Desde pequena, sempre tive um grande interesse pela natureza e em especifico as plantas. Esse fascínio inicial foi alimentado pelas aulas de Botânica, que me despertavam uma curiosidade imensa e uma vontade constante de aprender mais sobre a função e a importância das plantas no nosso ecossistema. Quando chegou o momento de escolher um curso no vestibular, eu sabia que queria algo que me permitisse continuar explorando essa paixão. Foi assim que decidi cursar Engenharia Florestal. Durante o curso, minha paixão pela área só aumentou. Tive a oportunidade de estudar diversos aspectos das florestas, desde a ecologia e a conservação até a gestão sustentável dos recursos florestais. Além disso, participei de projetos de pesquisa e estágios que me permitiram utilizar na prática o conhecimento adquirido nas aulas.

 

Hoje, olhando para trás, vejo que minha trajetória foi guiada por uma combinação de curiosidade natural e dedicação aos estudos. A Engenharia Florestal não só me proporcionou uma carreira gratificante, mas também me deu as ferramentas para contribuir positivamente para a preservação do meio ambiente e para o uso sustentável dos recursos naturais.

 

 

RoseMuniz EngFlorestal Oportunidades2024A engenheira florestal Rose Pereira Muniz de Souza. Foto: Acervo pessoal

 

 

Logo que se formou já conseguiu trabalho na área? Como foi entrar no mercado de trabalho?

Durante a graduação, participei de diversos estágios que ampliaram meu conhecimento prático. Após me formar, realizei um trabalho de extensão com a universidade na adequação de propriedades rurais. Em seguida, ingressei no mestrado em Recursos Florestais na mesma instituição, o que marcou o início da minha trajetória profissional em parques. Meu trabalho de mestrado foi desenvolvido em um parque de proteção integral em Campos do Jordão, onde estudei a Araucária, uma espécie ameaçada. Depois, trabalhei coordenando projetos técnicos ambientais que incluíam cadastramento ambiental, laudos de vegetação e recuperação de áreas degradadas.

 

Obtive ampla experiência em projetos ESG (Environmental, Social, and Governance), destacando-se o estudo do ciclo de vida, due diligence [diligência prévia] socioambiental em projetos agroflorestais, relatórios técnicos sobre mudanças climáticas e contribuição para o Plano de Gestão de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. Além disso, realizei palestras de educação ambiental para funcionários de empresas parceiras.

 

Nos últimos cinco anos, tenho trabalhado nos maiores e mais importantes parques na cidade de São Paulo através de parcerias público-privadas (PPP). Atuo como gerente das áreas verdes e responsável técnica pelo setor de flora em parques concedidos à iniciativa privada. Minha experiência abrange gerenciamento de processos, acompanhamento financeiro, gestão de fornecedores, treinamentos, licenciamentos e interlocução com o poder concedente e recuperação dos ecossistemas florestais.

 

Qual projeto de destaque que já participou?

Fui responsável técnica pelo plantio de 330 hectares de espécies nativas em áreas de preservação e reserva legal de um grande grupo no interior de São Paulo. Um trabalho realizado de 2010 a 2018, que não só ajudou a recuperar a vegetação local, mas também proporcionou um habitat adequado para a fauna. Uma das maiores satisfações desse projeto foi observar a volta de diversas espécies de animais que encontraram abrigo e alimento nas áreas que foram restauradas. Ver a fauna retornando é uma das grandes realizações que já tive, pois isso indica que o ecossistema está se restabelecendo de maneira saudável.

 

Além dos benefícios ambientais, esse projeto também trouxe melhorias para a qualidade de vida das pessoas. Plantar árvores e cuidar da recuperação de áreas degradadas é algo que me deixa muito feliz e realizada, pois sei que estou contribuindo para um ambiente mais sustentável e saudável. Nesse mesmo sentido, atuei na gestão do monitoramento de 1 milhão de mudas plantadas pelo programa Click Árvore, da SOS Mata Atlântica.

 

Como seu trabalho contribui para um modelo de cidades inteligentes?

Contribui significativamente, especialmente em relação à sustentabilidade, que é um dos pilares fundamentais dessas cidades. Tenho buscado integrar soluções ambientais inovadoras e práticas sustentáveis que beneficiam tanto a ecologia urbana quanto a qualidade de vida dos cidadãos. Como responsável técnica pelo setor de flora em parques, trabalho diretamente na gestão e manutenção de áreas verdes urbanas. A preservação e ampliação desses espaços são essenciais para mitigar os efeitos das ilhas de calor, melhorar a qualidade do ar e oferecer áreas de lazer e bem-estar para a população.

 

Outra maneira específica de contribuição do engenheiro florestal é o trabalho de recuperação de ecossistemas, que favorecem a biodiversidade urbana e a resiliência ambiental. Também em projetos ESG, que ajudam a implementar práticas sustentáveis e responsáveis nas empresas e comunidades, promovendo a sustentabilidade em um nível mais amplo. O profissional pode ainda atuar em palestras de educação ambiental, como interlocutor de parcerias público-privadas voltadas ao desenvolvimento urbano, na criação de corredores verdes e a melhoria da infraestrutura verde. Em suma, o engenheiro florestal contribui para a criação e manutenção de ambientes urbanos mais sustentáveis, resilientes e agradáveis para se viver.

 

Podemos dizer que há um campo amplo de atuação para o Engenheiro Florestal nas cidades?

Sim, a crescente urbanização e a demanda por ambientes mais sustentáveis e saudáveis abrem um leque de oportunidades para profissionais dessa área. Engenheiros florestais são essenciais nesse processo. Os setores privado e público frequentemente necessitam de consultorias para garantir que seus projetos sejam sustentáveis e cumpram com as regulamentações ambientais. Os engenheiros oferecem expertise em avaliação de impacto ambiental, elaboração de laudos técnicos e desenvolvimento de estratégias de mitigação e compensação ambiental. Ainda, podemos atuar em programas de educação ambiental, ajudando a informar e engajar a comunidade sobre a importância da preservação ambiental e práticas sustentáveis.

 

Qual dica daria para o engenheiro florestal que está ingressando no mercado?

Aperfeiçoe suas habilidades técnicas em cursos complementares, workshops e treinamentos que possam expandir o conhecimento em áreas como geoprocessamento, manejo sustentável, legislações ambientais e novas tecnologias aplicadas ao setor florestal. A área ambiental e florestal está em constante evolução, com novas pesquisas, tecnologias e regulamentações surgindo regularmente. Leia publicações científicas, acompanhe notícias do setor e participe de associações profissionais para estar sempre informado sobre as tendências e inovações.

 

Vale destacar as importâncias em se desenvolver habilidades interpessoais, como comunicação, liderança e trabalho em equipe. Esses atributos são altamente valorizados no mercado de trabalho e podem fazer a diferença na sua capacidade de gerenciar projetos e equipes. Não espere que as oportunidades venham até você. Seja proativo em buscar projetos, identificar problemas e propor soluções inovadoras. A capacidade de pensar criativamente e trazer novas ideias é altamente valorizada.

 

Construa e mantenha uma rede de contatos profissionais. Participe de eventos, seminários, conferências e feiras relacionadas ao meio ambiente e à engenharia florestal. O networking pode abrir portas. Procure estágios, trabalhos voluntários e projetos que lhe proporcionem experiência prática. A vivência no campo e a participação em projetos reais são extremamente valiosas e podem ser um diferencial na carreira.

 

Compreenda as especificidades do mercado em que você pretende atuar, incluindo as demandas ambientais, sociais e econômicas da região. Conhecer o contexto local pode ajudá-lo a oferecer soluções mais eficazes e relevantes. Entrar no mercado como engenheiro florestal pode ser desafiador, mas com dedicação, atualização constante e uma abordagem proativa, você pode construir uma carreira de sucesso e contribuir significativamente para a sustentabilidade e a conservação do meio ambiente.

 

 

 

 

 

 

 

 

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