logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

22/10/2024

O mundo de possibilidades do engenheiro agrimensor e cartógrafo

Jéssica Silva / Comunicação SEESP

 

Duas modalidades irmãs que contemplam semelhanças entre si, mas com diversas atividades específicas, e que somadas na formação acadêmica abrem caminhos a um amplo campo de atuação. É assim que se apresenta o mundo de possibilidades da Engenharia de Agrimensura e Cartográfica, graduação que desde a década de 1970, quando foi regulamentada, é oferecida também de forma conjunta.

 

Ter as duas vertentes de trabalho num único curso é um diferencial no mercado de trabalho. É o que conta Caio Henrique de Souza, 28 anos, um dos 857 engenheiros com essa formação no País, conforme registros do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

 

Formado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSuldeMinas), ele destaca que a profissão vai além dos serviços de topografia, principalmente com uso cada vez mais frequente de aplicativos de rotas, sistemas de informações geográficas e aerofotogrametria.

 

Sócio-proprietário da LC Engenharia, Arquitetura e Topografia, Souza atuou na reforma dos lagos artificiais no Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) da Petrobras, no Rio de Janeiro, e na construção de um novo centro integrado de controle da Refinaria Presidente Bernardes, na Baixada Santista – projeto de alta complexidade.

 

 

Caio Henrique de Souza eng agrimensura e cartógrafoO engenheiro agrimensor e cartógrafo, Caio Henrique de Souza. Foto: acervo pessoal

 

 

Em sua visão, a profissão é indispensável para o desenvolvimento de cidades inteligentes, que integram a eficiência dos serviços públicos com crescimento da economia, alinhado ao bem-estar das pessoas e da natureza. “Se os gestores municipais compreendessem plenamente a importância de investir em geotecnologia, o uso dos recursos públicos seria muito mais eficiente”, frisa o engenheiro.

 

Souza destaca: “A agrimensura e a cartografia precisam de mais profissionais dedicados e comprometidos a continuar na busca por inovações e tecnologias.” Confira na entrevista ao SEESP:

 

 

O que o fez ingressar no curso de Engenharia de Agrimensura e Cartográfica?

Sempre tive muito interesse nas áreas voltadas às disciplinas exatas, especialmente em Engenharia. Inicialmente, meu objetivo era cursar Engenharia Civil, mas, durante as pesquisas pré-vestibulares, conheci a Engenharia de Agrimensura e Cartográfica, um curso pouco conhecido de maneira geral. Na época, fui entender melhor sobre o curso e seu mercado de trabalho e alguns pontos me chamaram a atenção: a escassez de profissionais no mercado, a possibilidade de integração entre serviços internos de escritório e trabalhos de campo, o alto envolvimento com tecnologias e a baixa concorrência para ingressar. Com a decisão tomada sobre o curso, por meio do Sisu [Sistema de Seleção Unificada], iniciei minha graduação em Engenharia de Agrimensura e Cartográfica no ano de 2014, no IFSuldeMinas, em Inconfidentes (MG). O curso é bastante desafiador e exigiu uma dedicação enorme, mas, a cada semestre, eu me identificava mais e tinha a certeza de ter feito a escolha certa, formando-me após os cinco anos, em 2018.

 

Como foi a experiência na graduação de duas modalidades em um só curso? Quais foram os benefícios?

O curso de Engenharia de Agrimensura e Cartográfica é bem complexo, com muitas áreas de atuação e inovações. Muitas pessoas associam os profissionais da área apenas aos serviços de topografia; no entanto, o leque de possibilidades vai muito além. Vou citar alguns exemplos práticos, começando pela cartografia, que muita gente não sabe, mas está presente no dia a dia de quase todos através de aplicativos de rotas como Google Maps, Waze e outros similares. Todo o sistema de informações e dados geográficos nesses aplicativos é possível devido à presença de um engenheiro cartógrafo. Ainda, temos em alta os sistemas de informações geográficas como uma ferramenta inovadora para gestões públicas, através de cadastros com múltiplas finalidades dentro de uma plataforma intuitiva e visual para os usuários.

 

Outra possibilidade de atuação do engenheiro agrimensor e cartógrafo está nas técnicas de aerofotogrametria, que hoje aplicamos em nossos trabalhos do escritório, com o uso de drones, que permitem mapeamentos com tecnologias amplamente atuais, câmeras de alta precisão, com filtros especiais que podem ser utilizados no agronegócio e também no planejamento urbano. Paralelo à aerofotogrametria, temos atuações no sensoriamento remoto, que, por meio de imagens de satélites, permitem monitoramentos ambientais, processos logísticos e estudos viários (malhas de transportes).

 

Dentro de mais uma de nossas especialidades de atuação temos a agrimensura, que abrange as regularizações fundiárias de imóveis, desde levantamentos topográficos, georreferenciamento de imóveis rurais, projetos de loteamentos e obras civis (terraplanagem, drenagem, entre outras) de diferentes portes e complexidade.

 

Ter a formação em ambas as áreas representou um diferencial no mercado de trabalho?

Sem dúvida, a carência de profissionais na área já é um fator potencial. No entanto, sempre enfatizo a importância de um profissional da agrimensura e cartografia, pois é ele quem fornece a base para que todo projeto bem planejado seja iniciado. Esse fato permitiu que a LC expandisse e atuasse em projetos de outras disciplinas, onde hoje continuamos a atender o cliente desde o serviço preliminar até os projetos executivos das mais diversas áreas.

 

E como foi sua trajetória profissional?

Comecei a atuar na área antes mesmo de me formar. Em 2016, juntamente com meu irmão e sócio, Lucas, engenheiro civil, fundamos a LC Engenharia, Arquitetura e Topografia. Desde então, venho me aperfeiçoando e buscando evoluir a cada dia, trazendo inovações e a melhoria dos projetos que executamos.

 

Hoje sou responsável pelo setor comercial geral da LC, mas ainda sou bastante ativo dentro do setor técnico. A nossa equipe é composta por mais de 35 profissionais de diversas especialidades, com uma base forte na área de agrimensura, que se estende a outras áreas de atuação como arquitetura, estruturas, elétrica, hidráulica, entre outras, de maneira integrada, fornecendo soluções conjuntas ao cliente.

 

Qual projeto de destaque já participou?

Minha atuação dentro do Sistema Petrobras tem sido um dos maiores desafios da minha carreira, devido à complexidade técnica envolvida. Trabalhamos na construção de uma nova captação de água para abastecimento da unidade termoelétrica em Macaé (RJ), um projeto multidisciplinar no qual realizamos o levantamento topográfico, a batimetria e todo o projeto executivo, das estruturas metálicas, automações e hidráulica.

 

Também fomos responsáveis por todo o projeto para as reformas dos lagos artificiais no Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), na Ilha do Fundão (RJ), com mapeamentos topográficos, projetos estruturais e demais disciplinas, um projeto de grande impacto estético de uma das principais unidades de pesquisa da Petrobras. Ainda, conduzimos os projetos técnicos da construção do novo centro integrado de controle, o coração da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), de altíssima complexidade e variedade de disciplinas, com mapeamentos scanners e projetos executivos das redes de infraestrutura e civil.

 

Além disso, tenho desenvolvido projetos significativos de loteamentos e condomínios no sul de Minas Gerais e no interior de São Paulo. Um outro exemplo marcante foi o Cadastro Técnico Multifinalitário no município de Pedra Bela (SP), assim como os projetos topográficos e de terraplanagem nas pistas do Aeroporto de São José dos Campos. Destaco também o desenvolvimento do projeto do parque da Maior Tirolesa do Mundo, em Socorro (SP). E todos esses trabalhos contaram com a dedicação e o esforço de uma equipe de profissionais altamente qualificados da LC, cuja contribuição foi essencial para a excelência dos resultados.

 

De que forma sua profissão contribui para o desenvolvimento de cidades inteligentes?

É indiscutível que se os gestores municipais compreendessem plenamente a importância de investir em geotecnologia, o uso dos recursos públicos seria muito mais eficiente. Essa tecnologia permite atender de forma mais precisa às necessidades da população, ao mesmo tempo que promove maior controle e integração entre setores essenciais como saúde, educação e transporte. O Cadastro Técnico Multifinalitário, como o nome sugere, possui múltiplas finalidades. Ele integra dados geográficos e informações que proporcionam uma visão clara e abrangente sobre as demandas locais e os desafios enfrentados pelas comunidades. Essa abordagem visual facilita a compreensão dos problemas e melhora significativamente o planejamento urbano. Com uma melhor organização, é inevitável que tanto a economia quanto a qualidade de vida dos cidadãos sejam aprimoradas.

 

Qual sua dica para o engenheiro que está iniciando no mercado de trabalho?

A agrimensura e a cartografia precisam de mais profissionais dedicados e comprometidos a continuar na busca por inovações e tecnologias. É fundamental que esses profissionais busquem difundir a importância de ter uma base obtida pelos serviços do engenheiro agrimensor e cartógrafo, para que os próximos profissionais envolvidos possam desenvolver seus trabalhos de maneira mais simples e correta, evitando os erros e prejuízos absurdos que muitas vezes ocorrem por ignorarem o planejamento e não incluir o profissional adequado nas demandas iniciais. Portanto, foquem em fazer o básico bem feito, pois isso já é importantíssimo. Após isso, explorem todas as possibilidades que a área permite. 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lido 202 vezes
Gostou deste conteúdo? Compartilhe e comente:
Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda