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06/12/2010

Brasil e EUA trocam experiências sobre mobilidade

Como parte dos eventos preparatórios à 5ª Conferência Nacional das Cidades, a se realizar em novembro próximo, em Brasília, ocorreu em 11 de junho, na sede do SEESP, na Capital paulista, o Seminário Internacional Brasil-Estados Unidos sobre Transporte Público nas Regiões Metropolitanas. A iniciativa contou com a organização do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), do Senado Federal, da CDU (Comissão de Desenvolvimento Urbano) da Câmara dos Deputados, dos governos paulista e brasileiro, da Frente Nacional dos Prefeitos, da APA (American Planning Association), entre outros.

Membro da CDU, o deputado federal José de Filippi Jr. (PT-SP) explicitou à abertura o objetivo da troca de experiências entre Brasil e Estados Unidos motivada no evento: “Serve de lente de aumento para iluminar nossa realidade. O tema da mobilidade urbana exige olharmos seis, oito, dez anos para a frente. É um problema tão complexo e difícil que requer a cooperação de todos.” A referência final foi à necessidade de as diversas instâncias governamentais dialogarem em busca de soluções, o que foi corroborado por Edson Aparecido, secretário estadual de Desenvolvimento Metropolitano de São Paulo. Colega seu na comissão da Câmara, o parlamentar William Dib (PSDB-SP) enfatizou: “Há muito nas regiões metropolitanas o problema da mobilidade passou a ser o número um e será o grande tema da Conferência das Cidades deste ano.”

Como lembrou a senadora Marta Suplicy (PT-SP), nessas regiões (que já chegam a 41 em todo o País), residem mais de 100 milhões de brasileiros. A de São Paulo, com seus 39 municípios, é a décima mais rica, concentrando, conforme ela, mais de 12% do PIB nacional e acima de 60% das multinacionais. A despeito disso, o Estado como um todo vem perdendo investimentos, dado o alto custo do transporte. “Temos tido congestionamentos de até 300km. Temos que pensar em solução de massa, sistema inteligente de integração de diversos modais, planejamento metropolitano e  desenvolvimento descentralizado. Cinco milhões de pessoas moram na zona leste, tem que garantir emprego lá.” Além disso, na sua opinião, é preciso promover campanha de uso racional do transporte individual. “Dados da ANTP (Associação Nacional de Transporte Público) apontam que é possível retirar 30% dos automóveis da rua se se oferecer algo limpo, decente e com preço adequado. Se for preciso subsídio (para tanto), vamos fazer”, completou. Presidente da entidade citada pela senadora, Ailton Brasiliense foi categórico: “Não estamos condenados a viver daqui para pior. Temos os conceitos básicos para consertar o que erramos em 40, 50 anos. A solução tem que partir dos governos e da sociedade.” Para o presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, o caminho é a integração metropolitana. Também participaram da abertura do seminário os diretores de programas internacionais da APA, Jeff Soule, e de relações institucionais do CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), Claudio Mazzetti .

  

Los Angeles e Portland

 

A situação do transporte nas duas cidades dos Estados Unidos e as saídas buscadas para os problemas de mobilidade enfrentados foram apresentadas por Robin Blair, diretor executivo de ações estratégicas da Autoridade Metropolitana de Transportes de Los Angeles, Califórnia; Irving Taylor, vice-presidente da TranSystems Planejamento; e Gil Kelley, professor e pesquisador da Universidade Estadual de Portland, Oregon. O primeiro deles ponderou que sua região enfrenta os mesmos problemas que os encontrados em São Paulo. E revelou que, na busca de soluções, criou-se a autoridade de transporte metropolitano. Para os investimentos que passaram a ser feitos na construção e expansão de diversos modais, “o cidadão resolveu contribuir com impostos adicionais”. Uma das alternativas foi dotar Los Angeles de 3.400 ônibus expressos, seguindo modelo de Curitiba, Paraná. Além disso, ampliar a malha metroferroviária, ciclovias e faixas exclusivas para carros com número superior de pessoas, estimulando a carona solidária. Está ainda sendo instituído o pedágio urbano. “Vinte e dois milhões de pessoas vivem na Califórnia do Sul, sendo que cerca de 2 milhões utilizam o transporte público. Nosso objetivo é incluir mais 3 milhões no sistema, ao que precisamos de mais integração. Também precisamos incrementar a infraestrutura, para garantir empregos mais próximos. As viagens estão ficando mais longas”, contou Blair.

Com um décimo do tamanho de São Paulo, nas palavras de Kelley, a cidade de Portland também vem buscando a melhoria da mobilidade – tanto que para alguns especialistas presentes ao seminário seria referência nesse sentido nos Estados Unidos, em que a prioridade absoluta é ao transporte individual. Conforme o professor da universidade local, a saída foi integrar os planos de uso da terra e transporte. A partir daí, foi dada prioridade a rotas de pedestres e ciclovias, bem como ao desenvolvimento de novas linhas metroferroviárias e a aproximar o emprego da moradia. Também com o transporte sob comando de uma autoridade metropolitana, segundo Kelley, a cidade de Portland desde 1970 não constrói uma nova rodovia.

Além dos casos estadunidenses, durante o evento houve apresentações de iniciativas em âmbito nacional, por Renato Viegas, presidente da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano); Marcos Bicalho, da Odebrecht; e Oswaldo Lima Neto, professor do Departamento de Engenharia Civil da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Participaram ainda, como debatedores, Eduardo Vasconcelos, consultor da ANTP; Nadia Someck, professora da Universidade Mackenzie; Harold Bartlett, secretário executivo da Autoridade de Transportes do Estado de Maryland; e Vicente Trevas, assessor especial da Presidência da Caixa Econômica Federal.

  Soraya Misleh 
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