O aumento generalizado dos combustíveis vai gerar mais inflação e desajustar as contas do país. O governo tem feito a sua parte ao manter os preços dos combustíveis congelados, desde 2009. Que outro setor da economia faria isso, visando o interesse da sociedade?
Recentemente, o governo utilizou a CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) para aumentar o preço de alguns combustíveis sem o repasse aos consumidores.
Os petroleiros e a Petrobrás têm contribuído e muito para o Brasil chegar ao patamar de quinta economia no mundo. Mas a Petrobrás gasta apenas cerca de 3% do seu faturamento com salários e outros encargos, o que representa a metade do que gastam as suas concorrentes.
Somos os trabalhadores mais mal remunerados, se comparados os salários pagos por outras estatais brasileiras. Não por acaso estamos sempre perdendo bons funcionários para as concorrentes. Ainda assim, a Petrobrás está entre as maiores do setor petróleo.
A Petrobrás, além de financiar metade do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], descobriu o pré-sal, o que colocou o Brasil em posição privilegiada entre os maiores detentores de reservas petrolíferas no mundo. Além disso, nosso país é autossuficiente na produção de petróleo.
Não há, portanto, do ponto de vista do interesse do país e dos brasileiros, motivo para aumentar o preço dos combustíveis. O objetivo real escondido por trás dos lamentos veiculados na mídia é cobrar a conta da população e, com isso, melhorar os rendimentos dos acionistas.
Aliás, cerca de 40% das ações da Petrobrás estão em Wall Street. Seriam esses acionistas, os norte-americanos, que estariam desesperados? Estariam esses “pobres miseráveis” influenciando a grande mídia e setores da própria Petrobrás?
Os acionistas sabem que, a médio e longo prazos, ninguém vai perder com as ações da Petrobrás. Logo, o que pretendem é o lucro fácil. É preciso que a sociedade brasileira se manifeste, apoiando as ações do governo, ao não permitir o aumento para os combustíveis.
Cabe-nos denunciar essas manobras e colocar o dedo na ferida, revelando a quem interessa esse aumento.
* por Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ
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