No planeta habitam hoje 7 bilhões de pessoas. Vinte por cento dessa população consome 80% dos recursos naturais disponíveis e explorados na Terra. Cada habitante urbano gera 1kg de lixo por dia. Falta ou inexiste água potável em muitos. A geração de energia, insumo básico do desenvolvimento, demanda um grande volume de investimentos financeiros, o que a torna inacessível a muitos povos. A fome está presente no dia a dia de 2 bilhões de habitantes. O homem não tem assegurada habitação segura e confortável na maior parte do globo.
Nesse cenário, qual o papel da engenharia? É a construção de saídas que tragam soluções em benefício da população. No Brasil, a FNE, em 2006, apresentou o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”. Uma contribuição valiosa, que apontou quanto e em quais setores seria necessário investir. Em 2007, foi lançado o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), demonstrando o acerto dos nossos argumentos, entre os quais constava a necessidade de se formar mais engenheiros para operar o sistema estatal e produtivo. Teremos que suprir essa demanda com profissionais preparados para o enfrentamento dos novos desafios, ou seja capazes de gerar inovação tecnológica. E mais uma vez, somos vanguarda.
O Isitec (Instituto Superior de Inovação e Tecnologia), criado em São Paulo com apoio da FNE, traz essa ideia. Inova na grade curricular, na forma, no conteúdo e nas soluções dos problemas das empresas. Qualifica os engenheiros com cursos de pós-graduação e sinaliza que precisamos garantir a formação de pessoal apto às tarefas do desenvolvimento brasileiro – a exploração das reservas de petróleo no pré-sal, a sustentabilidade da Amazônia, a produção agropecuária, a realização das obras de infraestrutura.
No Acre, vivemos uma nova era. O governador Tião Viana quer trazer a indústria para se instalar no estado. Criou a ZPE (Zona de Processamento e Exportação) para a nova geografia política da região: integração estadual pelo asfaltamento da BR-364 e conclusão da estrada interoceânica que faz ligação aos portos do Pacífico. A construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio garante a produção de energia para o desenvolvimento da Amazônia.
Simultaneamente, o governo assinou com a FNE quatro grandes convênios que visam: estudos técnicos de viabilidade de uma barragem com regularização de vazão no Rio Acre, próximo a Rio Branco; regularização fundiária dos terrenos e edificações urbanas no estado; assessoria e acompanhamento do projeto Cidade do Povo; e, através do Isitec, cursos de pós-graduação aos engenheiros do quadro funcional do estado do Acre.
Além disso, estivemos com o novo reitor da Ufac (Universidade Federal do Acre), Minoro Kimpara, e propusemos um trabalho de parceria em cursos de mestrado e doutorado para a engenharia, programa de extensão aos universitários e realização de seminários de engenharia na academia para estudantes, professores e profissionais em geral.
A construção de uma nação soberana nos impõe ousar na dimensão dos nossos maiores sonhos.
* por Sebastião Fonseca é diretor Norte da FNE, presidente da ONG Engenheiros Solidários e do Senge Acre
Imprensa - SEESP
Artigo publicado no jornal "Engenheiro", da FNE, Edição 127, de dezembro de 2012