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17/01/2013

Doutores em tecnologia em Minas Gerais

EngenhariaMGdentroA valorização dos profissionais que responderam aos desafios do desenvolvimento tecnológico de equipamentos e processos de produção na indústria surpreendeu os departamentos de recursos humanos das empresas, já pressionados pela escassez de mão de obra qualificada. De montadores de construções prediais com estruturas em aço a engenheiros superespecializados, os trabalhadores que abraçam as inovações, se adaptam a rotinas muito diferentes e criam soluções para aproveitar todo o benefício das novas técnicas ganham prestígio e até o dobro da remuneração oferecida cinco anos atrás. É o caso dos engenheiros industriais, que fazem parte de um grupo de pelo menos 10 profissionais do setor e da construção civil que mais vivenciam as mudanças no dia a dia das fábricas.

O piso salarial na engenharia saiu de R$ 2,9 mil em 2007 para os atuais R$ 5,7 mil no estado, evolução que foi acompanhada, em percentuais menores, mas também significativos pelos auxiliares de produção hoje remunerados na faixa de R$ 1,3 mil, ante os R$ 950 anteriores, um acréscimo de 36,8%. Na construção, setor que tradicionalmente paga vencimentos baseados no salário mínimo, os trabalhadores que encararam os avanços da tecnologia também são recompensados: um montador de construções feitas com estruturas de aço recebe em média R$ 1,2 mil, mas pode levar até R$ 3 mil no fim do mês, se alcançar a produtividade oferecida pelos novos materiais.

Há 25 anos no ramo da engenharia, Júlio Cézar de Alvarenga Pires viveu um período de descoberta e proliferação de materiais que as empresas não esperavam. Atrás da especialização, se dedica diariamente à pesquisa, a cursos de qualificação e à adaptação desses novos itens às máquinas nas unidades fabris da Delp Engenharia, de Contagem, na Grande Belo Horizonte. "É preciso absorver os conhecimentos, buscar qualificação constantemente e ter a noção exata do valor dos materiais para a produção", afirma. O trabalho exigiu que Júlio Pires fosse além do currículo tradicional do curso de engenharia mecânica, já que o curso de engenharia de materiais só surgiu recentemente em BH.

Em comum, tanto a engenharia quanto as categorias profissionais do chamado chão de fábrica - soldadores, torneiros mecânicos e os auxiliares de produção - se valorizaram em razão da evolução da tecnologia e da bagagem técnica desses profissionais, observa Hegel Botinha, diretor comercial do grupo Selpe, especializado em recrutamento de pessoal. "A responsabilidade na indústria ficou maior, porque uma máquina computadorizada vale milhões de reais e qualquer erro pode paralisar a fábrica", diz.

O torneiro mecânico Leonardo Júnio da Silva, de 36 anos, não duvidaria disso. Com a experiência de trabalho no torno convencional, ele decidiu se qualificar no equipamento mais sofisticado, o chamado torno CNC, alimentado por comandos computadorizados e que tem como grande trunfo a aplicação em produções de grande escala, em lotes muito grandes de peças ou em operações muito específicas. "Se eu demoro uma hora para fazer uma peça na máquina convencional, consigo fazer 10 em um minuto no CNC. Quero ir além, futuramente esse conhecimento vai ser fundamental", afirma.

Mutação e aprendizado
A diferença na estrutura e na operação das máquinas é gigantesca e impõe não só a requalificação dos operadores, como também a capacitação deles para compreender o que a tecnologia pede, resume Edmar Alcântara, gerente de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Minas Gerais. Boa parte das profissões nas fábricas sofreram uma espécie de mutação e algumas delas desapareceram, como a dos técnicos de rede de dados, que usavam sistemas analógicos. A chegada dos sistemas computadorizados levou ao surgimento do desenvolvedor de software.

Mesmo com tantas modificações nas linhas de produção que tornaram o aprendizado uma rotina, a qualificação passou a ser um ponto nevrálgico, inclusive para quem vive do trabalho convencional. A construção civil, por exemplo, está abrindo frentes por causa das evoluções tecnológicas e precisa de trabalhadores que possam lidar com elas. Porém, persiste uma carência grande de gente que faça bem as tarefas tradicionais, alerta Aldo Giuntini de Magalhães, coordenador do curso intensivo de preparação de mão-de-obra industrial (Cipmoi), projeto de extensão vinculado à Escola de Engenharia da UFMG. "A demanda muitas vezes não é atendida nem mesmo para esses procedimentos. Por isso vemos cada vez mais cursos de qualificação sendo oferecidos por empresas e instituições", afirma.

Atrás da eficiência máxima
Além do reconhecimento traduzido em salários, os profissionais da indústria que acompanham o desenvolvimento tecnológico da produção se envolvem na busca de produtividade que as empresas perseguem para vencer seus concorrentes e criam um ambiente mais favorável à satisfação dos clientes. A tecnologia trouxe ainda benefícios como a operação mais segura das máquinas. Na construção, os cronogramas de execução de obras foram encurtados e diminuiu o fluxo de entrada e saída de materiais nos canteiros.

A transformação do trabalho dos operadores de guindastes é mostra importante disso, para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Luiz Fernando Pires. Esses profissionais trabalham, hoje, em cabines com ar-condicionado e manejam equipamentos hidráulicos, que demandam esforço físico menor e dão mais segurança ao operador. Há situações em que o equipamento pode ser operado do lado de fora por meio de joysticks. "Cada vez menos pessoas querem o trabalho mais artesanal, de pôr a mão na massa. É mais fácil encontrar quem esteja disposto a se qualificar para operar máquinas automatizadas e as empresas se encarregam dessa capacitação", afirma. A remuneração inicial do operador de guindastes automatizados está em torno de R$ 1,5 mil mensais.

No desenvolvimento dos materiais, da mesma forma, a tecnologia deu prioridade à resistência à corrosão e às conformações mais adequadas às exigências de preservação ambiental, destaca o diretor-executivo de Vendas da Usiminas, Ascanio Merrighi. A companhia pesquisa e desenvolve, há três décadas, aços estruturais de alta ressistência para a construção civil. "São soluções industrializadas, que demandam maior precisão construtiva e um gerenciamento diferente da obra, com impactos na redução no tempo de execução e das instalações do canteiro, além da do fluxo menor de entrada e saída de materiais", afirma.

Vinícius Charpinel, diretor da Permax, construtora que usa as estruturas em aço, diz que a maior agilidade no cumprimento dos cronogramas acertados com os clientes se refletiu não só nos salários dos trabalhadores. "Na prática, não foi só o salário que aumentou, mas a remuneração por produtividade", afirma.

 

Imprensa – SEESP
Notícia do jornal Estado de Minas – 17/01/2013



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