Um dos grandes desafios do crescimento é o da formação e capacitação de engenheiros. Passa pela criação de vagas, abertura de novas faculdades de qualidade. Mas, também, pela mudança do enfoque da formação do engenheiro.
O Seminário “Formação de Engenheiros no Brasil”, promovido pelo Brasilianas, trouxe informações relevantes sobre o momento.
Todo engenheiro necessita de uma sólida formação em algumas ciências exatas, da matemática à física. Tem que dispor do instrumental matemático necessário para identificar e resolver problemas.
Dada a base, há um movimento de mudar radicalmente a pedagogia do ensino, de maneira a aproximar a formação do engenheiro do mundo real.
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Conforme anotou Alessandre Fernandes Moreira, vice-diretor da Escola de Engenharia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), há muito poucos estudos pedagógicos sobre o ensino de engenharia. E isso em um mundo exposto a novos valores, exigindo uma multiplicidade de funções do engenheiro, como compromisso com o crescimento econômico, a responsabilidade social, a responsabilidade ambiental, os problemas do cotidiano.
Moreira defende currículos flexíveis e uma grande inserção de cadeiras de Pesquisa e Desenvolvimento, inovação e empreendedorismo, além das parcerias com o mercado de trabalho.
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Mas os grandes saltos estão ocorrendo nas chamadas universidades corporativas – ligadas a grandes empresas.
É o caso das Universidades Corporativas da Embraer e da Petrobras.
Segundo Mauro Kern, vice-presidente de Engenharia e Tecnologia da Embraer, em 2000 a empresa sentiu dificuldade em aumentar o quadro de engenheiros apenas a partir de contratações, dada a heterogeneidade dos cursos de engenharia.
Criou, então, um programa para formar engenheiros das diversas escolas de engenharia, para que já entrassem jogando.
O programa começou em 2001. De lá para cá, formou 1.200 engenheiros. O curso tem 50 candidatos por vaga, 3 mil candidatos para 60 vagas e é feito em parceria com o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica).
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O curso tem três fases. O fundamental, é de cinco meses. A especialização toma mais quatro meses, e é constituído dos cursos de eletrônica, mecânica aeronáutica, estrutura, software e manutenção.
Ao final desse período, cada aluno tem que fazer um projeto de avião, desde a fase de pesquisa de mercado até o projeto de avião, analisando desempenho, aerodinâmica, otimização do peso, arquitetura de sistemas, modelos de manufatura etc. Tudo isso devidamente trabalhado em um plano de negócios.
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Essa mesma metodologia é aplicada na Universidade Petrobras, conforme relatou o responsável José Alberto Buchab.
Todo o programa é focado no plano de negócios e nos objetivos da companhia.
Os programas de formação destinam-se aos profissionais que acabaram de entrar na empresa, e levam de 3 a 13 meses para 17 carreiras das 33 de nível superior da empresa.
Depois disso, aplica-se a educação continuada ao longo de toda sua carreira na empresa.
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Embraer e Petrobras concordam em um ponto relevante: a qualidade dos alunos de engenharia de hoje é infinitamente maior do que a das últimas décadas.
Imprensa – SEESP
Por Luis Nassif – em CartaCapital