“O aumento da escolaridade foi o principal fator de expansão da renda do trabalho”, afirmou o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE), Marcelo Neri, na divulgação, em 7 último, do Comunicado do Ipea nº 160 – Um retrato de duas décadas do mercado de trabalho brasileiro utilizando a PNAD. O presidente acrescentou, por outro lado, que há grande procura por trabalhadores com menos anos de estudo e citou o exemplo das empregadas domésticas e dos trabalhadores da construção civil.
“A PNAD 2012 mostrou que o rendimento médio real cresceu 6,3%, sendo que o Nordeste apresentou o maior aumento, de 8,7%”, informou o coordenador da área de trabalho e renda do Ipea, Gabriel Ulyssea, que também apresentou dados da pesquisa na coletiva. A taxa de desemprego voltou a cair e atingiu seu menor nível nos últimos 17 anos. Contudo, o ritmo de redução da desigualdade de rendimentos arrefeceu, abandonando a tendência observada em anos anteriores.
Mão de obra qualificada
A partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2012 (PNAD), o Comunicado constatou ainda que a oferta de mão de obra qualificada vem aumentando continuamente, especialmente na última década, e o custo relativo dessa mão de obra vem caindo, o que contraria a tese da escassez de trabalhadores com qualificação no Brasil.
Apesar de a indústria ter perdido espaço no total de ocupações a partir de 2008, os resultados mostram também que os números de trabalhadores formais no setor seguiram crescendo substancialmente. A redução no total de vagas na indústria ocorreu por causa da queda do emprego informal (sem carteira assinada). Além disso, a tendência de redução da participação da indústria no emprego tem sido mais intensa em países altamente desenvolvidos, tal como EUA e Alemanha. O Brasil tem hoje o mesmo percentual de emprego na indústria que a Alemanha (em torno de 21%) e maior que os EUA (15%).
“Esses dados trazem novas evidências para o debate e de certa forma relativizam a magnitude da desindustrialização no Brasil”, concluiu Ulyssea.
Fonte: Ipea