Agora que as centrais sindicais tomaram gosto pela estratégia de unidade na ação e colhem os frutos de suas vitórias é preciso rememorar o caminho percorrido.
As centrais, sem exceção, nasceram como agregações de algumas grandes e influentes entidades, quaisquer que tenham sido as motivações ideológicas e as oportunidades de suas criações. Essas características ao mesmo que delimitavam o campo de atuação das centrais e marcavam suas “especialidades” as afastavam na luta pela conquista de um lugar ao sol.
Com a resistência sindical ao neoliberalismo e seus ataques ao sindicalismo e aos direitos e conquistas dos trabalhadores e com a mudança para melhor da conjuntura econômica os fantasmas divisionistas foram sendo espancados ao mesmo tempo em que emergiam pautas unificadas, lutas unificadoras e avanços consideráveis. O pelotão sindical se reagrupou.
Exemplos poderosos deste processo foram as marchas à Brasília, os contatos com os poderes da República (sem cooptação ou subserviência) e a grande vitória do estabelecimento de uma política permanente de reajuste, com ganho real, do salário mínimo. Acrescente-se o reconhecimento do papel das centrais e a obtenção de recursos dos trabalhadores que pagam a contribuição sindical, com emprego que se formaliza.
Hoje, uma vez convencida da dinâmica unitária positiva, cada uma das centrais comporta-se como uma verdadeira entidade nacional – não apenas como somatório de suas entidades sindicais – e procura desenvolver políticas próprias de crescimento orgânico, de qualificação de seus dirigentes, de concentração em áreas de rápido desenvolvimento econômico ( o “arco” que percorre o nordeste, o norte e o centro-oeste brasileiros) com aplicação nacionalizada e racionalizada de seus recursos, geridos por suas direções nacionais.
O papel integrador nacional das direções das centrais é concomitante à unidade de ação entre elas, com uma plataforma comum avançada capaz de reforçar o que precisa de reforço e de se apoiar na dinâmica de luta de grandes categorias nacionais (como, por exemplo, os trabalhadores da construção pesada e os portuários).
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical do SEESP e da FNE