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21/01/2014

Artigo - A batalha da produtividade

Todos deveríamos estar convencidos de que a segunda grande batalha social na economia brasileira é a de fazer crescer a produtividade; vem após a luta pelo isolamento e derrota dos rentistas com a queda dos juros Selic.

Ambas são batalhas difíceis de serem vencidas, com os rentistas jogando duro em cada uma delas, mas há uma diferença essencial entre as duas: para os juros há uma condição binária – fazê-los cair a níveis civilizados mundialmente aceitos ou deixá-los subir como balões incendiários. Já para a produtividade não há um ippon, uma bala de prata, um golpe único que garanta o seu aumento. A coisa é difícil a começar pela complexidade e imprecisão do fenômeno.

Em geral, produtividade mede a capacidade de produzir mais e melhor com os mesmos recursos; refiro-me à produtividade global de todos os fatores produtivos e não só à produtividade do trabalho que é a destacada pela maioria dos economistas e pela mídia.

O conceito de produtividade (e sua medida) é tão nebuloso quanto uma escala de gostos ou um índice de felicidade. São números que podem ser manejados ideologicamente ao sabor de interesses divergentes.

No entanto, há, intuitivamente duas maneiras de fazer crescer a produtividade (em particular a produtividade do trabalho, mas, em geral, a produtividade global): apertar os cintos ou melhorar o desempenho.

Apertar os cintos quer dizer desemprego, arrocho salarial, maiores jornadas de trabalho, controle rentista do excedente social (subir os juros) e, em geral, mais exploração da força de trabalho e nenhuma inovação.

Melhorar o desempenho quer dizer garantir emprego e ganhos reais, manter a política do salário mínimo, diminuir as jornadas, combater a rotatividade, melhorar a educação básica e a qualificação dos trabalhadores, inovar e investir na produção para o mercado interno ampliado e para a exportação qualificada (com juros mais baixos).

Entre os dois caminhos a escolha para o movimento sindical é óbvia. Ele saberá, ao tomar o caminho correto, estabelecer as alianças de classe e políticas necessárias ao seu sucesso.

Em tempo: um instituto privado de análise e pesquisa norte-americano, Conference Board, informou que, no Brasil, a produtividade do trabalho subiu 0,8% em 2013 ( ver a edição do Valor Econômico de 15 de janeiro).



* por João Guilherme Vargas Neto, consultor sindical







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