Enquanto partidos, segmentos políticos, grande mídia e supostos analistas desenham um cenário nacional de desorientação e tentam passar a imagem de um país no abismo, o movimento sindical faz o inverso.
O sindicalismo, respeitando as próprias diferenças, mas se concentrando no princípio da unidade, vai no caminho oposto. As centrais se reúnem, debatem, divergem, mas, ao final, se articulam unitariamente.
Exemplo disso é o grande ato nacional, em 9 de abril, para o qual CUT, Força, UGT, Nova Central, CTB, CGTB e outras entidades já definiram forma e conteúdo. A manifestação programada reafirma as demandas classistas, marca seu caráter cívico e chama atenção para o aspecto pacífico, que é marca das lutas trabalhadoras brasileiras.
A diferença qualitativa entre a interpretação da realidade nacional por grupos (mídia, inclusive) de oposição e a postura articulada e unitária do movimento sindical tem explicações. Os primeiros expressam o País (quanto pior melhor) que eles gostariam de ver, pois combatem a atual hegemonia política; já a representação trabalhista expressa o País real vivido - onde o peso dos avanços não é contaminado pelo preconceito de classe, por erros (concretos) do governo ou desvios ideológicos.
O movimento sindical é um crítico atento da política econômica do governo (especialmente na questão dos juros, no alinhamento ao grande capital e quanto às benesses a multinacionais). E, dia 9, expressará, com força, essa divergência. Mas, ao contrário da pequena e grande burguesia radicalizada, o sindicalismo sabe que a melhora na vida do trabalhador depende de mais Estado, de mais políticas públicas, de mais democracia e de um ordenamento jurídico que reforce a cidadania.
Mesmo o protesto dos 20 mil do MST, quarta, em Brasília (com a radicalidade que é marca dos Sem Terra), em nenhum momento confrontou os fundamentos do Estado de Direito. Ao contrário, os manifestantes cobraram um governo mais progressista e políticas públicas favoráveis a um modelo agrícola centrado na propriedade familiar, livre do rolo compressor do agronegócio.
Por força da profissão, falo diversas vezes ao dia com sindicalistas de diferentes categorias profissionais e origens ideológicas. Todas as ações narradas, todas as providências - ainda que formais e administrativas - tomadas, todas as iniciativas políticas advindas dessas entidades mostram um caráter agregador e construtivo.
O sindicalismo, que apoiou Getúlio e Jango, que enfrentou a ditadura, que foi às ruas nas Diretas-Já, que combateu Collor de Mello, que repudiou o projeto neoliberal dos anos FHC, mostra, mais uma vez, coesão, clareza e indica o caminho dos avanços.
As lições do sindicalismo servem primeiro aos trabalhadores. Mas podem também orientar setores confusos da Nação.
* por João Franzin, jornalista da Agência Sindical